segunda-feira, 29 de março de 2010

canção de adeus.

"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem". Sempre quis cantar isso pra alguém. "Que você pega, esfrega, nega, mas não lava." Eu dei tantos passos largos fora de hora. Às vezes me vejo perdida em tanta coisa perdida que já fiz. Deu pra entender? Que seja. O que eu quero dizer é que eu preciso mesmo pensar demais. Porque se eu não penso, acabo me enrolando nas pontas dos nós que eu mesma faço. Assim fica melhor? Olha, meu coração é grande. Meu amor, ainda maior. Mas eu não sei até que ponto posso suportar tudo isso. Talvez seja o bastante. E pra você, é mesmo o bastante? Basta que eu seja assim? Não é justa a minha frieza. Não é justo o meu desapego. Não é justo que eu tenha você. Esqueça-se das migalhas. Queira mais. Sempre mais. Eu disse que queria cantar aquela música pra alguém. E sei que posso cantá-la pra você. Mas me permita certas modificações. Não me veja assim, como tatuagem. Eu não estou desenhada no seu corpo. Não há minha figura em sua alma. Então me pega, esfrega, nega. E me lava. 

quarta-feira, 24 de março de 2010

dor de amor.

Eu falo de amor a toda hora.
E assim também falo da dor.
Mas será possível,
Quando é que o amor
Não vai rimar com dor?
Mas será possível,
Pra se ter amor
Tem que existir dor?
Eu acho que não sei amar.
Ou sei.
Pra sentir a dor que sinto,
Eu devo mesmo é amar demais.
Mas, será possível?

segunda-feira, 22 de março de 2010

vibrante.

Eu vou dizer só uma vez
que é pra não enjoar.
Adoro vermelho.
Fio.
Pétala.
Planeta.
Cor.
Rosa.
Chá.
Dor.
Olho.
Liquidação.
Tendência.
Alerta.
Gol.
Veneno.
Morango.
Cartão.
Pare.
Barão.
Chapeuzinho.
Força.
Fogo.
Sol.
Paixão.
Preguiça.
Batom.
Tapete.
Maçã.
Timidez.
Japão.
Dedo de moça.
Sangue.
Você e eu.
Amor.

quarta-feira, 17 de março de 2010

arte vida.

A vida tem um sentido que os adultos conhecem. Essa é a mentira universal que todos somos obrigados a acreditar. A verdade é que eles, os adultos, são como crianças que nada entendem mas que insistem em bancar esse discurso que, pra mim, soa como um desses clichês consensuais. Não há o que compreender. Porque a vida é mesmo assim algo que não se explica. Nem os mais inteligentes podem saber o que vem por ai. As coisas acontecem, e acontecem, e tornam a acontecer. É um acontecimento incessante. Sem fim. A todo momento. Essa mania de achar que quanto mais cabelos brancos, mais sábio se é, ah, me poupe! Detesto essa falsa lucidez de maturidade! É preciso construir a própria identidade. Dia após dia. E as pessoas se esquecem disso. Elas se perdem em meio a reconstrução diária que é a vida. Elas se perdem a ponto de chegarem ao desespero de ir para frente de um espelho pra ensaiar a próxima mentira que irão contar. Porque as pessoas, principalmente essas que se acham maduras, têm que de alguma forma provar tudo pra todo mundo. Quando o ensaio acaba a platéia bate palma e pronto! Está lançada mais uma versão dos fatos. E acredite quem quiser. Ou quem for tolo para acreditar. Sinceramente? Não quero ser um adulto assim. Quero ser a criança que não fui. Pois a Arte é a vida, num outro ritmo.