quarta-feira, 25 de julho de 2012

desatino.

A loucura é um dom. Pessoas que vivem na insanidade sincera enxergam a vida como o caminho mais curto e, a morte, como o troféu da ilusória eternidade.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

seu retrato.

Meus olhos tiram fotografias. Parecem mesmo uma câmera. Com foco e zoom. A mais bela das fotos que eles já tiraram foi a de seu rosto sorrindo. E, como em uma máquina, ela, a foto, fica registrada aqui, dentro-da-minha-mente. É pecado, eu bem sei. Mas a gente não manda nos olhos, atenção, eu digo, pretensão de quem achar que manda no coração.

domingo, 22 de julho de 2012

juramento.

Será que tudo não passou de um sonho? Ou ela realmente existiu? Numa noite aparentemente normal, aparentemente fria, aparentemente propícia para tudo acontecer. As mãos deslizando sobre uma de minhas pernas, num ato quase que involuntário. O olhar firme e doce quando eram os lábios que queriam se encontrar. O abraço sincero e desesperado de forma a fazer o tempo parar por instantes. Não, não foi sonho. Eu realmente senti tudo aquilo. É real e forte. É o ar que eu respiro. São minhas mãos. São meus pés. É fogo. É o meu corpo inteiro. É minha alma. É saudade de ter você, antes mesmo de você chegar. Antes mesmo de você ir. Então fica? E, se for, volta? Eu tenho aguardado a sua chegada. Eu tenho guardado amor para te dar. Eu sou aparentemente normal. Aparentemente fria. Aparentemente propícia para fazer tudo acontecer. Mas, num ato quase que involuntário, meus olhos firmes e doces desejam os seus lábios sinceros e desesperados de forma a fazer o tempo parar por instantes. Não, não é sonho. Eu realmente posso dar-te tudo o que te falei. Só não me faça promessas. Não me diga que vai ficar para sempre. O sempre, para mim, é o minuto eterno que passo ao seu lado. É o ar que eu respiro. São minhas mãos e pés. É fogo e corpo inteiro e alma e saudade. Isso sim é para sempre. Eu tenho aguardado a sua chegada. Deixe-me te amar. Eu juro, juro que não posso ser perfeita, mas vou chegar ao mais próximo disso se você me levar contigo aonde quer que vá.  

sexta-feira, 20 de julho de 2012

sobre os amigos.

As lágrimas vão cair. Mas, hoje, será um choro de felicidade. É bonito lembrar de cada ombro que recebi nos momentos em que minha alma sofria. Meu coração doía. Ou, simplesmente, meus olhos se faziam cegos. É muito bonito saber que eles estavam lá. Meus amigos. Para guiar meus pés, quando estes não sabiam qual direção tomar. Para refrescar meus pensamentos, quando estes só tentavam remeter-me ao mal. Para tocar minhas mãos, quando estas não se esquentavam em pleno verão. Hoje eu digo, - obrigada. A todos aqueles que eu chamo de amigos. Amigos que estiveram comigo na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença, - parece discurso de casório, mas não. Talvez sim. Já que a amizade verdadeira sofre e sofre e sofre. Mas permanece. No mais belo dos casamentos. Desses em que o padre não precisa perguntar se existe alguém que é contra. Daqueles em que há mesmo a benção de Deus. Desses em que se diz um 'sim' sincero, repleto de amor. E que se é verdadeira a frase: até que a morte nos separe. Daqueles que, assim como a eternidade, se fazem infinitos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

fulgor.

Deixa a luz entrar, menina! Abre as cortinas! Chega de poço. Chega de sombras. O sol nasce todos os dias e você com essas janelas fechadas. Banhe-se. Perfume-se. E pronto! Venha brilhar. Sonhe alto. Mas cuidado para não alçar voo. O tombo quando se sobe demais é bem mais doloroso. E, cara! Essa menina para quem escrevo sou eu mesma! É preciso que eu fale a mim, que eu me arraste em lama para chegar a conclusão de que sim. Sim, sim. Ainda sou sua. E é você quem faz com que minhas janelas permaneçam fechadas. Que meus olhos só enxerguem os faróis que são os seus. Que meus lábios implorem pelo toque dos seus. Perdoe-me. Mas eu não consigo fingir. E se eu te dissesse que você ainda é o motor do meu peito, o sangue em minhas veias, os meus pés. Você acreditaria?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

vitalidade.


Ela passava bela. Vestido preto, sandálias de salto, olhos coloridos e uma boca que parecia a própria maçã, tanto que eu implorava pelo pecado. Fui até lá. Não pude deixar de reparar que ela também me comia com os olhos. Perguntei seu nome. ''Alice." "Ali se vê que a menina, Alice, está belíssima. Daqui também, talvez ainda mais." "O seu?" "Nina."

 O telefone toca: triiim, triiiim. 
- Alice? 
- Nina? 
- Sim, sim, sou eu. 
- Eu queria te dizer que quero muito me jogar no seu jogo.
- Não diga apenas. Aja!
- É, então você acha que eu não ajo?
- Sem dúvida.
- Então venha ao portão, estou aqui.
- Suicídio é coisa de gênio. 
- Quer dizer que eu não sou?
- Se é, okay. Mas se não, segue isso ai oh: sexualidade é pecado. Doença. Cadeira elétrica e morre!
- Me dê um beijo. 
- Quero tudo de você.

E assim elas se foram. Sem outro objetivo que não fosse o de ficarem perto uma da outra. Sem dinheiro. Sem coberta. Sem comida. Sem pretensão maior do que a de se sentirem em paz. Esqueceram-se de tudo. Mas se lembram de que o sangue também é parte da vida. E que ele corre nas veia. E veia entope. Daí vêm os tropeços. 

domingo, 15 de julho de 2012

indagação.

Lembro-me muito bem, parece que foi amanhã. Tenho memória fraca, mas um coração que não se esquece. Já que a vida quis assim, tudo bem. Ela só se esqueceu de ir mais fundo, para tirar do coração o que da memória já se foi há tempos. E eu pergunto: por quê?

quinta-feira, 12 de julho de 2012

expectativa.

É o fim da espera? Ou da esperança? E qual é a diferença entre elas, afinal. Esperança é a última que morre, enquanto que a espera é a última que chega. Vai entender o que eu quis dizer com isso. Só quem já viveu a esperança de um dia a espera chegar, conseguirá saber o por quê dos meus olhos ainda brilharem.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

mirar-me.

O gosto do beijo que todavia não provei não me sai da boca. São uma experiência incrível essas as cotidianas. Um gole de café ao acordar. O cigarro quando caem as estrelas.  O aquecer das mãos uma na outra para espantar o frio. O cão abanando o rabo quando o dono chega em casa. O sorriso bobo do amado quando vê que o companheiro o observava. O cheiro da natureza. O sabor da amizade sincera. Simples e abstrato. Assim como o beijo que todavia não provei, mas que não me sai da boca. Contemplo a espera. Contemplo seus lábios pintados de vermelho. Contemplo seu olhos. Contemplo como uma criança recitando um mantra infantil. E, quando me perco em meio a essa beleza toda, a essa infinidade de coisas que me fazem bem, começo a tomar consciência de mim mesma e digo, -sim, eu quero viver. É que agora eu reconheço que erro sim, porque a minha condição é de natureza humana.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

desaparição.

Vontade de sumir. E, ao mesmo tempo, me dá uma vontade de mudar de vida! Mas como? Será que eu pego carona à beira da estrada e corro esse Brasil inteiro? Ou será que eu fico e aguento tudo isso? Será? Será? Será? Até quando essas incertezas vão dominar a minha vida? Ah! Isso é enlouquecedor! Chega! Quero certeza. Não quero saber de interrogações ou reticências. Eu quero p-o-n-t-o f-i-n-a-l! Nem que para isso eu tenha que colocar esse ponto em mim mesma.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

espera.

Lá estava ela. Ontem, chorando. Hoje, esboçando um sorriso. Amanhã? Espero vê-la radiante. Até que chegue o fim. E o fim de quê? Da noite? Do dia? A menina de olhos grandes. A menina de olhos sinceros. A menina que olha por baixo, desviando sempre o olhar, mas que pensa alto. Desculpe, meu bem. Mas não quero ver seus belos olhos chorando. Não! Quero ouvir seu sorriso branco. Quero sentir o cheiro da sua felicidade. Vem, me dê a mão. Eu não bebo. Eu paro de fumar. Você não está só. Vem, me dê a mão. Abraça-me forte. Eu olho para você e vejo lá na frente. O presente pede para que a gente se guarde. Aguarde. E eu sei esperar. Mesmo que esse dia nunca chegue. Mas se o presente me diz não, o meu coração enxerga que sim. O que impede? As sombras do seu passado? Ou as sombras do meu? Ah! Faz chover! A espera é mais triste, mas faz mais barulho do que o seu silêncio.