sexta-feira, 29 de novembro de 2013

carta de amor.


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Improviso. 
Conduta. 
Ai Jesus! 
Não vai aparecer a imagem? 
Sou eu, apenas eu! 
Apareça! 
Por que é tão difícil mostrar minha cara? 
Será que eu devo ir pra lá? 
Pro outro lado da moeda? 
Ou pro centro do meu universo? 
Pra onde corre o cão ao redor do próprio rabo? 
Eu não tenho desvios anormais, até creio que não existam. 
A condição é ter você. 
Com seus mimos, risos e pernas. 
É isso que falta? 
Você preenchendo minhas linhas, 
meus defeitos e gostos? 
Para que eu apareça nitidamente? 
Vem meu amor, enche-me de beijos, mata seus desejos, 
tire toda sua roupa, despir-me também irei, e pronto. 
E já que a minha não carrega sozinha, 
carrego comigo a sua foto,
e deixo a gente ser feliz.













isso é liberdade. 

o eu e o outro.

Começou assim: 'por quê eu vejo essas coisas?' 'ela me respondeu: 'não sei, por quê eu não vejo?" (...) Mistério. A vida é o louco mais louco que toda loucura já viu! Nem Chopin, nem Nietzsche  nem Marx, ou mesmo Getúlio Vargas e Maria, a Louca. O mistério é tão grande que os grandes, ou os que se enxergam assim, tentam decifrar o tal sem que tenham sucesso. Além de quererem saber como tudo começou, querem saber como termina. E vem ai os chamados 'loucos', os loucos que são loucos porque vivem em plena falta de lucidez, os normais é que são os diferentes! De que vale dizer que entendem, sem estarem realmente em condições de compreender qualquer pintura e ainda fingindo que aquilo os inspira? Essa mania de querer ter asas sem poder pisar no chão, o doce veneno da ilusão, o tempero amargo de uma flor e o cheiro de cigarro que impregna; mistério. Eu? Você? Por que precisamos de relações se nos subdividem em tantas partes. Cada pedaço irrompe no peito cansado de não entender e a mente cansada de não ser entendida. Diz-me, olha-me, diz-me a verdade logo de uma vez. Eu não quero ter que morrer pra entender a vida, nem passar a vida tentando entender a morte. Meu sangue vermelho derrama, eu não quero passar fome pra entender a vida, nem passar a vida vendo a fome que passa. Eu gosto dessa sensação de fingir que entendo um pouco de tudo, mas no fundo sabendo que tudo não passa de indecifrável e isso basta. Tem que bastar. Eu não me importo se vejo o que ninguém vê. Talvez seja virtude pra alguns que, se não vissem, ai sim, iriam enlouquecer. 

sábado, 23 de novembro de 2013

olhos.

Olhos amarelos que me assustaram ao ver aquela visão. Eram perspicazes como de um falcão. A presa era somente o resto da fumaça que restara do último cigarro. A presa era o ar. Antes, invisíveis, mas depois daquele momento em que estavam fixos, vendo-se somente a linha preta que restara das pupilas e o ínfimo movimento dos olhos permaneciam congelados naquela imagem da fumaça se esvaindo. Por segundos eu enxerguei que a minha visão era de gato, de águia, de falcão. Agora mais uma certeza me governa. A de que o vento existe e não é só sensação. Eu vi. Meus olhos são bons. Com os seus eu percebi que são. As tais coisas que poucos vêem, as tais coisas que eu vejo, eu entendi. Eu vejo no espelho, eu vejo pelas costas, eu vejo os inimigos, eu preciso salvar os outros, eu preciso. Eles não podem ver, eu vejo, eu vi o vento, entende-me? Eu estou aqui vendo pela culatra, ouvindo pelo lado oposto da minha mente. Troca de lado, é isso. Troca de mentes, mentes tão iguais às minhas, que eu as vejo. Eu não tenho mais medo. Eu quero ver, pra me lembrar de que eu nunca estou só.