quinta-feira, 29 de abril de 2010

socorro.

Eu não posso deixar que eles me levem. Deve ser muito perigoso por lá. Eu tenho medo. E não sei até quando vou poder evitar. Não deixe que me levem. É só o que peço. Não, não deixe. Ir pra sempre? Agora eu não posso e nem quero deixar. Me ajude. Deve ser muito perigoso por lá.

terça-feira, 27 de abril de 2010

nostalgia.

Mas que porra de saudade! Ah, como ela tinha mãos incríveis. Lindas mesmo. E os olhos. E o sorriso. E todo o seu corpo. Eu quero te dizer que não, não nos perdemos. Enquanto cada suspiro meu lembrar um gesto seu, você estará viva no meu peito. E tenho certeza de que eu também não morri ai, dentro desse seu coração. Se lembra de como nos amávamos? Éramos cúmplices. Éramos duas almas que se desejavam ardentemente. Nossa história foi linda. Imperfeita, como toda arte. Mas uma obra completa. Tela, tinta, pincel, moldura e verniz. Obra de cores vibrantes. Fazia vivo todo lugar por onde passávamos. E eu me lembro, com muita saudade, me lembro de quando ríamos sem motivo. De quando nos beijávamos em meio a rua vazia e escura de Belo Horizonte. Me lembro de como a cidade parecia magnífica ao seu lado. O mais pobre e sujo hotel ficava lindo quando estávamos juntos. A gente não dava importância a nada, se lembra? Tudo era motivo para festejos. Ah, 'madoninha', (era assim que costumávamos nos chamar), eu quero que saiba que nada vai mudar o meu sentimento por você. É um amor tão grande, tão sincero. Chega a me faltar espaço pra te colocar inteira em mim. E olha, eu te prometo, o tempo vai se encarregar de nos trazer de volta um para o outro. Porque o amor pode passar pela tempestade que for, mas volta. Volta a brilhar intensamente, bem como o sol.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

metalinguagem.

O que eu escrevo aqui não é um diário. Eu escrevo porque a minha vida depende disso. Eu preciso de um escape. Escrever me torna mais forte. Eu descarrego todo o lixo, todo o peso, o que há de bom e o que há de mau em mim. De hoje em diante eu não quero mais saber sobre o que acham dos meus escritos. Mas vou continuar desabafando meus anseios, sempre que puder. Quem gostar, leia. Quem não gostar, okay, não volte mais. Sou um eterno amante das letras. E com essas poucas eu fico. Na promessa de voltar. Logo, logo. É só esperar.  

sábado, 24 de abril de 2010

íntimo.

Onde é que você está, meu amor? Você pode me ouvir?  Eu não sei por onde te procurar. Andei por ruas escuras e cinzentas, em noites claras e frias, em dias negros e quentes e cadê? Cadê você? -H-e-y! Eu estou a-q-u-i! Te esperando. Escrevendo billhetes de amor em pétalas de rosas,  tudo pra você. E cadê? Cadê você que não me vem? Eu sinto seu cheiro. Mas o que eu quero é mais. A minha boca quer seu gosto. Minha pele quer seu toque. Meus ouvidos imploram por sua voz. Meu amor, vem pra cá. Não me faça esperar por mais. Eu quero poder sussurrar seu nome. Assim, bem baixinho. Sílaba por sílaba. Nota por nota. Eu quero cantar você. Quero ter a sua foto colada na minha parede. Quero ter seu corpo colado no meu. Eu quero fazer sexo. Me acabar de tanto amor. Mas que coisa, será onde você se esconde? Cadê você, meu amor? Eu quero me lambuzar no seu líquido. Fazer doce do seu sal. Ah, eu já não aguento mais viver sem você. Eu nem sei onde mora, nem sei como se chama, mas te quero. Te quero com toda a força que há no âmago do meu ser. Prometo guardar seus segredos, prometo te fazer dormir. Prometo te fazer sentir como a única desse mundo, prometo nunca partir. Mas cadê, cadê você, meu amor? Venha logo. Quero te fazer promessas. Te jurar amor. A solidão já é doída. Não consigo suportar. Quero algo novo, com início, meio e sem fim. Mas cadê? Cadê você, meu amor? Você pode me ouvir? Se sim, venha ao meu encontro. Eu não sei por onde te procurar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

remissão.

Se arrependimento matasse, eu estaria morta. Eu não queria fazê-la sofrer. Porque foi ela quem por inúmeras vezes segurou o meu sofrimento. Foi ela quem esteve ali, ao meu lado, sempre. Me lembro das vezes em que me sentia só, vazia, e lá estava ela. E hoje, depois de ver que os olhos dela me olhavam com um olhar de desapego, de desapontamento, ah, como eu queria voltar atrás. Eu teria retribuido seu cuidado, seu carinho, seu amor. Eu fui mais que infiel. Fui covarde. Não digo que do ato em si eu me arrependa, mas das minhas palavras. Como foram duras e insensíveis e desumanas. Eu só queria o seu perdão. E aqui o peço; perdoa, minha querida, minha querida amiga, perdoa. Eu só queria que os olhos dela pudessem se fixar aos meus com a mesma ternura de antes. Eu queria que ela não sofresse tanto por alguém que nunca a mereceu. E esse alguém, digo com tristeza, esse alguém sou eu.

domingo, 18 de abril de 2010

procura-se.

Eu espero.
Por você, que vai vestir meu corpo com sua pele.
Por você, que vai lamber meu sexo com sua boca.
Por você, que vai sentir meu gozo com seu prazer.
Que vai esfregar meu rosto em seu líquido.
Eu espero.
Por você, que ainda está para chegar.
Por você, que eu não conheço mas sinto existir.
Por você, que vai me fazer sentir viva outra vez.
Que vai me fazer amar.
Eu te espero.
Vem logo pra mim, vem?
Eu já não posso esperar.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

intenso.

O artista precisa de sofrimento pra produzir sua arte; e assim é o escritor ao produzir seus textos. Se não há dor, nada feito. Ai, ai, ai, pensei. Será que é desse jeito que temos que viver a vida? Será que é preciso ser pisado como o pão foi pelo diabo? Pois bem, eu estou sofrendo. Sentindo uma dor de ausência. Sentindo falta de um sorriso acanhado e tímido depois de um beijo. É uma angústia sem fim. E quando eu me angustio vou para o refúgio. E existe lugar mais mágico e cheio de possibilidades do que a literatura? Lida ou escrita ela me transforma em um ser pensante e heróico. Nela eu posso ser homem, mulher, criança ou idoso. Posso ser triste, feliz. Ou posso ser as duas coisas ao mesmo tempo. Na literatura eu posso sonhar! Basta que eu escreva algumas linhas e pronto! Lá está! Um horizonte, um castelo, uma ilha, posso fazer viagens pra qualquer lugar! Marte, Vênus, Lua e Sol.  Ah, como é bom ler! Como é bom sair da rotina de ser eu por um tempo pra me transformar em personagem. Dia após dia percorremos a vida como quem percorre um corredor. E a literatura nos permite passear pelo corredor da vida devagar, com detalhes, como apreciadores de um bom vinho. Não há como não se esquecer de tudo e de todos depois de se embriagar dela. Está lançado o desafio. Esqueça-se do mundo. Entre nos livros como quem vive um grande amor. De cabeça. E saia deles como quem sai na chuva. Banhado. Da cabeça aos pés.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

vácuo.

Hoje palavras não são o bastante. Eu poderia ficar horas aqui, escrevendo, sem conseguir dizer tudo o que sinto. É um vazio. E vazio a gente não consegue relatar. Porque o vazio é um nada que preenche. E eu estou repleta e cheia e recheada disso. Me sinto como um bolha de ar, prestes a ser estourada. Como a água em um vidro, prestes a ser derramada. Como um ovo oco e podre. Pois é, com essas poucas linhas que tentam mostrar a imensidão de nada que está em mim, eu fico. Só queria te dizer mais uma coisa: eu sei que meus lábios nunca mais sentirão tamanho zelo ao serem tocados. Porque só você sentiu por mim o que ninguém poderia. Se agora somos apenas o que não poderíamos ser uma pela outra, é uma pena. Só não me peça pra te esquecer. Eu respeito seu tempo, e sei que só ele, o tempo, o seu tempo, o nosso tempo, pode curar toda essa dor de perda. Porque o vazio que me vem agora, é o vazio de alguém que se foi para não mais voltar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

assinado eu.

Sinto falta do queimar que escorre depois de um gole e meio de conhaque. Me contento com o pouco do cigarro que ainda me resta. Gosto de me viciar. Ah, baby. Como eu me sinto sozinho. É que meu coração insiste em bater. Enquanto meus  pulsos imploram por um corte fatal. Ah, baby. Como eu queria beber você. Como eu queria sentir o gosto do meu gozo junto ao seu. Eu preciso sentir o cheiro de prazer satisfeito. Mas é que, sabe, baby, há muito eu me esqueci do que é isso. Meus olhos já  não brilham de tesão. Minhas mãos já   não  mergulham no seu buraco sujo e cheiroso, não sei desde quando. Ah, baby, como eu queria beber você. Me embriagar. Como se você fosse o meu conhaque. Um gole e meio pra  te escorrer em calor, de sabor salgado e doce. Eu queria ser seu cigarro, baby. Que você acende, fuma e suga e deixa as cinzas pra trás. Eu não quero me prender a você, é essa a minha condição. Preciso ter as asas abertas pra voar. Sempre. Porque eu não sou um pássaro que você prende na gaiola. Eu sou o outro, aquele que te escapa, um beija-flor, que só te procura quando tem sede. É baby, eu não nasci pra ficar preso. Eu quero poder ser exatamente como eu sou. E pra isso, pra isso eu preciso ser só. E eu já me acostumei com isso; já não pesa, nem dói. Ah, me falta ar baby. Com você eu não sei respirar.