terça-feira, 31 de janeiro de 2012

idiossincrasia.

Dizem que é ironia
Essa minha tal idiossincrasia
Não que seja covardia
Já que agora isso é maioria
Pelo menos em teoria.

sábado, 28 de janeiro de 2012

indecente.

Chovia naquela noite. A luz acabou. Estava um verdadeiro breu. O que iluminava o quarto era a força de um relâmpago. O que fazia barulho era a força de um trovão. Além, é claro, escutavam-se gemidos vindos dela. Naquela hora não havia pudor. Ela dizia palavras indecentes ao pé do meu ouvido. Aquilo me excitava tanto! E me deixava tremendo de tesão. Não fazíamos sexo. Era algo muito maior. Forte e afetuoso e sincero. Ela-me-deixava-completamente-louca. Não que eu seja sã, mas dessa vez eu surtara pelo calor do corpo dela. Minha boca bebia sedenta do veneno que vinha dos lábios e dos seios e das pernas e do que definia seu sexo. Eu estava realmente envolvida pelos seus beijos. Parecia mesmo um vício. Não que eu me queixe disso, mas dessa vez parecia que meu cérebro esquecera-se de tudo e só focava-se naquilo. Os lampejos daquela noite nos deixavam ainda mais exaltadas, à medida que, quando aconteciam, podíamos ver nossos corpos nus. Okay. Tudo muito bom. Mas o porvir guardava algo ainda melhor. Era tanta vontade de adentrar-me nela! Estávamos-agora-loucas-de-tanto-prazer. Eu não sabia o que realmente fazer, mas parece que meu instinto falou mais alto. Entrei. Tão logo vieram seus gemidos, baixinhos, já que tínhamos que nos conter. Sim, não estávamos sozinhas naquele quarto. Mas ai, pronto! Ela não se aguentou. Disse palavras com um ainda menor pudor. E gritou. Gemeu alto. Esqueceu-se de que havia gente naquela casa. Nesse-momento-ela-se-fez-minha-mulher-e-eu-a-sua. Hoje, amanhecemos. Sem nos esquecermos daquela noite. Não sei se posso chamá-la de perfeita, até porque a perfeição não existe. Mas se eu pudesse encontrar uma palavra pra descrever tudo aquilo seria isso mesmo: p-e-r-f-e-i-t-o. Faz sentido? Não! Mas é o que estou sentindo. Sinto que temos dias e noites e madrugadas inteiras para nos lambuzarmos de tanto prazer. Porque o sentimento cresce. A paixão arrebenta o coração. E o amor? Ah, o amor! Não tarda a chegar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

pessoas.

Existem três tipos de pessoas: aquelas que erram e continuam a cometer os mesmos erros. Aquelas que erram e aprendem com seus erros. E aquelas que não só aprendem com seus erros, mas também com os erros dos outros. Essas sim, conseguem ser sublimes. E, sendo sublimes, conseguem atingir o ponto máximo da vida: a danada da tal felicidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

empréstimo.

Empresta-me seu coração? Não, não estou pedindo pra que ele me ame, não é nada disso. Eu só quero cuidar um pouquinho dele. Fazer com que se acelere e depois bata bem devagar, sabe? Então, empresta-me? Prometo tratá-lo bem. Prometo não, juro! Quem sabe então assim, depois de emprestá-lo a mim, eu consiga fazer dele um coração apaixonado? Quem sabe depois de emprestar-me você veja que o tal empréstimo não é o bastante, mas sim a doação de milhares de sentimentos que ele é capaz de sentir? É, quem sabe. Então perca todo esse medo, não renega, se entrega e vem! Vem pra mim?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

simplesmente aconteceu.

Aconteceu, me pegou e pronto! Vou me entregar...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

vício vital.

Ela vem até mim. Bela. Esbelta, Lisbela. Eu me pergunto se mereço tanto. Seus olhos fixam-se nos meus e eu tento decifrar cada canto de seu pensamento. Ela diz que eu desvio o meu olhar. Mas, entenda, eu desvio o meu olhar quando acho o seu muito profundo, do tipo que consegue tocar até a minha alma com aquelas duas esferas ora verdes, ora azuis. Dai eu paro e penso. Será que ela está pensando o mesmo que eu? Será que ela vê que o que está surgindo é tão bonito quanto eu vejo? Ela diz que não quer que isso acabe. Eu? Também não. Quero que seja o mais simples possível. Sabe essas coisas pequenas que nos alegram tanto? Sim, é isso que tem que ser. Simples e intenso e muito especial. Aliás, é o que é. E, depois, com o tempo, o simples vai tornar-se ora vício, ora algo vital.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

diálogo.

- Sorria. Ela disse.
- Não me diga pra sorrir quando o que eu mais quero é chorar. Respondeu a outra.
- Então chore, chore muito.
- Você vai me dar seu colo?
- O colo, os ombros, a mão, o abraço, tudo o que quiser.
- Assim me sinto melhor.
- Mas diga-me, por que quer chorar?
- Choro pelo amor que aqui dentro morreu.
- Então o amor virou defunto?
- Sim, morreu e não volta mais.
- Ele renasce.
- Renasce?
- Sim, em outra forma.
- Mas não consigo achar.
- Olhe pros lados.
- Estou cega.
- Então olhe pra dentro de você.
- O amor voltou, tens razão.
- E que forma tem?
- Eu.
- Eu?
- Você.

sábado, 7 de janeiro de 2012

inundação.

Ela me pergunta o por quê de eu pensar tanto nela. Eu respondo: na verdade nem eu sei explicar... Só sei que meu pensamento se inunda de tanto querer-te por perto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

mudança.

Está na hora de trocar os olhos. Chega de poços negros e fundos. Quero agora os azuis. Da cor do mar. Está na hora de trocar os lábios. Chega de labirintos escuros e sem saída. Quero agora os vermelhos. Da cor do amor. Está na hora de trocar os cheiros. Chega de perfumes doces e secos. Quero agora os amadeirados. Da cor da terra. Está na hora de mudar tudo. Olhos, boca, beijos, cheiro, tato, amasso. O amor espera pelo chamado. Quanto ao meu? Está prestes a receber um nome.