Desvio
de luta,
quanta
conduta,
a
regra se fez,
por
quem se desfez,
a
sarjeta chegou,
a
polícia parou,
a
mulher não viu,
o
negro se despiu,
a
luz se foi embora,
e
em uma outra aurora
se
desenvolveu.
O
limite acordado
por
patrões com carro importado,
veio
o juiz,
a
ponte está por um triz,
e
a porta abriu
para
quem contraiu
à
regra, puta que pariu!
Foi
feita por quem?
Foi
escrita pra quem?
Descrita
por alguém?
O
espaço é sem margem
pra
quem é feito de imagem,
e
o estuprador tem sua lei,
o
homossexual não quer ser rei,
o
negro é igual ao branco, eu sei,
a
mulher que eu beijei.
E
a norma que tem forma
de
carrasco embriagado,
deixa-me
tonta, obrigada,
e
eu quero despir a farda,
quero
saber quem é dono da espada,
quero
saber quem é que fala,
o
que a gente cala.
O
desvio é desviado,
por
um pobre coitado
que
nem sabe ler.
E
aquele que sabe,
faz
charme,
suave
se resolve a sós,
como
quem desfaz os nós
que
a sociedade alinhou.
E
ainda chamam de louco
todo
e qualquer pouco,
estatisticamente
rotulado,
por
um postulado
de
colarinho branco
e
alma nada franca.
Se
a loucura acaba com a lucidez,
louca
quero ser,
para
compreender,
que
não é justo
seguir
conceitos,
pautados
em pré-conceitos,
orgulho
e falta de fé.
Caminho
com um pé
que
é pra deixar o outro cru
e
nu,
sem
sapato,
porque
a tão formosa lei,
desvia
a si própria,
com
um capital que gira
para
o pouco que acha muito
ser
normal.