terça-feira, 25 de novembro de 2014

diz que fui por aí.

Eu quero cantar como Nara costumava: 

"Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço... Em qualquer esquina eu paro, em qualquer botequim eu entro, se houver motivo é só mais um samba que eu faço." 

É viver realmente a vida. É deixar sentir as satisfações e dores e medos e anseios e desejos e tudo que se ergue lado a lado no espaço interior que fica no peito. Eu por um segundo perdi a palavra 'fica' do foco. No texto. Na minha contraditória estrada que leva a um lugar que eu não sei se existe. Se alguém já foi. E... Eu sinto que há muito muito muito pra se fazer. No que me faz ficar de pé. No que faz o mundo não desabar, tonto, de tanto dar voltas. Eu acredito que é possível ser o que se de fato é. E viver o que se de fato é a vida. Fazendo samba de tudo. Eu não quero me contentar e nem ter que me contentar com rótulos e preconceitos sociais. Eu estou farto. De tudo. Eu agradeço cada momento que vivi vivo viverei e espero que sejam muitos esses momentos nessa contraditória estrada que me leva e eu aceito a carona de seguir. Pra deixar sentir as satisfações e dores e medos e anseios e desejos e tudo que me fará realmente erguido no interior. Eu sinto que eu... eu ainda não sei onde é esse lugar. Se ele existe. Mas eu desejo que sim. Que isso também seja possível. Assim como a mudança que vem aos poucos e acelera e me vejo numa hora no fim dessa estrada chegar. E que a contradição seja plena. Seja sereno o refúgio do meu espírito. E de todos que aqui nesse imenso lugar que eu nem sei se existe estão. Eu respiro. Dou um trago. Bebo água na temperatura ambiente. E  o lugar é quente. A luz fluorescente. E o meu peito palpita em imaginar que essas coisas possam acontecer, as mudanças, no mundo, nas pessoas, no meu corpo. E o meu peito palpita em imaginar que esse lugar existe. Que talvez as pessoas sejam boas. E que os meus animais são muito mais inteligentes que eu. Eu fui a um Sarau e uma artista preta muito bela e desenvolta dizia a todos: "Vocês podem me ouvir?". O engraçado é que parecia querer saber se o tom de voz estava adequado. Mas o que ela queria saber é se as pessoas estavam entendendo o recado. "Vocês... podem me ouvir?" Ela repetia pra esclarecer que ela queria era ser entendida porque escutada ela já sabia que era. E eu, quando escrevo, sinto-me assim. Querendo deixar escancarada a catarse na poesia. Como aquela guria. E agora, em plágio declarado, eu pergunto: Vocês podem me ouvir? Eu sei que sim. E foi isso mesmo o que eu quis dizer. Vocês podem me ouvir. 

J.V.Kaisen

sábado, 22 de novembro de 2014

se eu peco é na vontade de ter.

Eu não ligo pro sentido. O silêncio da sentença se faz voz nos olhos. E são doces as minhas sentenças. Ora, amargas. Tudo depende do alento, do que se coloca, se é frase ou castigo. Pode ser letra, pode ser a minha vida. Ou a combinação de ambas. Como pode o silêncio dizer tanto? Não há nada aqui. E tanto dito. Tanto escutado. As lágrimas escondidas no rio que é o meu sangue. Vermelho. Que se apaixona e faz o máximo pra ser de esquerda. E pulsa. Na batida de uma malemolência pouco familiar. Que bonito. O que eu escuto. Sem que haja alguém aqui, -repito. E o que sinto. Ainda que só. O fio do novelo se move como a sua cintura. E o fundamental é que não sejamos nós a darmos os nós. Sentir não é pecado, nem minha crença, nem na sua. E o sentido disso tudo não faz o menor sentido. Mas todo sentido que o sentido precisa fazer. Minha cara se lava. Todo dia. O meu corpo muda. Todo dia. O caminho de casa é o mesmo. Todo dia. E todo dia, desde aquele dia, eu penso em como seria bom te encontrar pelos corredores. Ainda que haja dores, o sentido que me importa, o sentido que se sente, não me dói. E eu adoraria dormir com você hoje. Se eu te contar por onde andei... Sem mais.
J.V.Kaisen

alles.

Pra você há tanto
de mim 
e do mundo

Usufrui
dos meus desejos

Vai
fundo

Diz o que há
ai dentro
desse seu peito 

E me deixa usufruir
dos seus desejos

Vai
me deixa ir fundo

Ensina pra mim 
essas coisas
que você sabe

Deixa eu ver
se sei algo também
me conta

E quando o seu olhar
estiver novamente no meu

Vai
fundo

Entra 
em minhas íris

Entra 
em minhas canções

E mesmo que não seja nada
pode ser que nada 
tenha uma outra tradução

Vem falar a minha língua.

J.V.Kaisen

musical.

Eu não sei se ela gosta de samba
bossa ou 
rock and
roll.

Mas a música toca e a gente dança.

J.V.Kaisen

terça-feira, 18 de novembro de 2014

vai além.

Nunca vai ser tarde pra nós.
Porque não acaba aqui.
Nessa existência.
Que seja mortal 
nesta vida que é chama.
E eterno pelo infinito,
posto que lá moram as almas.
J.V.Kaisen

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

incêndio.

Eu posso traduzi-la 
neste momento
em que as palavras
calam-se
e falam os olhos
e olhares.

E o que eles dizem
é que há doçura
força
e uma fé na revolução
do íntimo
das ideias
das relações
da sociedade
das dores
das boas sensações.

Quando o carnaval chegar
talvez essa revolução aconteça
no íntimo
nas ideias
nas relações
na sociedade
nas dores
nas boas sensações.

Eu levo em conta o referencial.

O sol de fevereiro não tarda a brilhar.

Como nunca visto antes.

E eu espero o mesmo da revolução.


J.V.Kaisen

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

calor que provoca arrepio.

-E então, você vem?
-Está tudo no lugar?
-Você fala do espaço?
-É.
-Mas de qual deles?
-O de dentro.
-É? Qual dentro?
-O que só quem possui tem acesso.
-Você me confunde.
-E qual o motivo?
-Essa é a confusão.
-Agora quem se confundiu fui eu.
-Eu começo sempre com um indago.
-E eu respondo com outro.
-Mas, dai, eu teimo em interrogar...
-E eu respondo.
-Eu não sei de que dentro você fala.
-Exatamente o que te confunde.
-A confusão não era essa.
-Não? Pra mim, sim.
-Era sobre o motivo da confusão.
-Achei que fosse sobre organização.
-Mas de quê tipo?
-Do que fica dentro.
-Do que eu tenho acesso?
-Por que teima em perguntas?
-E por que me responde com outra?
-Só queria saber o que tanto quer saber.
-Eu também não sei o que de fato perguntar.
-Vamos elaborar?
-E como?
-E onde?
-E quando?
-Como tiver que ser...
na praia, nos corredores, nas camas...
Talvez agora, amanhã, talvez quando a chuva apagar o sol...
-Que delicado.
-Eu...
-Você vem?

 J.V.Kaisen

lado bruxuleante.

Eu preciso dar um tempo
e me desapegar do disfarce.
Meu ponto de vista é bem diferente 
não sei se de todos
mas da maioria que eu tenho conhecimento.
O clima não se decide.
Mas eu me decidi.
Calor.
Quero calor.
Quero sol.
Quero mar.
Quero ter de fato fevereiro.
Quero um esteio.
Quero me apaixonar
de novo
e outra vez.
Pela vida.
Pelos amigos.
Pela natureza.
Pela beleza do interior 
que eu tenho por dentro.
Eu quero me repensar.
Eu quero me reinventar.
Eu quero poder ser de fato eu.
Em nome.
Sobrenome.
Corpo.
A alma já é o que é.
E eu sei disso.
O clichê não funciona.
Vou chegar sem avisar 
no porto da minha vida.
E eu preciso dela.
E o clichê volta a não funcionar.
A solidão é necessária agora.
Assim como outrora já foi.
Eu aprendi muito.
Mas tenho sede do conhecimento
que está nas águas do mar.
Calor.
Eu quero o calor.
Eu quero arte.
Eu quero literatura.
A vela 
apagou 
acabou 
e eu acendi as luzes.
Das ideias.
Perdão.
Eu queria poder 
levar tudo na bagagem.
Mas já que não posso
levo o que aprendi
e vivi.
E é isso.
Vida!
Oi,
prazer.
Meu nome é...

J.V.Kaisen

terça-feira, 11 de novembro de 2014

instante quem sabe eterno.

O boné está na cabeça
as bermudas me mostram as cuecas
e eu só precisava do seu perfume
e eu só precisava ver você dormir
por esta noite
e quem sabe
por todas

O minuto é lento
e o vento não traz você de novo

...

J.V.Kaisen

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

disfarça.

E quando eu percebi
ela me olhava
com olhos brilhantes
e a face aberta
num sorriso.
E não vinha.
Mas não escondia.
Ela também queria.

J.V.Kaisen

dê lírios.

Li num muro:
Dê lírios.

Mandam-me dar lírios.
E eu penso no que soa.
Embala o tédio a insanidade.
E eu não sei se compro as tais flores.
Ou se tomo um remédio pra lucidez.

Daí resolvo que prefiro o verde e as flores.

Os lírios são delírios de paixão.

Os delírios são os lírios com que presenteia-se.

Pixei num outro muro os tais 'dê lírios'.
E com os meus eu sigo.
Na cabeça e nas mãos.

J.V.Kaisen

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

paixão fantasmagórica.

-Não sei o motivo 
 de eu ainda estar com essa blusa. 
-Deixe-me tirá-la. 
-Pensei em você.
 Nos seus olhos com rímel.
 No seu sorriso malicioso.
 E em você 
 despindo o que me esquenta.
 E em você
 me massageando as costas tensas.
-Sonhei com tudo isso exatamente aqui.
-E eu aqui.
 Exatamente.
 E você?
 Onde exatamente?
 Aqui?
 Você... tem asas?
 Eu preciso olhar é para cima?
 Ou acordar e depois sim dormir?
-Lados, lados, lados.
 Olhe para todos os lados.

Há apenas um simulacro.

J.V.Kaisen

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

sintática vida.

Definem tanto o amor.
Para mim, 'amor' é vocativo
direcionado à segunda pessoa do discurso. 
E ela me falta.
E eu lamento.
Esqueço-me do paraíso.
E duvido por instantes do que preenche.
E se faz vazio.
A noite cai.
E eu me construo
um sujeito indeterminado
na vida.
O compasso muda.
E o meu nome
não serve nem de aposto.

J.V.Kaisen

domingo, 2 de novembro de 2014

vem me abraçar.

Eu queria dizer que não sinto nada.
E que eu não te assumiria para o mundo.
Mas não digo, porque sinto.
E assumo.
E fico.
Vai, diz logo.
É que no fundo...



Eu estive e sempre estarei, aos teus pés.




J.V.Kaisen