terça-feira, 28 de dezembro de 2010

amor ou amizade.

Menina, estou confusa.
Me diga o que fazer.
Você mexe comigo.
E eu já não sei o que te dizer.
Menina, estou confusa.
Seus beijos me dão prazer.
Seus olhos me passam a paz.
Que eu nunca pensei em conhecer. 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

clã destinos.

Mais um dia se passou. E com ele nada de se passar o amor que arde aqui, dentro do meu peito. Eu tinha me encontrado antes de te perder. Ontem meu sorriso ainda era branco. Ontem eu era feliz. Mas eu não digo ontem como sendo o dia que antecedeu o hoje. Digo o ontem do passado. Dos meses e anos atrás. Era tão bom quando andávamos juntas pelos parques e praças da adorada Belo Horizonte. Era tão bom quando eu podia rir dos seus risos, chorar das suas lágrimas. Era bom quando éramos uma só pessoa no calor da noite. No frio da madrugada. Ah, meu amor, somente no dia em que o sol apagar a sua luz eu deixarei de te amar. Somente nesse dia, em que as estrelas não mais habitem o céu. Antes que isso aconteça, não, eu não vou me esquecer de você. Hoje meu sorriso é amarelo. Mas amanhã, eu tenho a certeza de que serei feliz ao seu lado. Não digo o amanhã como sendo o dia depois de hoje. Digo o amanhã do futuro. Dos meses e anos que ainda estão por vir. Amanhã seremos até o que nunca fomos. O destino dará conta disso. Amanhã o dia nascerá repleto de amor. Do nosso amor.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

pela amizade.

Eu estive pensando... Não há nada melhor do que se sentir bem diante às pessoas. E é assim que eu me sinto com eles. Os sorrisos, os pequenos gestos. Tudo muito especial. Quando estamos juntos, não existem horas, não existe o tempo. Só existimos nós e aquela velha história chamada amizade. Os amigos são amores que nunca se acabam. Pode passar um ano, dois ou dez. Nada muda, exceto pelo sentimento que só tende a aumentar. Eu queria agradecer a vocês: Luíza, Sofia, Carol, Júnior e Rafael. Agradecê-los por encherem meus dias de alegria. Preencherem meu tempo com muito carinho. Por vocês fazerem parte da minha vida. Eu desejo a vocês o que há de melhor. E desejo a nós mais dias como aquele, em que a sinceridade do sorriso transparece todo o amor recíproco. E que nada, nem a distância, nem o tempo, nada nos faça perder tantas outras experiências que ainda estão por vir.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

desejo ambicioso.

Hoje eu só quero que o dia termine bem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

quando te vi.

Foi como ver o mar pela primeira vez.  E ficar impressionada com toda aquela imensidão verde-azul. E beber da água pra ter certeza de que é mesmo salgada. Foi assim. Me impressionei com toda aquela imensidão vermelho-fogo. E bebi do doce líquido pra ter certeza de que era mesmo salgado. Eu acabara de ver, nada mais, nada menos, que o amor.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

súbito.

Fui gostando do sabor daquela coisa. Era o gosto da lágrima. Caiam rios delas pelo meu rosto. Me faz bem sentir dor. Dor latente que inebria o peito e corrói a alma. Essa dor tem nome. E é saudade. Saudade de um tempo que não foi. Saudade de amores que não vieram. Saudade de dores que não senti. Enquanto eu me embriago entre uma ilusão e outra, sinto uma vontade súbita de querer a morte. Morte igualmente súbita e dolorosa. Daquelas em que o coração não tem chance de continuar a bater. Não me peça pra ficar se o que eu mais quero é ir. Criei asas nos meus pés e hoje eu quero voar. Pra bem longe. Pra fora do mapa. É que a vida anda cheia de felicidades que eu não posso aproveitar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

quando você chegar.

Minha vida se inclina
Em meio às linhas
Que o destino
Traçou em minhas mãos.
 
Quando você chegar
Vai encontrar tudo azul
Aqui, onde a mania dos loucos
É muda.


Poeta que sou
Posso fingir que já não há dor
Aqui onde a poesia
Tem cor,
Vermelha.

Imploro ao vento que me leve daqui.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

espinho não machuca flor.

Eu não quero te magoar. Mas também não quero te perder. Eu não quero te fazer sofrer. E isso, meu amor, eu lhe juro. Mas eu fico pensando. Será que você não vai me fazer sofrer? Eu carrego o árduo fardo do seu passado. Você ainda não sabe mesmo se me quer. Nossos beijos me dizem que eu te quero. Te quero com toda a força. Do meu corpo. Da minha alma nua, pronta pra despir a sua. Sejamos flor e espinho. Atrelados. Unidos. Gêmeos. Sejamos dia e noite. Contrários. Amantes. Completos. Sejamos nós. E que nós seja sinônimo de amor. Porque de uma coisa eu tenho certeza. Dois é melhor que um.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

questão de vida.

O muro da vida é feito de vento.
Não é sólido.
Nem discreto.
Balança, balança.
Um dia cai.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

a voz do silêncio.

Às vezes eu me perco no som do meu próprio silêncio. Faço isso pra tentar escutar a voz que vem de dentro. A minha própria voz. É que me cansei de escutar só o que os outros dizem sobre mim ou sobre o que eu devo ou não fazer. Está na hora de reagir. Agir e meter a bola pra frente. E a minha voz me diz que estou no caminho certo. Só me falta saber que direção seguir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

eis a diferença.

Hoje eu acordei com uma vontade de fazer a diferença. Mas a vida não avança e eu não consigo começar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

puzzle inacabado.

E eu que sempre sonhei demais. Cada pedaço de mim era uma peça do meu quebra-cabeça. Por mais que eu tentasse encaixar uma ou outra, me faltava espaço. Não era ali ou aqui. Eram peças que não se encaixavam, por mais que eu as trocasse de lugar. Assim é a vida, bom, pelo menos é o que eu acho. A gente tenta encaixar os sentimentos uns nos outros, mas nos esquecemos de que não há amor sem que haja perdão. Não há sabedoria sem que haja entrega. Não há otimismo sem que haja uma questão. Não há paz sem que haja primeiro a guerra. A vida é mesmo assim. Há barreiras para serem ultrapassadas. Há dores para serem sentidas. E cada peça é fundamental para que o puzzle se complete. Eu digo agora, e digo em alto e claro tom! -Eu quero todas as peças! - Amizade, coragem, saber, amor, deleite, fome, preguiça, responsabilidade. Quero tudo o que há!  E apesar de sonhar com tudo isso, parece que sempre estão a me faltar peças, à medida que me reconstruo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ponto sem nó.

-E o limite? Onde fica o limite?
-O meu começa onde o seu termina.
-E onde é?
-Dentro do peito, meu caro.
-Onde dorme o coração?
-Onde pulsa o coração.
-Então... o limite é o amor?
-Não, meu caro. 
-Não entendo.
-Entenda; o amor é o limite.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

se eu soubesse.

Se eu soubesse que o amor é coisa curta teria te amado com um pouco mais de pressa. E, agora que todo aquele amor se acabou, um vazio toma conta de mim. Eu só queria alguém pra me dar rosas, bilhetes e bombons. Eu queria um amor. Daqueles avassaladores. Daqueles que completam a alma e esquentam o coração. Será que amar é assim tão difícil? Procuro por todos os lados mas não encontro ninguém que me complete. Se eu soubesse por onde procurar. Se eu soubesse seria tão mais feliz. Mas é que a felicidade resolveu fugir de mim; -parece depressivo, mas não. - É só um momento de fraqueza; um momento de difícil aceitação do meu próprio eu. Se eu soubesse me livrar de tudo isso. Mas eu não sei. Assim como eu não soube um dia te amar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

muita hora nessa calma.

Não olho pra trás. O passado está em seu devido lugar. No ontem. Hoje? O sol nasceu belo e quente. E, com muita hora, me levantei disposta a dizer sim. Assim, na calma, digo sim a tudo que me oferecerem. Quero paz pro meu espírito, dinheiro pro meu bolso, amor pro meu coração. Início e meio e fim. Romperam-se os laços antigos e venho numa saga difícil de se trilhar. A dor existe. O ódio, também. Mas as estrelas existem. E a canção, também. Não posso me esquecer do meu propósito. Ser prosa e poesia. Letra e melodia. Dia e noite. Penumbra e luz. Chega de sombras. Eu quero mais. Deixo você pra quem te quiser. Porque eu não quero mais. Nem que você se ofereça a mim eu direi sim. Não, você é uma ilusão. E pra ilusão eu digo não. Acordei disposta a isso. Com muita serenidade me embriago entre um cigarro e outro. Tenho o gosto do prazer nas minhas mãos trêmulas e cheias de calos. Tenho o gosto da fome entre uma lágrima e outra. Eu sou uma triste coisa desgraçada. E hoje, só por hoje, eu quero ficar só. Meu dia tem mais de vinte e quatro horas. E, durante essas muitas horas, eu quero calma. Eu vivo essa calma. E ela me faz bem. Assim como você me costumava fazer há tempos. Enquanto digo sim a tudo que me oferecem, aprendo a dizer não à vitória. O fracasso me excita muito mais. É como um arrepio. Perto da nuca, boca quente, sopro frio. Eu vou dizer sim ao seu conselho de manter a calma. E você, siga meu conselho de me deixar pra sempre. Para todo o sempre. Amém.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

a visita.

Eu hoje recebi uma visita pra lá de inesperada. Quando olhei pela sacada meus olhos não acreditaram no que estavam vendo. Ela estava lá. Linda, como sempre. Meu coração deu uma leve acelerada, bem menor do que naqueles tempos. No início eu não sabia o que fazer. Não entendia o motivo que a levara até lá. Afinal, eu pedi a ela pra que sumisse de vez. E o que ela fazia ali, na minha casa, dizendo que foi pra me ver? Okay, primeira etapa vencida. Agora era hora de enfrentar o mais difícil. Olhar nos olhos dela. Aqueles olhos que sempre me sugavam, me atraiam pra dentro. Pois bem, fui ao seu encontro. E, ah, caros leitores. Eu estou livre. Completamente livre daquele amor. Ela não mexeu comigo como eu achava que mexeria. Ela agora não passa de uma conhecida, é como um qualquer. Devo admitir que ainda estou confusa. Desde que ela foi embora não parei de pensar nela um segundo sequer. Mas me sinto aliviada. Aquela menina que antes ocupava um lugar de destaque na minha vida, é agora alguém que está em segundo plano. Daquelas coisas que se rolar rolou, sabe? Daquelas coisas que ah, tudo bem, se não for pra ser não vai ser. Ou se for, será. Mas sim, eu me sinto liberta, em partes. É como se tirassem um peso das minhas costas. E, talvez, o peso viesse dela. Ou do amor que eu sentia por ela. Mas um dia o amor acaba. O meu? Pode não ter acabado, embora seja tão menor. É que a gente se cansa de bater a cara na parede. Eu pelo menos me cansei. E, quanto a você, te digo: não venha voltar pra minha vida. Está tudo muito certo sem você. Sou alguém melhor do que fui naquele tempo em que eu te amava. E me perdoe a minha sinceridade, mas você é uma parte gostosa do meu passado. O meu futuro? Agora sei que será melhor sem você. É que, como eu te disse, te amo menos do que te amei. E pouco amor não leva à nada.  Seus olhos não me sugaram como de costume. Na verdade eu não me atrevi a olhar dentro deles. Talvez por medo de que eles me levassem pra dentro. Talvez por medo de sentir de novo um sentimento que eu já não quero sentir. Rezo por uma dose de calma. Daquelas em que se é preciso ter alma.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

falta de você.

Me sinto como um labirinto à beira do abismo. Se eu errar, um passo ou dois, caio fundo nesta fenda escura e fria. Todo esse sentimento de angústia vem pela sua falta. Não me adianta ficar com outras pessoas querendo a você. Não adianta. Eu quero você. E sei que o tempo vai se encarregar de nos juntar. A maneira como fomos separadas não foi justa. Nem pra mim, nem pra você. Nem pra nós. E agora que sei que a saída desse labirinto é a porta que entra na sua vida, sei que a gente vai se acertar. Ainda e sempre.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

letras.

O dom da palavra é mesmo incrível. Não sei se vocês concordam comigo, mas sempre achei isso sensacional. Imagine só, as palavras estão ai pra todo mundo. São as mesmas e que, no entanto, na cabeça de cada um, formam frases diferentes que dificilmente voltam a se repetir. Não é maravilhoso? As letras me fascinam.  Sou uma eterna escrava delas. Quando eu escrevo eu consigo me aliviar. Hoje eu descobri que não há nada melhor do que a literatura. Lida ela nos leva a lugares inimagináveis. Escrita ela traz consigo esses tais lugares. Dizem por ai que é na queda que se abrem as asas. Eu precisei tomar um tombo muito alto pra descobrir isso. E foram elas, as letras, que me ajudaram a superar todo o mal. Foi na literatura que eu me descobri. Foi nela em que eu pude mergulhar de cabeça num mundo mágico e diferente do real. É que às vezes é preciso sair da realidade pra gente se encontrar. Eu rezo para que o irreal me mostre meu caminho. E, quando ele me mostrar, eu vou querer estar bem forte pra poder trilhar.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

amar é.

Eu sinto o gosto quente do gozo.
E sinto o gosto frio da dor. 
Ai eu penso:
o amor o que é?
Fico sem resposta e penso,
a maré nada.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

claridade.

Me sinto tão vazia. Meu corpo está inundado em sentimentos vazios. Sentimentos esses que cismam em não preencher. Será que eu fui clara? Eu preciso me preencher de amor ou de dor. De algo que for. Mas assim, vazia, não dá pra continuar. A única coisa que me enche, digo, que me preenche, é uma raiva que meia-volta volta a me atormentar. É uma raiva de mim mesma. Por eu não ter feito tanta coisa que eu queria fazer. Como dizer pra você, cara a cara, mano a mano, eu te amo. Será que eu fui clara? Eu te amo. Você pode entender isso? Mas não era disso que eu falava. Falava da raiva que sinto de mim mesma por não ter feito tanta coisa que eu queria fazer. Como dizer pra um amigo, hei, estou aqui, pro que precisar. Te darei ombros, alma e coração. Ou como não ter visto o sol se pôr, vê-lo nascer eu também não vi, mas enfim, isso é só um exemplo diante às infinitas coisas que eu não fiz. Diante do que eu quis ser e nunca fui. Será que eu fui clara? Mas voltando pra você, meu amor, eu não posso deixar de dizer do sentimento que sinto, sinto mas, ainda assim, esvazia. Eu sinto raiva de mim mesma por te amar demais. Por te pedir muito pouco e dar-me por contente. Eu só queria um abraço, daqueles que um dia nos demos. Queria um beijo. Mesmo que aquela antiga grade atrapalhasse o tocar dos nossos lábios. Eu queria que você tocasse meu rosto, me fizesse um carinho, e me chamasse de bem. É pedir muito? Eu queria que você soubesse que todo esse vazio que sinto foi você quem me deixou. Você foi me tirando os espaços e agora eu não quero mais viver sem o seu olhar. Eu quero que você me queira. Quero que me diga palavras de conforto quando eu precisar, (como agora, preciso mais que nunca). Enfim, eu quero que você encha, digo, preencha, esse meu coração vazio de amor. Quero curar todo esse desespero que sinto em não ter você por perto. Quero parar de enganar a mim mesma dizendo que tudo mudou. Mas a realidade é que eu só me encontro se me perco em meio ao seu corpo. Estou farta de me sentir vazia. De me sentir repleta de sentimentos que cismam em não preencher. Eu só preciso de você. Será que eu fui clara? 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

espera.

Meus olhos silenciam na espera de alguém que não vem. De alguém que teima em não chegar. Por onde andará? Será que mais perto do que eu imagino? Ou será que ainda não cruzou o meu caminho? Eu espero, desespero e torno a esperar. Um dia ele vem. Só espero que essa espera esteja prestes a acabar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

história triste.

-Eu não sei pra onde vou, sei menos ainda o porquê de estar aqui, ela disse. 
E eu respondi, -estás aqui porque me amas.

Ela me beijou com um beijo quente e úmido e terno e cheio de amor. (Mal eu sabia que seria aquele o último).

-Enxugue meu pranto, meu bem. (Agora era eu dizendo).
-Finja que choras de alegria.
-Mas eu choro pelo que me faz sofrer.
-Então choras por mim?
-E como sabes?
-Eu simplesmente sei.
-Simplesmente sabes?
-É, simplesmente sei.

Deixei a cama ainda quente, inflamada pelo sexo que acabaramos de fazer. Ela levantou-se me pedindo calma. Agora eu profanava palavras tristes, seguidas de soluços e lágrimas. Nesse momento eu era muito corpo e pouca alma. Eu era só saudade de um tempo bom. E a saudade, o que é?

Já passava das três da manhã. Acabei adormecendo. E, quando acordei, havia uma rosa vermelha e um bilhete. Era dela e dizia:  ''Aqui te deixo, meu amor. Já não posso suportar viver ao seu lado.''

Eu lia aquela linha como quem lê a um texto melancólico, era assim que eu me sentia, tomado de dor e melancolia. Ela me deixou. E eu não podia acreditar nisso. Parece que ela simplesmente sabia que diria adeus. Sabia ainda mais: que eu choraria por ela. E agora sei que, pra onde quer que eu vá, irei sozinha.  Meu amor era tanto, mas no entanto, agora era hora de dizer adeus. Fui então fazer o que meu coração me mandava. Peguei a rosa vermelha que ela me deixara, peguei e retirei pétala por pétala, dizendo palavras como bem-me-quer, mal-me-quer. E adivinhe? A última pétala me dizia bem-me-quer. Me enchi novamente de esperança, acreditando que poderia tê-la de volta. Peguei um pedaço de papel e escrevi um bilhete que dizia: ''Vou ao seu encontro, meu amor. Já não posso suportar viver sem você."  Enquanto eu escrevia pensava: ''Há tantos para que deixe, vais deixar logo a mim? Eu que te dei todo o meu amor, meu amor." 

Toda essa história aconteceu há muito. Mas, ainda hoje, eu busco em cada lugar onde eu vá pelos seus olhos. Busco por ver-te novamente. Quero poder cantar as músicas que eu fiz pra você. Meu violão implora pela sua presença. Sem você eu sou letra sem melodia. Sou trevas sem luz. Sou céu sem sol. Sou eu sem ser. E se você puder lembrar dos nossos dias de poesia, volta. Volta que continuo aqui a te esperar. 

Enquanto isso a solidão me corrói. Aos poucos vou morrendo. É, esse negócio de saudade não é pra mim. Se você puder chegar mais perto aqui desse meu coração, ah se você puder. Mas venha logo. O amor não pode mais esperar.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

do céu ao inferno.

Comprei uma passagem direto para o céu. É que eu queria ver de cima o que já me deixou nessa vida. De lá pude ver meu velho amor caminhando de mãos e braços dados com um outro bem. Pude ver a sombra de seus pés descalços juntos a uma cerejeira qualquer. Ai pensei: - poxa vida, mas o que ela tem de tão fascinante? Sua pele morena, seus cabelos longos e lisos, seus olhos feito duas jaboticabas. (Isso era eu respondendo à minha pergunta).  De lá de cima eu te via risonha, parecia até feliz, mesmo que sem mim. Enquanto eu não passava de um pobre coração amordaçado e triste por não saber nada sobre você. Pois bem, eu me feri com seu silêncio. Dai resolvi comprar uma passagem, só de ida, para o inferno. É que de lá eu não posso ver o que já me deixou nessa vida. De lá eu me faço cego, mudo e surdo. De lá não posso ver, ouvir ou falar. No inferno eu me queimo. E queima comigo toda a minha ferida. De lá talvez eu esqueça do seu ser tão fascinante. Talvez eu me esqueça da sua pele morena, dos seus cabelos longos e lisos, dos seus olhos feito duas jaboticabas. (Isso sou eu tentando aliviar minha angústia). De lá de baixo eu não saberia se você ri ou chora. Se está triste ou feliz. E, sabe, é melhor assim. Te ver é doloroso demais.

.

Porque tudo o que eu quis partiu. Tudo o que eu quis também se foi. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

todos os erros do mundo.

Sou soberba quando penso que sou maior que alguém. 
Sou avareza quando não quero perder o que ainda nem conquistei.
Sou luxúria quando espero ter seu sexo grudado ao meu. 
Sou inveja quando te desejo roubar de seu novo bem. 
Sou ira quando me lembro do vazio que me há de você . 
Sou gula quando engulo a dor que é viver.
Sou preguiça quando tento me esquecer do meu amor. 

 .

Agora é tarde. E o que não me falta é tempo (e vontade) de errar.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

declaração.

I.

Declarei amor à guerra.
Também aos fracos e homens bons.
Sei que outros corações ardem,
assim como o meu sem o seu amor.


II.

Declarei amor ao tempo.
Também aos cacos e foras da lei.
Sei que outros corações ardem,
assim como o meu sem o seu calor.


III.

Declarei amor à arte.
Também aos mortos e sem direção.
Sei que outros corações ardem,
assim como o meu sem a sua cor.


IV.

Declarei amor à vida.
Também ao poeta e compositor.
Sei que outros corações ardem,
assim como o meu sem o seu amor.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

tão momentâneamente importante.

Veja você,
a gente só queria o amor.
É tão difícil,
onde foi que tudo foi acabar?
Já não vejo motivo,
onde foi que tudo foi parar?
Veja você,
a gente só queria o amor.
A gente só queria amar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

desejo sem fim.

Os olhos seus estavam especialmente encantadores naquela noite. Delineados por um lápis preto, de forma marcante. Eram fixos em minha boca, me deixando louca por querer beijá-la. Ah menina, se você soubesse o quanto a sua dança me deixou inebriada. Fiquei tonta só de te olhar. Você parecia estar em um palco -e a espectadora era eu. Te vendo ali, sem poder tocar-te, me doeu tanto. E, quando a nossa música tocou, a vontade que me veio foi a de te tomar em meus braços. Bem como aquela poesia fazia comigo. Eu me senti totalmente preenchida de amor quando te vi entrar. Meus batimentos se aceleraram naquele momento bom. Eu estou farta de ficar longe desse amor. Meu coração está doente e a culpa é sua. É sua porque eu não deixei que você se fosse assim. Eu só queria você por perto, durante as vinte e quatro horas do meu dia. Queria te deitar por cima do meu corpo como um cobertor. Eu queria te amar como ninguém mais pôde fazer. Ficar sem você é como ser refém de mim mesma. E eu lhe juro, esse amor ainda vai ser amor. Vai ser prosa, poesia, letra e música. Vai cantar pelos quatro cantos do mundo.  Porque algo tão forte não pode morrer assim, sem ter de fato acontecido. E é esse meu desejo sem fim que me dá essa certeza. Seremos grandes, meu amor. Seremos um só, você vai ver. E esse tempo há de chegar logo. Eu só lhe peço que não desista de mim; tenha paciência e saiba me esperar. E eu também te esperarei, o quanto for. Porque amor igual ao nosso pode enfrentar dias, meses, anos, séculos, outras vidas que não cessa, não acaba. É um amor sem ponto e sem fim.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

coisas para fazer hoje.

Acordar.
Café.
Cigarro.
Me vestir.
Falar.
Blá-blá-blá.
Mentiras.
Mais blá-blá.
Música.
Fotos.
Sentir saudades.
Ver o sol se pôr.
Amar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

podia ser.

Eu te faria feliz. Disso eu tenho certeza. Podia ser noite ou dia, frio ou calor. Eu estaria ali, sempre ao seu lado. Mas a vida, talvez o tal destino, não deixou que as coisas acontecessem entre nós. Eu fico me perguntando em como seria se você não tivesse ido embora sem ao menos me dizer adeus. Porque você saiu sem avisar, já com um outro alguém dizendo que te amava. Mas sabe, eu não consigo acreditar que esse certo alguém possa te dar amor igual ao meu. Eu te amei com tanta força. Ninguém no mundo pode te amar assim. Parece um discurso egoísta, mas não. É que a certeza do amor que eu tenho faz com que qualquer outro sentimento seja menor. E, por menor que seja a minha chance de te ter um dia aqui comigo, eu não quero mais negar, chega de disfarces. É que eu te amo. Peço desculpas por sentir algo assim. Mas me disseram que o amor não tem hora, não há tempo que apague. E eu acredito. Acredito que passem os anos, as horas, os minutos, eu te amarei na mesma medida. Senão maior. E é tanta saudade. Saudade dos pequenos detalhes. Dos seus olhos, do seu cheiro, da sua cor. E sabe de uma coisa, você não vai se livrar tão rápido de mim. Eu vou estar em tudo o que você puder lembrar. Em cada parte, em cada miragem, em cada monte. Eu podia ter feito você feliz. Disso eu tenho certeza. Poderíamos ter sido noite ou dia. Frio ou calor. Eu não quero te pedir nada pra mim. Só quero te dizer que o nosso amor podia ter ido às estrelas. Podia ser uma história com final feliz. Eu viraria o mundo de cabeça pra baixo pra te ter aqui. Podia ser. Mas não é. Porque a verdade é que nunca fomos. E, talvez, nem seremos. 

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E eu ainda me lembro daqueles dias em que nossos olhares se cruzavam formando um só.

domingo, 1 de agosto de 2010

sem rumo.

Não há nada pior do que não saber qual rumo a vida vai tomar. Parece que falta um pedaço. E falta mesmo. A parte que diz quem você é. A parte que diz o que você faz -me perguntaram outro dia o que eu faço da vida e ah, fiquei muda! Enfim, falta a parte que diz a importância que se tem. Pois bem, se mexeram comigo agora terão que aguentar! E dai se a minha vida não tem rumo? Se eu sou um ser que faz ou não a diferença, não faz a menor diferença. Ou faz? Pra todos os outros não. Mas, pra mim, que estou aqui, engolindo seco a vontade que tenho em continuar, faz toda a diferença do mundo; eu quero poder voar em liberdade sem hora pra chegar. Quero dormir e continuar no sonho mesmo quando o sol raiar. É isso. Quero paz pro meu espírito e fé pro meu coração. E não me importo com a estrada que irei tomar. O que interessa é que ela me deixe espaço pra sonhar.

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Porque sonho, sonho é irreal. Mas quem foi que disse que só se vive de realidade?

segunda-feira, 26 de julho de 2010

uma questão de opinião.

Como foi que surgiu o mundo? E como é que se controla o mundo virtual? Oras, é tão perfeito que mete medo. Mas a pergunta que mais me encabula é a seguinte:  quem foi o maluco mais sábio que inventou o amor? Com todas as suas regras de sedução no momento da conquista, partindo para uma explosiva paixão, terminando em ''happy ending'' ou numa dor que atinge a alma. De que são feitas as nuvens? Será mesmo que existem vidas em outros planetas? Ah, são tantas perguntas que giram na minha cabeça. E que certamente giram na sua, caro leitor. E posso afirmar que isso quase enlouquece. Pense por um instante. As perguntas vêem como o som de uma flauta doce. Deus existe. Ou não. Há vida após a morte. Ou não. O homem é capaz de tudo. Ou não. A eternidade existe. Ou não. E o infinito. Existe. Ou não. (Acrescente pontos de interrogação em tudo isso e verá). É disso o que eu estou falando! Outro dia eu assistia tv e, o desfecho de um comercial, era mais ou menos assim: ''não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas''. E não é mesmo? O que seria de toda a humanidade se as pessoas não indagassem por qualquer coisa que seja? Não teríamos chegado a lugar algum. Então tá ai, lançado o meu desafio. Perguntem, caros leitores, perguntem. Queiram saber o por quê do dia ser ensolarado e o por quê da noite ser banhada pela lua e suas estrelas. Pergunte o por quê de ter conhecido alguém. E queira saber o por quê desse alguém ter se tornado tão essencial na sua vida. Pergunte por quê andamos, como aprendemos a falar, pergunte sempre. Isso move a vida. E, sem ela, a vida, como é que ela poderia ser vivida?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sentimentalidades.

Você me avisou que eu não te esqueceria, sei bem disso. E, se quer saber, eu não consigo te tirar da minha cabeça. Parece que cada letra escreve seu nome, cada música canta o nosso amor, cada sol é o brilho do seu olhar, cada carta tem seu endereço, cada som é o da sua voz,  cada espaço é o nosso lugar, cada vontade é a de te ter por perto, cada pequeno pedaço meu é uma parte que ficou de você. Por que será? Mas o que foi que você fez comigo? Me jogou algum feitiço? Me fez escravo a ferro e fogo do seu amor. Eu não consigo amar mais ninguém, seja lá quem for. Você me deixou um abismo. Uma rota triste em direção a um corpo que não é o seu. O que fazer? Será que você pode me dizer isso agora? Me escreva, cante uma música pra mim. Faça algo que me dê alguma direção. Eu não posso mais ficar assim; fingindo o tempo todo que já não te amo. E, se quer saber, sim, eu ainda te amo. Como jamais poderia prever. Te amo com a força de um amor materno. Mas se você não me der notícias, meu amor, melhor pra mim. Melhor pra mim, ficar longe de você com toda essa sua loucura. Com todo esse seu pesar de me ter ao seu lado. Porque a verdade é essa. Você nunca me quis por perto. Eu poderia até pensar que foi tudo um sonho. Porque eu nunca tive você em uma besteira qualquer. Só sei que é melhor mesmo deixar as coisas assim, como estão. Ou não? Te dou carta branca. Me procure, ou me deixe só. Clareia a minha vida. Faça isso se tiver um pouquinho de sentimentos por mim, faça. Tudo o que quero é saber se você está feliz. Se eu soubesse disso ficaria tão mais feliz.  Ah, como eu sou uma idiota. Por te amar assim. Me submetendo a isso.  Mas você me avisou que eu não te esqueceria. Não choro mais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

pela causalidade.

Eu quero algo que me cause. Quero que a vida me cause. Me cause de amor, de ódio, de esperança. Seja lá do que for. Quero que me cause o sentir, o ser, o saber e todo o escambal. É disso que eu preciso; de um combustível feito à base de muita causalidade. Digo, -causalidade não no sentido de causa-consequência, (até por quê as consequências são apenas nós que temos que desatar), enfim, digo no sentido de gerar algo de dentro. Um tesão pela vida; é disso que eu estou falando! Entende? Ah, como eu queria sentir as sensações multiplicadas por mil. Seria tão mais vaidoso viver. Diria: viver é uma delícia! Se houvesse mais causa eu devoraria a vida em questão de segundos. E sentiria todo o peso que ela tem a oferecer sem sentir uma ponta de dor. Mas agora que estou sozinha, fria, desestimulada. Tenho que me conformar. Faz bem pra alma. E acalma. Acalma esse meu pobre coração. Sozinho, frio, desestimulado. Um verdadeiro mulambo. Que vontade de gritar. Implorar para que a vida me cause em um grito! Eu grito: venha me   c-a-u-s-a-r! E assim, fumo meu último cigarro do dia, regado de água fria, e me preparo para mais uma longa noite insone e incerta. Fazer o quê?  A vida é assim. A única certeza que temos é que a morte um dia chega. E que eu morra com o coração acelerado de tanto amor. Porque morrer amando é melhor do que viver sem o seu amor. Por favor, meu amor, me cause. Me queira, me queime com seu beijo ardente, me abrace por compaixão, mas me abrace. Eu preciso disso pra continuar.

domingo, 11 de julho de 2010

do começo ao fim.

É hora de repetir o play. Recomeçar, se assim parecer mais fácil entender. Mentiras se sustentam sujas. E mudas. Agora não é possível delas falar. São boas as minhas razões pra dizer a verdade; com uma rima limpa e seca: verdade soa bem com liberdade. Não? Ah, mas errar é útil. Depois do choro vem o som de um sorriso sábio que soube esperar. É, nem todos os verbos do mundo explicam a minha situação. É que ela fica dentro. E de dentro não se pode retirar. É tão profundo... E venta. Um sopro dentro do peito, do lado em que o coração está. Tudo isso que aqui escrevo vai ficando tão confuso, nem sei mais por qual estrada caminhar. Sei que andava na contra-mão. E de lá eu quero sair. O tempo se vai, há tempos que eu já desisti dos planos que reguei com tanto afinco. A minha loucura é doce. Não quero nem saber o que me espera. Eu vim do avesso. Do tiro pela culatra. Do baú de más intenções.

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E continuo me alimentando do som do meu silêncio.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

aos amigos.

-Para Marco Túlio e Marcus Felipe-

Hoje eu não estou aqui pra falar de amor. Porque amor, no sentido literário da palavra, se é que ele existe, eu não tenho lá muita certeza de como fazer pra definir. Mas estou aqui pra falar de amizade, dessas que o tempo não apaga, dessas que as lembranças de coisas juntas passadas ficam na memória como o gosto bom de um chocolate. Eu sou farta de amigos. Farta, não que eu tenha muitos, mas os que tenho me preenchem de forma a me fazer ver o mundo de cor azul, (está mais pra rosa choque, mas isso é só um detalhe que é melhor deixar pra lá). Agora vejam vocês, eu disse que não iria falar de amor. Mas pensem comigo, existe amor maior do que o amor de uma grande amizade? Oras, falarei, pois, de amor. E, para isso, é preciso contar uma pequena e velha história.

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Aqueles longos cabelos, barba por fazer, confesso que me assustaram à primeira vista. Me lembro que a primeira coisa que o ouvi dizer foi algo do tipo 'essa professora é gostosa'. Achei graça, sim, não nego, mas logo desconfiei. Notei que era um rapaz falante, fiz música de tão bonita a sua voz. E depois o outro. Alto, delgado, com um certo ar de intelectual. Tímido, quieto, calado. Mas totalmente intrigante, misterioso, eu queria desvendar aqueles olhos castanhos. Dividimos a sala de aula por algum tempo e, por muito, era só aquele o nosso contato. Os três vidrados por literatura, a professora era ah, um orgasmo! Em contra partida nos sentíamos cheios de tédio quando se falava em logarítimos, algas e átomos de carbono. Por meses éramos apenas colegas de classe. Contudo, nesse tempo, ríamos de uma bobagem qualquer ali, deixávamos a hipocrisia de lado pra criticar uns acolá, e pronto! Aqui chegamos. Se hoje estou escrevendo isso pra vocês, meus amigos, é por quê assim os considero. Amigos. Leais. Únicos. De quem pra sempre vou me lembrar com saudades. Dos tempos bons que passamos os três, juntos. Tempos que jamais voltarão, mas que com toda a certeza serão inigualáveis. Quero tê-los sempre por perto. Seja pra nos acabarmos de tanto rir, seja para termos os ombros uns dos outros para quando a melancolia chegar. Porque hoje sei que aqueles cabelos, os longos, -agora não tão longos mais, sei que por trás daquela barba por fazer eu encontro segurança. Porque hoje eu sei que de tímido e calado nada tem o outro. Sei que se é por vezes quieto, por dentro é forte, certo e bom. Eu queria me desculpar pelas vezes em que menti ou disse palavras rudes ou duvidei da lealdade de vocês. Mas principalmente, eu queria me desculpar por me fazer tão distante. Não é que eu não me preocupe. O faço. E muito. Vocês são meus amigos e amigos são amores puros e eternos. Eu não sei se vocês também pensam assim, mas, sabe, o mundo é movido por interesses. E é tão bom ter a certeza de que uma amizade sólida como a nossa não precisa desse princípio, o interesse. A amizade não precisa ser manipulada como negócios, relações e até sentimentos. Ela existe e basta. Eu poderia ficar horas a fio falando o que sinto quando estou com vocês. Mas o que eu quero que saibam é que eu os amo muito. Quero que vocês possam ver em mim a paz que eu sinto quando estou com vocês.

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Com amor, da sua eterna,
Mah.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

surrado.

Tudo o que sentia está desbotado. Nada me cabe mais. E ai me vem a pergunta: será mesmo preciso passar por tudo isso? O amor devia ser um sentimento daqueles que se sente e pronto. Mas não. Tinha que ser doloroso, ferida que não se cicatriza há séculos, doença que contagia a tudo e a todos. Eu não quero amar. Não mais. Já senti isso na pele e posso dizer que não foi fácil. E agora me vem você, pouco a pouco, lentamente, falando o que o coração gosta de ouvir, dizendo o que os olhos amam escutar. Não é justo. Eu não estou pronta pra me envolver novamente. Como disse, os sentimentos não me vestem como antes vestiam. Ficou tudo apertado, talvez frouxo demais. Eu não sei separar o meu amor do meu ódio. A minha vingança do meu fracasso. A minha história de um conto trágico.  Eu já não sei o que pensar. Eu não suporto mais essa ideia de ter que comprar roupas novas a cada verão. E o pior é que lá se vai o inverno...

terça-feira, 29 de junho de 2010

minudência.

 A mulher não pode simplesmente dizer assim, -não quero mais, você não é boa o suficiente. É claro que viver exige que passemos por pormenores como esse (quem sou eu pra discordar), mas há dor... A dor do 'não te quero', ou pior, a dor do 'não te quero mais', dói, mas dói tanto que deixa o peito colado no coração, ritmo acelerado, escuta-se o tum-tum-tum. A boca saliva, o sangue sobe à cabeça e a única resposta que lhe sobra é a morte. Porque morto em vida não dá pra ficar. Certo?

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Eu prefiro morrer a não ter você aqui, ao meu lado, quente, comigo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

de olhos fechados.

De olhos fechados eu vejo seu rosto.
Eu sinto seus olhos olhando pros meus.
De olhos fechados eu vejo seu corpo.
Eu sinto seu sexo pulsando contra o meu.
De olhos fechados eu vejo sua boca.
Eu sinto seus lábios tocarem os meus.
De olhos fechados, bem cerrados.
Só assim, só assim eu sinto você, baby.
Por quê se eu abro os olhos.
Cadê?
Cadê você, meu amor?

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Não me leve a mal, querida. Não me leve a mal.

terça-feira, 22 de junho de 2010

na medida do impossível.

Tão longe de tudo.
Tão perto do nada.
É extremo e caótico.
É duro e demanda sangue.
Na medida do impossível,
vai-se vivendo.
Até quando?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

naquela noite.

É como se niguém pudesse me salvar dessa vez. Foi um acaso, -se é que acaso existe, mas aconteceu. Como eu não esperava. Foi avassalador. E quente. E macio. E terno. Naquela noite em que te conheci a parte quebrada que se fazia em mim foi restaurada. E não, ninguém pode me salvar dessa vez. É que começo a achar que me apaixonei.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

im(previsto).

Eu não sou poeta.
Nem quero ser.
O que escrevo é pra sobreviver.
Mas dando uma de profeta,
lhe devo dizer.
Um dia o amor acaba.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

desconexo.

Fuligem seca,
boca amargando o esperar.
Súplica veemente,
olhos banhados d'água.
Lágrima.
Choro.
Vela.
Tela.
Ela.
Onde está?
Tarde?
Ou cedo demais?
Resta o lamento.
O tempo voa como o vento.
E já vem vindo a aurora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

insensato.

E aqui o presente vai ficando pesado. Vai virando passado. E eu duvido do que está por vir.  E o que será que virá? Eu? Você? Nós dois? Será? Será.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

me manda uma flor.

Me abra um sorriso.
E morda a minha maçã.
Me faz um carinho.
Me manda uma flor.
Me colha numa tarde morna.
Traz numa caixa o meu coração.
Faz um esquema.
Me pega numa sala cheia de cinema.
Faça a cena.
Me abraça.
Me ama.
Me beija.
Me aqueça.
Me chama de amor.
Me abra um sorriso.
Me faz um carinho.
Me manda uma flor.
E morda a minha maçã.

domingo, 13 de junho de 2010

faz frio.

 Mas que noite gelada! Acho que não me lembro de um dia tão frio como hoje. Exceto, claro, o dia em que você partiu de vez. Naquela noite eu pude sentir o gelo do seu beijo torto me indicando um adeus. Enfim. Aqui, agora, só o calor da brasa que sai do meu cigarro me esquenta. É triste, mas eu espero me conformar. Nessas últimas semanas eu tenho tentado te esquecer, novamente. Digo novamente porque eu achava que já tinha me esquecido. Mas não, parece que meu coração não tem espaço para mais ninguém. Meu corpo sim, tenho me acalentado de diversas maneiras. Porém, com um 'quê' de incerteza dos meus atos. Ah menina, minha menina. Como eu sinto falta do seu mau-humor. Como me faz falta o seu sarcasmo, a sua ironia em tudo que se diz respeito a mim. Eu não tinha você, mas a sua presença era algo rotineiro. E isso me fazia mais feliz. Sei que você tem um outro alguém, que lhe chama de amor, que lhe conhece como eu nunca pude conhecer. Eu sei, eu sei. Mas é que eu tento, torno a tentar. E nada. Nada de seu rosto desaparecer dos meus sonhos. Nada da sua foto desaparecer em meio à minha bagunça. Nada de sua voz não ecoar pelos meus quatro cantos. É, é mesmo triste. Eu só espero poder te esquecer. Mas agora, novamente, só me resta a conformidade do não que você me disse tantas vezes. E eu sei, sei que vou me conformar. Na verdade, não, não sei. Mas fingir é mais fácil que aceitar. Então eu finjo que você está de volta. Pode ser assim? Então volta. É meu último pedido. Volta? Mas tem que ser pra sempre. Porque eu, eu não vou suportar um outro beijo gelado e torto de adeus. E tenho medo de não suportar mais uma noite tão fria como aquela. Aquela, ainda se lembra? E não, eu não posso deixar que você parta outra vez. Iria ser muito difícil. E doloroso. E triste. Eu sei, eu sei. Tento me conformar.

terça-feira, 8 de junho de 2010

eu sonhador.

Sempre sonhei com o dia em que pudéssemos dormir tão perto a ponto de nossos sonhos se tornarem um só. Imagine? Seria a plena sintonia. A sinfonia perfeita de nossos pés e mentes. De nossos olhos e dentes. De nossos beijos molhados e quentes. Sempre sonhei com o dia em que pudéssemos fazer amor no lugar que fosse. Roupas ao chão sugerindo corpos desnudos num molde só. Eu sempre sonhei com o dia em que você me revelasse um segredo. Eu te dividiria ao meio e pegaria as duas metades pra mim. Eu sempre sonhei com o som da sua voz falando baixinho, letra por letra, me chamando de a-m-o-r. Ah, como eu sonhei. Sonhei com seus dedos deslizando sobre minhas costas, seus lábios sobre meus seios e no centro do meu corpo nu. Eu sonhei com o dia em que você dizia pra todo mundo, -hey, olha só, é essa com quem quero viver para todo o sempre. Sonhei com seu sorriso branco, de canto, tímido, quando eu lhe falasse algo sem nenhum pudor. Eu sempre sonhei em ter você por perto. Mas você está tão longe quanto os meus sonhos. E assim como eles, só me aparece quando fecho os olhos. Porque eu sempre sonhei em te amar. Mas eu nunca disse que sonhar era fácil. Amar, então, nem posso imaginar.  

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E eu acredito que todo mundo pode errar. Mesmo que duplamente.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

certo dia incerto.

Um dia eu vou devolver tudo aquilo que peguei de ti.
E vou querer saber onde foi que foi parar o que roubaste de mim.

Um dia eu vou receber um amigo de braços abertos.
E tê-lo dando-me bofetadas de desafeto.

Um dia eu vou sorrir um sorriso branco de alegria.
E vou vê-lo anos depois numa foto amarela de nostalgia.

Um dia eu vou tratar alguém por 'amor'.
E tê-lo dando-me beijos em troca de um favor.

Um dia de uma coisa eu vou ter que me lembrar.
Ninguém me disse que esse 'um dia' iria chegar.

domingo, 6 de junho de 2010

um intruso em minha casa.

Esse título parece até nome de filme. Mas não. A história aqui está mais para novela mexicana. É sério! Não é caso de dar risada. Ah, caro leitor, pode acreditar. A coisa aqui tá feia. Ela foi chegando assim, como quem não quer nada, e olha no que foi dar. Tira, só com sua presença, o íntimo de minha intimidade. Chega como um comandante em vozes de guerra. O que quer é mandar. Instalar sua tirania insana em minha casa. Mas não pense ela que eu vou deixar! A casa é minha e faço dela o que eu quiser. E não, não é egoísmo nem pretensão, só quero poder ser como eu era sem que ela dite alguma coisa. Afinal, quem ela pensa que é? Não passa de uma estranha no ninho. Um cubo de gelo em plena fornalha. Eu é que não vou me render aos seus encantos de boa moça. Não. Minha mãe já dizia que quando a esmola é demais o santo desconfia. Eu estou mais que desconfiada! Pra mim já chega. Quero de volta o que era meu.

terça-feira, 1 de junho de 2010

amostra grátis tributada.

Onde é que já se ouviu falar?
Se é amostra grátis não pode ser tributada.
É como carinho cobrado.
É como amor recompensado.
É como aluguel de algo não locado.

Onde é que já se ouviu falar?
Se é amostra grátis não pode ser tributada.
É como pedir dinheiro pra se ter apreço.
É como elogiar por algum preço.
É como endereçar algo sem endereço.

Mas que coisa!
Eu nunca ouvi falar.
É como se pra ter seu amor eu tivesse que pagar.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

na estação.

Fazia frio naquela noite. Frio mesmo. Daqueles em que os pés imploram pelo aconchego do bem amado. Mas tinha uma coisa que era quente. O hálito dela. O que saía de sua boca me aquecia como fogo ardente. Era doce. E meigo. E tinha gosto de amor. Ah, meu Deus, o que é que acontece comigo? Eu nego, renego e depois me entrego inteira a essa paixão. Minha cabeça parece um trem que insiste em parar na mesma estação a cada viagem. Quando é que eu vou tomar outra direção? Quando é que as minhas costas não vão me pedir de joelhos pelo toque de suas mãos? Quando é que eu vou saber que o quê eu mais quero é você? Ah, meu Deus, o que é que acontece comigo? Eu estou louca pra sentir de novo o molde do seu corpo nu em meu corpo nu. Eu estou louca pra que você se enfie inteira em mim. E me aqueça. Com seu fogo ardente. Quero dedos, língua e lábios. Quero seu gosto, de amor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

dilema.

É inverno no meu coração.
Agasalho nenhum esquenta.
Por quê que eu não pensei nisso antes?
Fazer de sua pele meu cobertor.
Fazer de seu lábio intenso fervor.
Fazer de seu sexo completo ardor.
Por quê que eu não pensei nisso antes?

domingo, 23 de maio de 2010

erótico.

-Acorda, amor. A diária termina em 30 minutos.
-Ah, mas a gente não pode ficar por mais um dia?
-Não, não temos dinheiro, só nos resta pro cigarro.

E realmente não tínhamos. Nada, além de dois reais. O resto fora roubado junto à mochila, ainda na boate.

-Não posso mais viver assim, Malu.
-Sem amolações agora.
-Ah, mas você vai me ouvir.
-Não, é você quem vai me ouvir. Então acha que estou adorando essa coisa toda? Drinks e mulheres gostosas se esfregando em mim por toda a noite, e o que eu faço? Me rendo ao seu jogo, me enfio num carro com pessoas que nunca tinha visto (...)
-Você também quis.
-Não me interrompa!, (...) e agora estou aqui, num drive-in fudido, a roupa vomitada, com dinheiro contado pra comprar um cigarro tão vagabundo quanto eu. Ah, tenha piedade! Não me venha com reclamações nessa altura do dia.
-Desculpe, não se zangue tanto. Venha, vamos transar nesses 15 minutos que nos restam.
-Você, Ciça, sou completamente louca por você. Sua maluca, venha cá.

Enfiei logo os dedos naquela boceta de que tanto gostava. -Parece sujo, mas fazíamos amor-. Tinha cheiro do sexo que fizemos durante horas naquela madrugada. Esfregava seu clítoris com raiva, querendo logo o gozo, era só o que eu ainda podia ter, Cecília gemia baixinho, era um som de deleite que me deixava muito excitada. Me joguei de cabeça em meio àqueles pêlos, estava pouco depilada, eu não gostava tanto, mas estava ali, vamos, até o fim. Língua ali, lambendo tudo, os dedos enfiados no canal.

-Onde é que você estava? Isso, ah, está incrível.
-Cale a boca. Goze pra mim, querida.

Dito isso, gozo. Fim. Fomos embora.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

saudosismo.

Eu tenho uma caixinha onde guardo pequenas coisas, daquelas que pequenas são só no tamanho, e hoje, remexendo em velhas bagunças, me atentei às lembranças. Havia cartas, juras de amor, de um alguém que agora eu não me recordo sequer o nome. Bilhetes, papéis de bala que embalaram e deram sabor a um beijo molhado de final de tarde. Era tudo tão, tão pequeno. E frágil. Era tudo tão simples que,  o que para mim era ouro, pra qualquer outra pessoa não passava de lixo. E , vasculhando, achei um 3x4. Você em pausa no retrato. Te ver ali me encheu de um sentimento que não tem nome, é como se eu me sentisse um fragmento introspecto, alguém que se perde em uma nostalgia em particular. Eu costumava te chamar de amor no tempo em que você me deu aquela foto. Mas agora? Agora não. Você não passa de um conhecido que eu desconheço. Me lembro nitidamente de como era o seu sorriso, meio tímido, bastante discreto e cheio, cheio de brilho. Seus olhos me indicavam a direção. E seus cabelos, ah, tão lisos, tão limpos e cheirosos. Eu sinto falta da falta que você me fazia. Porque hoje não faz mais. Eu consegui me desprender de você, por inteiro. Eu consegui te ver sem sentir as tais borboletas no estômago. Eu consegui socorro pra minha saudade. Olha, meu velho amor, eu queimei a sua foto. Não me faz bem ficar olhando pra esses seus olhos toda vez que abro a minha caixinha. Mas uma coisa eu também fiz. Guardei as cinzas num saquinho e pus de volta na tal caixa. É pra que toda vez que eu veja essas cinzas eu me lembre o que você se tornou pra mim. Pó. E pó eu posso jogar pela janela que o vento leva. Mas não. Vou deixar as suas cinzas bem guardadas na caixinha. Deve ser porque se eu te tiro de lá, ela deixe de ser ouro. E se transforme em lixo. Deve ser porque depois de tanto tempo você ainda viva em um pedaço de mim. Numa metade escondida de mim. Deve ser porque depois de tanto tempo eu precise desse pó pra continuar respirando. Deve ser porque eu te amei. Deve ser porque eu ainda te amo. É, deve ser.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

opostos.

Ser sozinho é não ter alguém, em corpo, ao lado. A solidão é diferente. É quando não se é acompanhado pela própria sombra. É como estar distante da própria alma. É como se dentro do peito não houvesse coração.

domingo, 9 de maio de 2010

dom de iludir.

Era uma noite fria, na cidade de Belo Horizonte, quando o telefone tocou.

-Alô.
-Quem fala?
-Alô? Alô?
-Oi, tá me ouvindo agora?
-Ah, sim, quem fala?
-Leo.
-Leo! É Alice, como vai?
-Sentindo a sua falta.
-Que tal um jantar?
-Tô sem grana.
-Aqui em casa mesmo, eu cozinho pra você.
-Assim, sim. Hoje?
-Hoje?
-Uhum.
-Oito e meia.

Era um rapaz decente, meia altura, olhos escuros, feito duas jaboticabas, muito pretos, e fundos, havia olheiras naqueles olhos, tamanho o cansaço, era consequência de seu trabalho, não gostava de ser chamado de carteiro, era um 'entregador de cartas' e, acredite, há muita diferença entre as duas profissões, enfim, andava por meio a cidade durante horas sem descanso, imaginando as milhares de histórias de amor que colocava nas caixas de correio, e a história dele? Ah, era uma luta, amava muito, uma menina que o considerava seu melhor amigo. Era Alice, jovem mulher, de apenas dezessete anos, (ele tinha dezenove), linda, cabelos ondulados, pele branca como neve e uma boca rosa-batom. Leo era perdidamente apaixonado por ela e, como não se viam há alguns dias, não esperava pelo telefonema de sua amada, não naquele dia, um dia comum, uma segunda-feira cheia de cartas de cobrança que, pelos envelopes, de cor bege, sem graça, não eram cartas de amor.
Pois bem, Leo desandou a preparar-se para o tal jantar. Se banhou em sais e óleos perfumados, penteou os cabelos e foi.

Oito e meia. (Toca a campainha).

-Quem é?
-Alice, sou eu, Leo.
-Pontual como sempre, não é meu querido? Já vou abrir.

Ao entrar sentiu logo o cheiro de carne assando no forno. A sala estava com a mesa posta e tinha velas enfeitando cada canto do local. Alice estava especialmente linda naquela noite. Vestia-se com um vestido simples, mas que caíra perfeitamente em seu corpo delgado e cheio de formas.

-Alice, você está linda.
-Ah, que bobagem Leo, assim você me deixa envergonhada.
-Não deveria ficar, está mesmo deslumbrante.
-Fome?
-Hum? ... ah sim, um pouco.
-Temos massa e carne. Já quer comer?
-Comer? Você?
-Como, eu?
- É, você.

E se beijaram. Tiraram as roupas um do outro instantâneamente e, quando a coisa estava para acontecer, houve uma pausa. Alice disse:

-Não posso.
-E por quê não?
-Não, não posso. Você é como um irmão.
-Mas eu te amo como minha mulher.

O silêncio se instalou e só o que se ouvia era a respiração ofegante de Leo, desesperado por não conseguir ter Alice por inteiro. Eles se olhavam fixamente, o carinho que sentiam atravessava pela alma nua e pelos corpos despidos dos dois.

-Alice, eu te amo. Quero você entregue a mim.
-Eu também te amo, Leo.
-Então por quê você não quer ficar comigo?
-Já disse que não posso.
-Hum. Vou embora.
-Já? Não quer provar o jantar?
-Eu vim pra me empanturrar de você. Se você não pode, só o que posso é me retirar.
-Mas Leo...
-Não, Alice, estou cansado desse seu jogo de quer-não-me-quer.
-Desculpe, é que, eu...
-Não peça desculpas. Só me ligue se me quiser de verdade. De corpo inteiro.
-Não posso ficar sem você.
-Chega Alice, chega. É melhor que eu vá.

E Leo se foi. Chegou em casa, fez um drink, acendeu um cigarro e começou a escrever. Escreveu centenas de palavras soltas e sem o menor nexo num papel surrado. Pegou um desses envelopes de cor bege, sem graça, e colocou aquilo lá. No dia seguinte, foi para o trabalho, levando consigo o que havia escrito. E pra quê? Para colocar em uma das caixas de correio, no lugar das cartas-cobrança que tinha que entregar. Era a sua esperança de ser correspondido, só o que ele queria era um bilhete que dissesse sim ao amor que ele estava disposto a dar. Mas não. Leo não recebeu resposta. Nem de sua carta, nem de sua Alice. -Onde é que você está, Alice? Pensou. Mas já era tarde e ele não tinha mais fôlego pra pensar no amor. Porque o amor, o amor demanda fôlego. E, sem amor, para ele, era difícil respirar.

O rapaz nunca deixou de escrever 'cartas pra ninguém'. Todos os dias colocava um envelope com seus escritos numa caixa de correio, sonhando em viver um grande amor. É uma pena, mas, pelo que sei, ele nunca encontrou respostas. 

segunda-feira, 3 de maio de 2010

cuidado.

É muito sofrimento pra tão pouca idade. Dor de amor, dor de perda, há, quanta dor. E hoje, quando completo meus dezenove anos, olho pro meu passado e penso, -quanta coisa eu já fiz. Quanta gente eu já machuquei. Penso no quanto sou flor que não se cheira. Eu sou flor de espinhos que cortam e ferem e furam e matam. Meu coração é de gelo e, minh'alma, estátua de pedra. Já vou avisando, cuidado ao se aproximar. Eu sou general. E general nunca (nunca mesmo) dá guarda pra soldado.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

socorro.

Eu não posso deixar que eles me levem. Deve ser muito perigoso por lá. Eu tenho medo. E não sei até quando vou poder evitar. Não deixe que me levem. É só o que peço. Não, não deixe. Ir pra sempre? Agora eu não posso e nem quero deixar. Me ajude. Deve ser muito perigoso por lá.

terça-feira, 27 de abril de 2010

nostalgia.

Mas que porra de saudade! Ah, como ela tinha mãos incríveis. Lindas mesmo. E os olhos. E o sorriso. E todo o seu corpo. Eu quero te dizer que não, não nos perdemos. Enquanto cada suspiro meu lembrar um gesto seu, você estará viva no meu peito. E tenho certeza de que eu também não morri ai, dentro desse seu coração. Se lembra de como nos amávamos? Éramos cúmplices. Éramos duas almas que se desejavam ardentemente. Nossa história foi linda. Imperfeita, como toda arte. Mas uma obra completa. Tela, tinta, pincel, moldura e verniz. Obra de cores vibrantes. Fazia vivo todo lugar por onde passávamos. E eu me lembro, com muita saudade, me lembro de quando ríamos sem motivo. De quando nos beijávamos em meio a rua vazia e escura de Belo Horizonte. Me lembro de como a cidade parecia magnífica ao seu lado. O mais pobre e sujo hotel ficava lindo quando estávamos juntos. A gente não dava importância a nada, se lembra? Tudo era motivo para festejos. Ah, 'madoninha', (era assim que costumávamos nos chamar), eu quero que saiba que nada vai mudar o meu sentimento por você. É um amor tão grande, tão sincero. Chega a me faltar espaço pra te colocar inteira em mim. E olha, eu te prometo, o tempo vai se encarregar de nos trazer de volta um para o outro. Porque o amor pode passar pela tempestade que for, mas volta. Volta a brilhar intensamente, bem como o sol.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

metalinguagem.

O que eu escrevo aqui não é um diário. Eu escrevo porque a minha vida depende disso. Eu preciso de um escape. Escrever me torna mais forte. Eu descarrego todo o lixo, todo o peso, o que há de bom e o que há de mau em mim. De hoje em diante eu não quero mais saber sobre o que acham dos meus escritos. Mas vou continuar desabafando meus anseios, sempre que puder. Quem gostar, leia. Quem não gostar, okay, não volte mais. Sou um eterno amante das letras. E com essas poucas eu fico. Na promessa de voltar. Logo, logo. É só esperar.  

sábado, 24 de abril de 2010

íntimo.

Onde é que você está, meu amor? Você pode me ouvir?  Eu não sei por onde te procurar. Andei por ruas escuras e cinzentas, em noites claras e frias, em dias negros e quentes e cadê? Cadê você? -H-e-y! Eu estou a-q-u-i! Te esperando. Escrevendo billhetes de amor em pétalas de rosas,  tudo pra você. E cadê? Cadê você que não me vem? Eu sinto seu cheiro. Mas o que eu quero é mais. A minha boca quer seu gosto. Minha pele quer seu toque. Meus ouvidos imploram por sua voz. Meu amor, vem pra cá. Não me faça esperar por mais. Eu quero poder sussurrar seu nome. Assim, bem baixinho. Sílaba por sílaba. Nota por nota. Eu quero cantar você. Quero ter a sua foto colada na minha parede. Quero ter seu corpo colado no meu. Eu quero fazer sexo. Me acabar de tanto amor. Mas que coisa, será onde você se esconde? Cadê você, meu amor? Eu quero me lambuzar no seu líquido. Fazer doce do seu sal. Ah, eu já não aguento mais viver sem você. Eu nem sei onde mora, nem sei como se chama, mas te quero. Te quero com toda a força que há no âmago do meu ser. Prometo guardar seus segredos, prometo te fazer dormir. Prometo te fazer sentir como a única desse mundo, prometo nunca partir. Mas cadê, cadê você, meu amor? Venha logo. Quero te fazer promessas. Te jurar amor. A solidão já é doída. Não consigo suportar. Quero algo novo, com início, meio e sem fim. Mas cadê? Cadê você, meu amor? Você pode me ouvir? Se sim, venha ao meu encontro. Eu não sei por onde te procurar.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

remissão.

Se arrependimento matasse, eu estaria morta. Eu não queria fazê-la sofrer. Porque foi ela quem por inúmeras vezes segurou o meu sofrimento. Foi ela quem esteve ali, ao meu lado, sempre. Me lembro das vezes em que me sentia só, vazia, e lá estava ela. E hoje, depois de ver que os olhos dela me olhavam com um olhar de desapego, de desapontamento, ah, como eu queria voltar atrás. Eu teria retribuido seu cuidado, seu carinho, seu amor. Eu fui mais que infiel. Fui covarde. Não digo que do ato em si eu me arrependa, mas das minhas palavras. Como foram duras e insensíveis e desumanas. Eu só queria o seu perdão. E aqui o peço; perdoa, minha querida, minha querida amiga, perdoa. Eu só queria que os olhos dela pudessem se fixar aos meus com a mesma ternura de antes. Eu queria que ela não sofresse tanto por alguém que nunca a mereceu. E esse alguém, digo com tristeza, esse alguém sou eu.

domingo, 18 de abril de 2010

procura-se.

Eu espero.
Por você, que vai vestir meu corpo com sua pele.
Por você, que vai lamber meu sexo com sua boca.
Por você, que vai sentir meu gozo com seu prazer.
Que vai esfregar meu rosto em seu líquido.
Eu espero.
Por você, que ainda está para chegar.
Por você, que eu não conheço mas sinto existir.
Por você, que vai me fazer sentir viva outra vez.
Que vai me fazer amar.
Eu te espero.
Vem logo pra mim, vem?
Eu já não posso esperar.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

intenso.

O artista precisa de sofrimento pra produzir sua arte; e assim é o escritor ao produzir seus textos. Se não há dor, nada feito. Ai, ai, ai, pensei. Será que é desse jeito que temos que viver a vida? Será que é preciso ser pisado como o pão foi pelo diabo? Pois bem, eu estou sofrendo. Sentindo uma dor de ausência. Sentindo falta de um sorriso acanhado e tímido depois de um beijo. É uma angústia sem fim. E quando eu me angustio vou para o refúgio. E existe lugar mais mágico e cheio de possibilidades do que a literatura? Lida ou escrita ela me transforma em um ser pensante e heróico. Nela eu posso ser homem, mulher, criança ou idoso. Posso ser triste, feliz. Ou posso ser as duas coisas ao mesmo tempo. Na literatura eu posso sonhar! Basta que eu escreva algumas linhas e pronto! Lá está! Um horizonte, um castelo, uma ilha, posso fazer viagens pra qualquer lugar! Marte, Vênus, Lua e Sol.  Ah, como é bom ler! Como é bom sair da rotina de ser eu por um tempo pra me transformar em personagem. Dia após dia percorremos a vida como quem percorre um corredor. E a literatura nos permite passear pelo corredor da vida devagar, com detalhes, como apreciadores de um bom vinho. Não há como não se esquecer de tudo e de todos depois de se embriagar dela. Está lançado o desafio. Esqueça-se do mundo. Entre nos livros como quem vive um grande amor. De cabeça. E saia deles como quem sai na chuva. Banhado. Da cabeça aos pés.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

vácuo.

Hoje palavras não são o bastante. Eu poderia ficar horas aqui, escrevendo, sem conseguir dizer tudo o que sinto. É um vazio. E vazio a gente não consegue relatar. Porque o vazio é um nada que preenche. E eu estou repleta e cheia e recheada disso. Me sinto como um bolha de ar, prestes a ser estourada. Como a água em um vidro, prestes a ser derramada. Como um ovo oco e podre. Pois é, com essas poucas linhas que tentam mostrar a imensidão de nada que está em mim, eu fico. Só queria te dizer mais uma coisa: eu sei que meus lábios nunca mais sentirão tamanho zelo ao serem tocados. Porque só você sentiu por mim o que ninguém poderia. Se agora somos apenas o que não poderíamos ser uma pela outra, é uma pena. Só não me peça pra te esquecer. Eu respeito seu tempo, e sei que só ele, o tempo, o seu tempo, o nosso tempo, pode curar toda essa dor de perda. Porque o vazio que me vem agora, é o vazio de alguém que se foi para não mais voltar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

assinado eu.

Sinto falta do queimar que escorre depois de um gole e meio de conhaque. Me contento com o pouco do cigarro que ainda me resta. Gosto de me viciar. Ah, baby. Como eu me sinto sozinho. É que meu coração insiste em bater. Enquanto meus  pulsos imploram por um corte fatal. Ah, baby. Como eu queria beber você. Como eu queria sentir o gosto do meu gozo junto ao seu. Eu preciso sentir o cheiro de prazer satisfeito. Mas é que, sabe, baby, há muito eu me esqueci do que é isso. Meus olhos já  não brilham de tesão. Minhas mãos já   não  mergulham no seu buraco sujo e cheiroso, não sei desde quando. Ah, baby, como eu queria beber você. Me embriagar. Como se você fosse o meu conhaque. Um gole e meio pra  te escorrer em calor, de sabor salgado e doce. Eu queria ser seu cigarro, baby. Que você acende, fuma e suga e deixa as cinzas pra trás. Eu não quero me prender a você, é essa a minha condição. Preciso ter as asas abertas pra voar. Sempre. Porque eu não sou um pássaro que você prende na gaiola. Eu sou o outro, aquele que te escapa, um beija-flor, que só te procura quando tem sede. É baby, eu não nasci pra ficar preso. Eu quero poder ser exatamente como eu sou. E pra isso, pra isso eu preciso ser só. E eu já me acostumei com isso; já não pesa, nem dói. Ah, me falta ar baby. Com você eu não sei respirar.

segunda-feira, 29 de março de 2010

canção de adeus.

"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem". Sempre quis cantar isso pra alguém. "Que você pega, esfrega, nega, mas não lava." Eu dei tantos passos largos fora de hora. Às vezes me vejo perdida em tanta coisa perdida que já fiz. Deu pra entender? Que seja. O que eu quero dizer é que eu preciso mesmo pensar demais. Porque se eu não penso, acabo me enrolando nas pontas dos nós que eu mesma faço. Assim fica melhor? Olha, meu coração é grande. Meu amor, ainda maior. Mas eu não sei até que ponto posso suportar tudo isso. Talvez seja o bastante. E pra você, é mesmo o bastante? Basta que eu seja assim? Não é justa a minha frieza. Não é justo o meu desapego. Não é justo que eu tenha você. Esqueça-se das migalhas. Queira mais. Sempre mais. Eu disse que queria cantar aquela música pra alguém. E sei que posso cantá-la pra você. Mas me permita certas modificações. Não me veja assim, como tatuagem. Eu não estou desenhada no seu corpo. Não há minha figura em sua alma. Então me pega, esfrega, nega. E me lava. 

quarta-feira, 24 de março de 2010

dor de amor.

Eu falo de amor a toda hora.
E assim também falo da dor.
Mas será possível,
Quando é que o amor
Não vai rimar com dor?
Mas será possível,
Pra se ter amor
Tem que existir dor?
Eu acho que não sei amar.
Ou sei.
Pra sentir a dor que sinto,
Eu devo mesmo é amar demais.
Mas, será possível?

segunda-feira, 22 de março de 2010

vibrante.

Eu vou dizer só uma vez
que é pra não enjoar.
Adoro vermelho.
Fio.
Pétala.
Planeta.
Cor.
Rosa.
Chá.
Dor.
Olho.
Liquidação.
Tendência.
Alerta.
Gol.
Veneno.
Morango.
Cartão.
Pare.
Barão.
Chapeuzinho.
Força.
Fogo.
Sol.
Paixão.
Preguiça.
Batom.
Tapete.
Maçã.
Timidez.
Japão.
Dedo de moça.
Sangue.
Você e eu.
Amor.

quarta-feira, 17 de março de 2010

arte vida.

A vida tem um sentido que os adultos conhecem. Essa é a mentira universal que todos somos obrigados a acreditar. A verdade é que eles, os adultos, são como crianças que nada entendem mas que insistem em bancar esse discurso que, pra mim, soa como um desses clichês consensuais. Não há o que compreender. Porque a vida é mesmo assim algo que não se explica. Nem os mais inteligentes podem saber o que vem por ai. As coisas acontecem, e acontecem, e tornam a acontecer. É um acontecimento incessante. Sem fim. A todo momento. Essa mania de achar que quanto mais cabelos brancos, mais sábio se é, ah, me poupe! Detesto essa falsa lucidez de maturidade! É preciso construir a própria identidade. Dia após dia. E as pessoas se esquecem disso. Elas se perdem em meio a reconstrução diária que é a vida. Elas se perdem a ponto de chegarem ao desespero de ir para frente de um espelho pra ensaiar a próxima mentira que irão contar. Porque as pessoas, principalmente essas que se acham maduras, têm que de alguma forma provar tudo pra todo mundo. Quando o ensaio acaba a platéia bate palma e pronto! Está lançada mais uma versão dos fatos. E acredite quem quiser. Ou quem for tolo para acreditar. Sinceramente? Não quero ser um adulto assim. Quero ser a criança que não fui. Pois a Arte é a vida, num outro ritmo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

grito de espera.

Não é certo. Por isso a angústia. O que mais pode acontecer? Não sei. Como eu disse não é certo. Mas alguma coisa tem que mudar. Nem que seja a angústia. Nem que seja o peso. Eu vou suportar tudo isso. Porque tudo isso, tenho certeza, é menor do que meu corpo. E a minha alma pesa mais. E existe a vontade. O querer do que ainda está por vir. Eu quero. E que um caminhão me atropele. Porque eu vou me erguer. Eu serei a carga que ele carrega. E um dia, mesmo com chuva, ainda com tempestades, eu vou chegar ao meu destino. E as setas indicam o sossego. Elas indicam que amanhã, ou depois, ou depois ainda, fará sol.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

de uma viagem.

Seria tão bom se eu inventasse uma máquina. Uma máquina que me levasse anos à frente. Porque o que me incomoda agora é o que vai acontecer. O passado, passou, borracha nele, e vamos lá. Mas e ai? O que vem depois? O que está guardado pra mim? Eu gostaria de me ver aos trinta. Ou quem sabe aos quarenta. Seria tão bom. Se eu pudesse inventar uma máquina eu me transportaria pra lá. Onde as coisas que a gente não sabe já acontecem. Será que esse lugar existe? Será que eu já vivo uma vida que vive na frente? Seria tão bom se eu soubesse. Se eu pudesse inventaria uma máquina. Pra ser mais segura diante à insegurança que é viver. O que eu queria era ter a certeza de que vale mesmo a pena passar por tudo isso. Seria tão bom. Talvez eu me forme. E tenha um trabalho. Talvez eu não tenha mais paciência pra estudar. E viva do dinheiro da minha mãe. Talvez eu tenha alguém que me ame do meu lado. E que eu ame também. Talvez eu fique sozinha. E viva num apartamento empoeirado sem ninguém. Talvez eu ganhe na loteria. E abra um café. Talvez eu doe tudo o que eu tenho pros outros. E seja feliz assim. Talvez eu tenha cachorros e adote filhos que me darão netos e bisnetos e talvez eu seja uma mãe. Ou um pai melhor do que o meu foi pra mim. Será que eu vou ser o quê? Melhor, eu vou ser um dia? E quando? Eu queria saber. Seria tão bom. Talvez eu goste mais das flores. E seja viciada em jardins. Talvez eu perca o medo das coisas. Ou comece a ter medo de mim. Talvez eu engorde alguns quilos. De tanto comer doces. Talvez eu emagreça ainda mais. De tanto comer, cigarros. Talvez eu pare de fumar. Ah, pode acontecer tanta coisa. Ficaria dias aqui pra enumerar. Eu poderia morar em São Paulo ou Londres ou Paris ou Milão ou continuar aqui nessa vida pacata e sem graça e parada no mesmo lugar. Seria tão bom se eu pudesse inventar essa tal máquina. Não pra tentar consertar algo, sem essa de efeito borboleta, eu queria saber só por saber. Se eu me visse sorrindo, ah, seria um alívio. Eu viveria tudo sem esse receio de viver. Tá, já sei que não posso inventar nada. Nem ver o futuro. Tenho que me focar no agora e ponto, vamos lá, já esqueci o passado, agora é a vez de não pensar no amanhã. Porque, pensando bem, não seria tão bom assim. Essa coisa de já saber o que vai acontecer. A vida é incerta mesmo, estamos ai pra isso, reticências, é hora de continuar. Pensando bem, bom mesmo é conhecer alguém que não se imagina, se encantar por gostos que não se imagina, concretizar o que nunca esteve nas mãos. É quase magia. E beira à perfeição. Se eu tivesse inventado uma máquina que me levasse anos à frente, sabe o que eu faria? Eu a destruiria. Porque uma certeza eu já tenho. A vida me guarda só aquilo que eu posso segurar. E boas ou más, bonitas ou feias, tristes ou felizes, venha o que vier, vou abrir meus braços pra dizer, 'estou pronta pra enfrentar'. E que tudo seja máximo. Que a dor seja assim. Pra que a alegria de passar por ela venha tão intensa quanto se é intenso viver.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

fuga.

Pensei em várias formas de fazer aquilo. Chovia lá fora, fazia um certo frio, era tudo como eu havia planejado. Quando estava prestes a concretizar, olhei pra trás e, pelo vidro, o vidro de uma porta que liga a sala à varanda do apartamento onde vivo, vi a minha mãe. Estava sentada no sofá, parecia calma, seus lábios não eram dos mais felizes, mas trazia esperança naqueles olhos verdes. Não tive coragem. Por ela. Porque ela me fez pensar no sofrimento que eu causaria. À ela. E à menina de olhos castanhos, tão esperançosos quanto os seus. Não tive coragem. Seria como dizer, -é o fim, não consigo, não sou boa o suficiente pra isso. É que às vezes me desespero. E não consigo achar outra saída. Não que eu não quisesse mais acordar. Eu só queria dormir. Em paz. E talvez fosse aquele o único jeito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

abertura.

Eu queria tapar o buraco. Digo, o buraco das verdades amargas que me habitam. Elas moram mesmo em mim. E não há ninguém nesse mundo que as conheça. Porque ficam dentro. E só o que deixo que vejam é o que fica fora. É como uma casa. A fachada parece normal. A cor é das bem coloridas. E o muro, ah o muro, ele esconde. Tudo. É alto demais pra que possam escalar e, se o fizessem, acabariam num choque. Porque eu, eu sou o interior dessa casa. Eu sou o que ninguém pode ver. Eu me escondo. Em fachadas. Mentiras. Ilusões. E muros altos. Eu me cerco. Por cores. Exteriores. Preguiça. E oposição. Eu queria tapar o buraco. Digo, o buraco das verdades amargas que me habitam. Elas moram mesmo em mim. E eu já tentei me conhecer pra todo mundo nesse mundo. Tentei ser de muitas formas. Mas nunca fui. Porque eu não me deixei. E começo a ver isso agora. Usei das pessoas. Pra tentar tapar esse buraco. Sempre tinha alguém que servia pra alguma coisa. É feio dizer isso. Mas ah, já fiz tanta coisa feia nessa vida. É a verdade, as pessoas serviam pra alguma coisa. E na maioria, serviam pra esconder de mim mesma essas tais verdades. As amargas, que me habitam. Porque se eu significasse algo pra alguém, queria dizer que eu tinha um significado. Sabe quando a gente se sente como se faltasse uma parte? Sabe quando a gente se sente alguém que vivo ou morto, bonito ou feio, magro ou gordo, em nada importa? Era assim que eu me sentia. Alguém-que-não-faz-a-menor-diferença. Nossa, isso tá ficando confuso. Então deixa eu voltar ao ponto, se eu significasse algo pra alguém, quer dizer que eu tenho um significado. Certo? Então eu usava das pessoas, queria que elas me vissem em algum valor, vivo ou morto, bonito ou feio, gordo ou magro, pra que eu também me visse assim. Era urgente que eu me encontrasse. Foi ai que comecei a denominar cada pessoa. E cada um, isso eu digo com certeza, servia como proteção. Pra tapar o buraco. Mas é que eles deixavam sempre uma fresta e eu sou pouco satisfeita com coisa pouca. Então resolvi. Melhor mesmo é deixar o buraco aberto. Digo, o das verdades amargas que me habitam. Porque pensei, -pelo menos são verdades. Chega de mentir. Chega de tentar me esconder. Atrás de muros. Atrás das pessoas. Eu resolvi deixar com que as verdades saíssem de lá. Do buraco. E eu estou me acostumando com isso. Digo, comigo. Eu começo a achar que as mentiras eram o que amargava. E começo a ter a certeza de que sou eu quem precisa achar um significado do meu eu. E eu não significo em vivo ou morto, bonito ou feio, gordo ou magro. Eu significo em virtudes. Eu significo em mim. Eu me habito em mim. Eu nunca fui tão eu.

o vaso.

Eu estava na igreja quando tudo aconteceu. Uma mulher pediu para que eu imaginasse um vaso. Fechei meus olhos e... imaginei. Um vaso cinza. Remendado. E sem vida. E dentro dele tinha uma flor. Era uma rosa. Só que preta. E murcha. E cheia de espinhos. E sem vida. Depois, essa mesma mulher, a que me tinha mandado imaginar, me fazendo ser como uma criança, disse que eu era aquele vaso. Nessa hora despontei uma lágrima. E duas. E um choro sem fim. E vou dizer, se eu era aquele vaso, se eu era o que eu podia imaginar, quer dizer que eu sou cinza? E remendada? E sem vida? Quer dizer que se eu for como aquela flor eu sou murcha? E cheia de espinhos? E de novo sem vida? Quer dizer. Eu sou exatamente o retrato daquilo que penso ser. Eu sou aquele vaso. E a minha alma é aquela flor.

sábado, 16 de janeiro de 2010

doçura.

Hoje eu senti uma coisa. E foi diferente. Era doce. Eu tinha me acostumado com coisas amargas. Até o meu café é sem açúcar. Enfim. Era doce. Acho que eu senti o gosto da felicidade. Mas não posso dizer se era. Eu penso que sim. Felicidade é doce. Ou não? Mas que coisa chata. Como é que eu não sei se era ou não felicidade? Devia ser um gosto com gosto comum. Como o gosto de um chocolate. Eu sei que é chocalate assim que coloco na boca. Mas não sei se era mesmo felicidade. Porque foi diferente. Eu não conhecia esse gosto. E sabe que gostei? Vou procurar sentir isso sempre. Eu ando amarga como o meu café. Vou procurar ser doce. Pra ser feliz.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

confissão.

Eu queria conseguir descrever aquela sensação. Foi instantânea à minha entrada. Uma fenda separava o que ficava dentro do que ficava fora. E eu ali, na parte de dentro da coisa. Acima eu não via, mas sabia que havia cordas que sustentavam até 300 kilos. 'Estou só aqui e, afinal, meu corpo não pesa tanto', pensei tentando ficar um pouco mais confortável. E a porta se fechou. Eu respirava acelerado, os batimentos do meu coração ameaçavam chegar a zero, eram lentos, bem fracos, eu rodava ao redor de mim mesma, inquieta, vendo imagens monstruosas se projetando no espelho, o tempo parara, eu podia ficar presa, as cordas podiam se arrebentar, e o ar me entrava forte, era como se eu puxasse com raiva temendo que acabasse, o pânico já me doía nesse momento, e nada, não chegava, 'por quê é que não peguei as escadas?', foi então que o choro começou, eu podia ouvir com clareza e vinha de um bebê, e depois o grito de uma mulher, impotente, assim como eu, e a voz de um homem dizendo que tinha chegado a sua hora de partir, era o que eu queria naquele instante, mas eu não tinha pra onde ir, tentei me esconder debaixo dos meus próprios braços, fechei os olhos em desespero, não queria ver tantas sombras e imagens e não queria que aquelas vozes continuassem, e elas não paravam, o choro agora distante, o grito ofegante, a voz ameaçadora e nada, parecia haver horas em que eu estava lá dentro e nada de décimo terceiro andar, eu agora suava frio, sentia minha pressão caindo por minhas pernas, como se me tivessem golpeado, estavam trêmulas, eu em choque, sentindo um aperto no peito e um medo e um pavor e eu queria sair dali e... finalmente. Chegou. Saí daquela caixa do terror e; toc, toc, toc. Entrei. Deitei-me. Tomada de insônia e dor. Desde então, dia a dia, minuto a minuto, me aumenta o pânico, de chuva e de carro e de gente e de água e de fogo e de claridade e de escuridão. Eu tenho medo do próprio medo. Não posso mais ficar só. Vigiam-me em tudo o que faço. Mas olhe só como é que as coisas são, logo agora, logo agora que eu começava a entender o que era ser livre. Logo agora que eu começava a gostar de mim. Não sei se me gosto. Não dessa maneira. Eu quero ter coragem. Pra enfrentar o que mais me amedronta. É que começo a ter medo de... viver.

desconsolo.

Tenho a sensação de ter morrido.
Tudo aqui é oco.
E cheira a podre.
E cheira a merda.
E tem cheiro de solidão.
.
Tenho a sensação de ter morrido.
Minha cabeça é oca.
E meu pensamento, podre.
Eu me sufoco em merda.
E tenho o cheiro da minha condição.
.
Tenho a sensãção de ter morrido.
Se é que vivo um dia fui.

e pra você, um sorriso.

De longe eu via, estava mesmo distante, não era a distância em metros, mas pensava em outro lugar. De alguma forma eu sabia onde estava aquela menina. Seus olhos molhados desejavam encontrar o que deixava a outra perdida. Tudo o que ela queria era arrancar um sorriso daquela moça, olhos fundos e tristeza nítida, a quem tanto amava. Eu sabia onde estava aquela menina. Porque a outra era eu. Estava no lugar onde moram os sonhos, sonhando em ver o dia em que eu a calma pudesse encontrar. E ela, não eu, a outra, me arranca sorrisos quando quer. Porque invade a minha alma de paz e fé. E embora discretos, digo tímidos, haja a tristeza que houver, esses sorrisos vão sempre estampar meu rosto. É uma forma de dizer que nunca vou desistir. É uma forma de dizer pr'aquela menina a quem tanto amo, que eu embora sinta-me em pleno fim, -resta-me ainda a vontade de continuar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

eu insensível.

É uma força que me empurra pra baixo, não sei explicar como é, mas arrebata. Um desanimo que me pesa o corpo e eu não sei o que ainda posso fazer. A falta de vontade é só preliminar de mais um dia sem sentido. De mais uma noite sem sonhar. Eu busco crer. Tenho muita fé. Mas há horas em que as coisas não acontecem, o cheiro de café fresco já não vem, e tudo que eu queria era um pouco de ânimo pra continuar. Eu queria ser forte pra pensar que amanhã talvez seja melhor, mas só o que consigo é inundar-me em meio a indeferença. Em meio a culpa de não ter estado lá. Minha cabeça dói tanto! Minha memória é falha. Meus pensamentos se cortam por não conseguirem lembrar. Ah, estou farto de tanta apatia. E o que mais me incomoda é que eu queria querer. O que fosse. Mas até isso me mete medo. Talvez porque esse lugar aqui seja tão escuro e frio e sombrio que não deixa desejo algum entrar. Talvez porque... esse lugar é o meu coração.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

com apreço.

-para Luiza Paulino-

Eu acendi um cigarro outro dia e antes de cuspir o trago, ouvi, ''pare com isso menina, jogue isso fora'', e confesso que num primeiro momento achei aquilo uma afronta! Mas tá, parei pra pensar, ando fazendo muito isso ultimamente, essa coisa de parar pra pensar, chega de impulsão, enfim, parei pra pensar, e quer saber? Essa menina que me disse isso, essa menina é minha amiga. Mesmo. Porque amigo não é aquele que concorda com tudo o que a gente faz. Ele afronta. E mostra o melhor a ser feito. Eu pensava que amigos eram aqueles que sempre me diziam sim, eram esses os que mais me faziam rir e rir e chorar de tanto rir. Mas será mesmo que esses, os que nos-fazem-sentir-os-donos-do-mundo, será mesmo que eles são os amigos? Não acho que sejam. O amigo é aquele que diz, 'não'. É aquele que diz, 'não faça isso'. Aquele que diz, ' olha, vá por esse lado'. E o que eu quero dizer com essa ladainha toda, não é bem isso. Quero dizer, -obrigada. Pelas vezes em que me ensinou a ser mais sincera e mais humana e mais gentil. Pelas vezes em que fez cara feia pro meu copo de cerveja e pro meu cigarro. Pelas vezes em que condenou minha inconsequência. Obrigada pelas vezes em que me deu os ombros, fosse negando um pedido, fosse me ouvindo desabafar. Eu queria te dizer, -você me ensinou o significado da amizade. Te dizer, -você me fez ver que nem todos são iguais. Você é especial. Vejo a sinceridade nos seus olhos. E a confiança. E o afeto. E o carinho. E o amor. Quero-a sempre por perto, seja como for. Porque você me fez parar de procurar pegadas em rastros. Me fez seguir um caminho com direção.