segunda-feira, 30 de abril de 2012

amarelo.

Meu sorriso costumava ser branco. Sereno. Cheio de paz. E felicidade. Agora não mais. Meu sorriso agora está amarelo. Também, não é por menos. Depois de tantos e mais tantos cigarros. E goles de conhaque. Café. Coca-cola. Enfim. Talvez essa seja uma boa explicação. Ou não. Talvez meus dentes estejam amarelos pelo que me entristece. Saudade. Falta de amor. Próprio. E direcionado. Talvez o meu sorriso esteja amarelo há tempos e eu só tenha percebido agora. Porque, talvez, somente agora me caiu a ficha de que ela nunca me pertenceu, não me pertence e não, nunca vai pertencer-me. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

inato.

A vida da gente é engraçada. Pelo menos a minha é. Tudo planejado, okay. Até que uma coisinha sai  de seu lugar e muda tudo. Nem era para eu estar naquele lugar, naquele momento. Mas eu fui. Estava lá. E deu-se o encontro. Parecia fácil entender o sabor daquele beijo. Mas não. O sabor veio ardente e doce. Talvez como nunca viera antes. Por que tinha que acontecer? Será destino? Acaso? Sorte? Ou ilusão? Será bobagem? Paixão? Ou mais um amor querendo brotar de dentro do peito? Mas que desgraça! Eu preciso entender-me! As pessoas insistem em dizer -não, calma, não é nada disso, você é fria e totalmente racional - Certo, parei para pensar. Mas não, logo eu? Logo eu, essa romântica inata, que não tem medo de amar, apenas de ser amada? Eu-não-sou-assim. Eu amo mesmo, cuido mesmo, quero mesmo. Sem essa de pura racionalidade ou frieza. Se eu fui fria com você, que ótimo, você mereceu. Mas não era disso que eu falava. Vamos voltar. A vida da gente é engraçada. Como é que um encontro pode mudar o rumo de tudo? Fazer do coração um servo que bate e bate e bate no ritmo dos passos de um outro alguém? É assim que anda o meu. Batendo forte. Acelerado. A cada sorriso que ganho. A cada beijo que provo. A cada abraço que sinto. Venha mostrar-me que destino e acaso não existem. Que a palavra 'sorte' é dita pelos fracos.  Que ilusão e paixão não passam de um fogo que se apaga. E que você acredita que o amor não se acaba. Se preciso for, minta. Mas minta com toda a verdade do seu peito. Com toda a palavra dita pela sua boca. Por todo o calor que sobe do seu corpo nu. Minta que me adora. Que me deseja ter por perto. Que quer fazer não só do meu coração o seu servo, mas também da minha mente, do meu sexo, enfim, do meu corpo por inteiro. Minta. Eu gosto de ouvir mentiras. As mentiras, às vezes, dizem mais a verdade do que a própria verdade. A graça da vida, que eu dizia antes, está ai.  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

inverno.

Se flores florescem no inverno, o amor pode nascer, mesmo em corações frios.

sábado, 14 de abril de 2012

ousado.

O que eu sinto fica no peito. Às vezes sou ousada demais e tento expressar em palavras o que minha carne sente. Enfim. Essa é minha lei. Desobedeceu, vai preso. Então fico assim, escrevendo. Escrever é a minha maior sentença.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

dócil.

Sabe aquele gosto salgado de lágrima? Sim, aquele gosto de mar. De comida da mamãe. De domingo à tarde. De festa sem música. De amor não correspondido. Em mim isso não funciona mais. As lágrimas pra mim têm gosto de açúcar. São doces mesmo. De um sabor viciante. Quanto mais eu choro, mais eu quero chorar. Parece ridículo, mas é a pura verdade. Eu não costumava chorar muito, diziam até que eu era muito forte. Então o que aconteceu com aquela menina que queria mudar o mundo dando apenas um sorriso? Aconteceu sim. É que a vida foi mostrando pr'aquela garotinha que nem tudo se paga com um sorriso. E, agora, antes não, mas agora sei que nem com lágrimas. Talvez por isso eu tenho chorado tanto. Pelo calor que me sobe. Pelas mãos que me descem. Pelo amor que me falta. E, ao mesmo tempo, me sobra. Hoje não importa, ontem sim, hoje não mais, hoje não importa o que amo. O amor é insuficiente - ela adora usar essa palavra; não concordo de todo com o termo, mas talvez ela esteja certa. Foi pouco. Amar não bastou. Na verdade nunca basta. E essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto... Doces. Meigas. Fúteis. Honestas. Mentirosas. Repito, doces. Essas lágrimas têm me ajudado a descobrir que sim, o salgado pode ser doce. A gente tem que aprender isso. De uma vez por todas. Imploro que me caiam rios, mares, tempestades. Imploro por chorar. A lágrima que tem gosto doce. Que meus olhos não parem de sorrir, enquanto minha boca puder chorar. Que meus olhos digam toda e cada palavra que meus lábios insistem em calar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

grão de areia.

As recordações de um tempo bom
passam pela minha cabeça.
Em meu pensamento vejo o seu olhar
olhando pro meu.
Eu me pergunto:
como foi que deixei você ir?
Como areia escorrendo pelas minhas mãos,
até o último grão.
Eu te amei.
E te chamei.
Mas você não veio.
Você nunca, nunca veio.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

agonizante.

Pior que a dor de não se ter um amor, é a dor de tê-lo e não conseguir preservá-lo. Como atingir o ponto máximo de uma relação quando tudo parece perdido? As coisas são assim. Um dia, depois o outro. E, a cada um, parece que eu vou gostando menos de mim. Gostando menos de mim, eu gosto menos do outro. Entende? Confuso? Complexo? Não. É só um fato. Aflição extrema. É isso que tenho sentido. Angústia. Tormento. Nada parece dar certo. E no meio disso tudo há agravantes que me deixam ainda mais sofrida. Parece clichê, - e realmente é - mas é assim que anda a minha vida. Uma equação de números binários, sem resposta. Não consigo achar o valor de 'x'. Um mais um? Não, realmente não são dois. E está ai o problema. Quando uma pessoa se junta a outra, a resposta não tem que ser dois. Tem que ser apenas um. Entende? Confuso? Complexo? Não. É só um fato. E fato não se discute. Então por maior que seja a dor de tudo ter que se acabar assim, é preciso aceitar. Talvez, compreendendo tudo isso, eu consiga me curar dessa dor que me atinge o peito.