sexta-feira, 13 de abril de 2012

dócil.

Sabe aquele gosto salgado de lágrima? Sim, aquele gosto de mar. De comida da mamãe. De domingo à tarde. De festa sem música. De amor não correspondido. Em mim isso não funciona mais. As lágrimas pra mim têm gosto de açúcar. São doces mesmo. De um sabor viciante. Quanto mais eu choro, mais eu quero chorar. Parece ridículo, mas é a pura verdade. Eu não costumava chorar muito, diziam até que eu era muito forte. Então o que aconteceu com aquela menina que queria mudar o mundo dando apenas um sorriso? Aconteceu sim. É que a vida foi mostrando pr'aquela garotinha que nem tudo se paga com um sorriso. E, agora, antes não, mas agora sei que nem com lágrimas. Talvez por isso eu tenho chorado tanto. Pelo calor que me sobe. Pelas mãos que me descem. Pelo amor que me falta. E, ao mesmo tempo, me sobra. Hoje não importa, ontem sim, hoje não mais, hoje não importa o que amo. O amor é insuficiente - ela adora usar essa palavra; não concordo de todo com o termo, mas talvez ela esteja certa. Foi pouco. Amar não bastou. Na verdade nunca basta. E essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto... Doces. Meigas. Fúteis. Honestas. Mentirosas. Repito, doces. Essas lágrimas têm me ajudado a descobrir que sim, o salgado pode ser doce. A gente tem que aprender isso. De uma vez por todas. Imploro que me caiam rios, mares, tempestades. Imploro por chorar. A lágrima que tem gosto doce. Que meus olhos não parem de sorrir, enquanto minha boca puder chorar. Que meus olhos digam toda e cada palavra que meus lábios insistem em calar.

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