sábado, 26 de abril de 2014

sobre um espaço preenchido.

ao irmão .



-Nossa, complicado. 
-Falei.
-Você tá falando isso mesmo?
-Hoje a gente está mandando bem.
-Hum.


E toca Doces Bárbaros. Temos escutado muita música por esses dias. ''Ela estava em silêncio, eu estava em silêncio. Eu sentia o corpo dela junto ao meu..." Imóveis acerca do que se passava. ''Nós dois pretendíamos a paz dentro da violência do mundo...'' E nós ''alojados dentro dela''. 

A paz. É isso. O que sinto do lado. Ótima música pra falar um  pouco de nós. Mesmo com tanta madrugada insone. Tranquilos. Quando juntos e pelo simples, -que de simples não tem nada.-, fato de sabermos que estaremos sempre ali.



nota: é o que acontece, cada encontro. São almas marcadas.

domingo, 20 de abril de 2014

me gusta la pregunta.

Escuto Manu Chao. É bonito o que ele diz. ''Me llaman calle... calle sufrida, calle siempre atrevida, asi me disparo a la vida. Calle más calle: sin salida.'' Me gusta. Parece com tudo. Sim, claro! Como não saber? 


....


Trago a metade do cigarro já fumado anteriormente por mim. Comprei uns refrigerantes e me lambuzo. Quanto açúcar. Trago, também, grandeza. Beto já me dizia que isso é ser grande. É! Imagine só: ter que aceitar que são certas tantas incertezas... Enfrentar tanto poderio superior ameaça. É uma ameaça a cada parte ainda crente que existe dentro de mim. Não, não estou dizendo que não tenho fé. E não é a sua igreja que vai me convencer. Eu tenho fé sim. Em um Deus que é o meu e me basta. Vejo-o em raios, luares, mares, calles, amores. Mas Ele não é uma instituição. Eu não acredito nela. Pra mim, não passa de um monte de blá-blá-blá com intenção reversa. Eu tenho fé. Mas aceitar que tudo é tão feito de pó. Num sopro se vai. E pra onde? E volta? E como? Mas... como? E me perco em meio a tantos porquês e poréns. Falta-me sempre a pergunta que tem resposta. Não, não acredito em tudo que dizem por ai... Trago o último trago de meu cigarro e de minha grandeza.


...


E a música continua. Nua. Querendo ser escutada. Querendo ser vista. Querendo ser reparada. 
Só digo a ela que sim. Continue. Há músicas que são poesia cantada. Me gusta la poesia. Me gusta su rebolado. La musica hace lo mismo. E novamente me sinto grande.  E novamente fico sem entender. 

sábado, 19 de abril de 2014

insight.

Sem intenção
vem-me a poesia.

É simples.
É discreta.

                                                                                                                                             Faz o mesmo.

                                              Vem, traz seu o limite.
           Vem, faça o seu palpite.
                                                                                                                              Vem, traz o seu insight.
                                                                            Vem, faça a sua arte.
Vem, cada um faz parte.
                                                                                              Vem, essa é a conduta.
                                       Vem, traz a sua luta.
                                                                                                                            Vem, que seja pro abate.
Vem, de ensejo ao combate.
                                                                    Vem, o desejo grita.
                                    Vem, coração palpita.
Vem, de encontro ao vigário.
                                                                                             Vem, traz o seu armário.
                                                      Hein, não seja regra bruta.
                                                                                                                            Nem vem de alma curta.
                                                        Bem você faz de sobra.
                 Quem fará discórdia?
                                                                             Trem que te leva em instantes.
                  Sem ou com consoante.


Dissonante.
Torturante.
Displicente.
Sem alcance.
Coadjuvante.
Hesitante.
Mais um integrante. 

                                                                                                                                  Dessa onda de saltos
e amantes.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

letargo.

Música engraçada esta tocando. Lembra-me de um lugar que eu só fui quando não controlei minhas forças. Eu não passava de uma cabra-cega que enxergava sim, na escuridão. Eu via tudo; via o dia e a noite ao mesmo tempo. Era um sertão. Era também um lugar sujo, nada  encantador, pelo menos para aqueles que eu nem sabia se eram meus olhos. Era tão difícil ver.  Mas eu não escolhi o fechar dos cílios. Tinha tanta coisa que eu nem imaginava existir... tinha. Eram luzes, brancas e pretas. Brilhantes como aquele raio de sol que cega. Eu fechei então, os olhos. E fui tremendo, quase quase morrendo. Foi aos poucos aquela dor. Eu comecei a ouvir. Eu ouvia as energias. De cada um que foi morrendo  também aos poucos. E eram fortes. Eram sinceras. Elas não apareciam de quem não se importava.  Vinham daqui, de lá. Bem longe. Do outro lado do mundo. Eu não sei se posso disso falar. Mas registro, já que sei que quem chegar a ler isso, vai ter a sua interpretação. E eu, a minha. Isso é bom. Mas, voltando, eu as ouvia. Todas elas. E não eram más. Eram do contrário repletas de amor, cuidado, desesperadas pelo talvez que a minha vida transmitia. Músicas engraçadas. Essas que tocam no rádio. Algumas eu nunca tinha parado pra ouvir. E paro. Dia a dia porque sei que eu precisava e ainda preciso  que a minha mente saísse e saia do lugar. Naquele dia, o que as energias foram tão fortes a ponto de me fazerem voltar a ter olhos abertos. Eu disparava, respirava, eu implorava pela minha vida. Àqueles que me energizavam por dentro. Àqueles que eram responsáveis por todas as minhas energias. Eu quis voltar. Eu quis ver o que todo mundo via novamente. E eu fui ouvida. Sim, aquela sorte que eu tive, quando ainda era tempo, escutou. E a cidade se acendeu de novo. Era um quarto de hospital. Eu sentia tanta dor na cabeça que achava que eu ia ficar sem palavras por não conseguir mais pensar. E que paz eu senti quando vi que, apesar de uns trincos, estava inteira. Eu só queria dizer que eu nunca quis. E que estou muito feliz por não ter de fato acontecido. É  bom voltar a sonhar. E ver que agora os sonhos são meus. Coloco e peso tudo na balança. Peneiro tudo. E não, o meu amor não dói. 

terça-feira, 1 de abril de 2014

logro.

Hoje é o dia da mentira. E o que há de mentira dentro de mim? E o que há de mentira dentro desse mundo? O mundo esquece que mentiu. Esse é o pior mentiroso. O mundo mente, mata. Eu minto, não nego. Mas perco feio para tanta mentira que mente esse mundo. Vem de todo lado. E você, mente? Ora, mas é claro. Estou falando com você, seu racista, machista, estuprador e homofóbico de merda. Você diz que aceita e, ao contrário, sente suas entranhas vomitando preconceito. E digo de novo: P-R-E-C-O-N-C-E-I-T-O! O que te faz sentir-se melhor do que um negro, uma mulher, vestida mesmo que de nu, um LGBT, o que? Você tem dinheiro? Pois deixe-o guardado para suas regalias. Ei, escuta: -você não é melhor que os outros. Tá bom, deixa eu me recompor de classe. Senão as pessoas mentem que gostam, para depois dizer: -mas o texto é baixo. -Baixo não, eu digo. Tudo o que está aqui não passa de repúdio e indignação por pessoas que pouco deixam fazer sentido o que se pensa. Se é que isso fazem. Hoje é o dia da mentira. Então para de dizer que não tem preconceito, fazendo dele o seu maior pilar. Para e pensa. Pensa na mentira que é isso tudo; esse mundo, o seu ser. Vão-se embora, antes da aurora, porque, amigo. Ninguém mente que está com frio, medo, fome. Isso é verdade. Então respeita. O índio, o pobre, o negro, o gay, a mulher. Enfia nessa sua cabeça que preconceito serve pra quem não tem conhecimento. E goza um dia lindo, repleto de pessoas iguais a você. Mentirosas