segunda-feira, 7 de abril de 2014

letargo.

Música engraçada esta tocando. Lembra-me de um lugar que eu só fui quando não controlei minhas forças. Eu não passava de uma cabra-cega que enxergava sim, na escuridão. Eu via tudo; via o dia e a noite ao mesmo tempo. Era um sertão. Era também um lugar sujo, nada  encantador, pelo menos para aqueles que eu nem sabia se eram meus olhos. Era tão difícil ver.  Mas eu não escolhi o fechar dos cílios. Tinha tanta coisa que eu nem imaginava existir... tinha. Eram luzes, brancas e pretas. Brilhantes como aquele raio de sol que cega. Eu fechei então, os olhos. E fui tremendo, quase quase morrendo. Foi aos poucos aquela dor. Eu comecei a ouvir. Eu ouvia as energias. De cada um que foi morrendo  também aos poucos. E eram fortes. Eram sinceras. Elas não apareciam de quem não se importava.  Vinham daqui, de lá. Bem longe. Do outro lado do mundo. Eu não sei se posso disso falar. Mas registro, já que sei que quem chegar a ler isso, vai ter a sua interpretação. E eu, a minha. Isso é bom. Mas, voltando, eu as ouvia. Todas elas. E não eram más. Eram do contrário repletas de amor, cuidado, desesperadas pelo talvez que a minha vida transmitia. Músicas engraçadas. Essas que tocam no rádio. Algumas eu nunca tinha parado pra ouvir. E paro. Dia a dia porque sei que eu precisava e ainda preciso  que a minha mente saísse e saia do lugar. Naquele dia, o que as energias foram tão fortes a ponto de me fazerem voltar a ter olhos abertos. Eu disparava, respirava, eu implorava pela minha vida. Àqueles que me energizavam por dentro. Àqueles que eram responsáveis por todas as minhas energias. Eu quis voltar. Eu quis ver o que todo mundo via novamente. E eu fui ouvida. Sim, aquela sorte que eu tive, quando ainda era tempo, escutou. E a cidade se acendeu de novo. Era um quarto de hospital. Eu sentia tanta dor na cabeça que achava que eu ia ficar sem palavras por não conseguir mais pensar. E que paz eu senti quando vi que, apesar de uns trincos, estava inteira. Eu só queria dizer que eu nunca quis. E que estou muito feliz por não ter de fato acontecido. É  bom voltar a sonhar. E ver que agora os sonhos são meus. Coloco e peso tudo na balança. Peneiro tudo. E não, o meu amor não dói. 

Um comentário:

  1. Melhor do que saber que não aconteceu, é perceber que não, você não quis. Melhor do que sentir que pode abrir os olhos e então ouvir todas as coisas boas, é aceitar todas essas energias. Fico muito feliz...

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