terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ao som de violinos.

Coisa séria é nosso laço
transcende o espaço
contorna o traço.

Queria encontrar selos por esses anos; para enviar cartas. Longe. Fica-se tão perto. Vê-se o deslizar das letras, escritas de forma quente e suave. Onde posso encontrar selos por esses anos? Alguém ai, pode dizer-me? Queria registrar cartas. Mas são tantas as que eu escrevo! Preciso de selos. Muitos deles. Quero enviar. Toca Bach nas caixas de som. Violino tão quente e suave; como a letra. Sei como gosta dele, -Bach. Se eu arrumasse uns selos por esses anos eu te enviava o disco. Diz, ai?! 

Coisa mais séria é o abraço
selo em laço
cor de aço
refaz o traço.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

é só isso.

Atire em mim, pelo Santo!
Não, não. 
Mas é que é cais!
Cana doce?
Garapa gelada.
Estrela luzindo?
Sei não. 
Talvez. 
Ou amanhã.
Vem cá.
Onde?
Aqui.
Onde o mar faz ondas.
E o negro vem?
Dentro de um barco.
Dante já havia sonhado com isso?
Legado. 
Se é loucura, você está preso.
Por atirar em mim a verdade?
Chicotada e tudo...
Serpente de Satanás.
Quanto horror!
Rola em mim. 
Desgraçados esses homens.
Os que os trouxeram.
Campo aberto, algemas no braço.
Iniquidade. 
E eles tem bandeira?
Tem, tem sim.
E que cor tem?
Cor de força e fé.
A mesma cor dos outros?
Sim, verde e amarela.
Mas não vieram de lá?
Escravizados aqui.
Atire, agora. 
Oras, em quem?
Não em mim.
Neles.
Atira n'alma deles.
Como castigo, mostra?
Mostrar que é verde e amarelo?
Mesmo que não fosse.
Também tem azul e anil.
A batalha é a mesma.
Se espalha pelo mundo?
Ouça, vamos mudar esse mundo.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

musa.

A gente finge ser nada o que é alvorada em nossos lençóis.
Eu preciso ir te buscar.
Dói muito ficar longe.
Eu me vejo escrevendo todo dia pra você.
É, por que?
Você pergunta cada coisa!
(risos).
Nossa canção tocava toda hora.
Quer dizer,
eu tocava pra você.
Explica que tudo bem a gente se dar bem.
Eu não sou um fora-da-lei.
Além do mais,
o Sol nunca mais vai se por pra nós.
Vem cá, fita esses meus olhos castanhos,
da tamanho pra essa minha vida.
Fazemos tão bem a nós.
Vem todo domingo me fazer uma visita.
Apurar meu tamborim,
o som da minha gaita é tão mais agradável.
Esse é o nosso lugar.
Vem cá, senta aqui no meu colo,
esquenta esse lugar que é tão seu;
como sou eu todo.
Sprechen Sie Deutsch?
Ich verstehe ein Bissen.
Liebe dich.
Ich auch.
Está bem, chega!
(risos).
Sem você a vida é morna.
Passei a falar comigo.
As lágrimas caem toda noite
em que eu não deixo de orar por nós.
E eu choro tanto que tenho pena de mim.
Cruel distância.
Crucial circunstância.
Tenho fé em Deus.
Porque o maior de todos os Deuses
se chama amor.
Preciso dormir,
mas penso tanto na gente.
Amar-te vagarosa e urgente.
Precisamos querer tudo,
fico encantada ao lado seu.
O meu amor... é só seu.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

uma página.

É sempre assim.
Eu tomo um café ao chegar do trabalho.
Acendo um palheiro e pronto.
Saio da varanda.
Tranco a porta. 
Verifico se está mesmo trancada.
Quarto.
Outra porta, também trancada.
Computador.
Música.
Pronto, poesia.
Manca na solidão.
Forte.
Só por um acaso. 
Mais um fracasso poético,
musical.
Mas que me ilude.
E eu rude, escrevo.
O que me acontece agora,
talvez, -não, certeza!,
não vai acontecer outra vez.
E ninguém, 
nunca, 
vai tirar-me a certeza de que é certo.
Tocando n'alma minha,
pode ter razão,
ou não, -me perdi.
Volto.
Escrevo.
Registro.
Pra que amanhã eu leia o ontem.
E apague cada superfície que me tocou.
Vejo que minhas mãos 
ocuparam-se em trucidar 
cada repúdio em que se deslizaram.
Rendadas, 
quadradas,
dedos longos,
bem próximas do peito,
que agora se faz fenda,
o coração de pedra nelas se aconchega
e não me executa,
mas dá forças comoventes,
força d'água no corpo,
força de fé por dentro.


(trecho do meu caderno pessoal.)