quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

uma página.

É sempre assim.
Eu tomo um café ao chegar do trabalho.
Acendo um palheiro e pronto.
Saio da varanda.
Tranco a porta. 
Verifico se está mesmo trancada.
Quarto.
Outra porta, também trancada.
Computador.
Música.
Pronto, poesia.
Manca na solidão.
Forte.
Só por um acaso. 
Mais um fracasso poético,
musical.
Mas que me ilude.
E eu rude, escrevo.
O que me acontece agora,
talvez, -não, certeza!,
não vai acontecer outra vez.
E ninguém, 
nunca, 
vai tirar-me a certeza de que é certo.
Tocando n'alma minha,
pode ter razão,
ou não, -me perdi.
Volto.
Escrevo.
Registro.
Pra que amanhã eu leia o ontem.
E apague cada superfície que me tocou.
Vejo que minhas mãos 
ocuparam-se em trucidar 
cada repúdio em que se deslizaram.
Rendadas, 
quadradas,
dedos longos,
bem próximas do peito,
que agora se faz fenda,
o coração de pedra nelas se aconchega
e não me executa,
mas dá forças comoventes,
força d'água no corpo,
força de fé por dentro.


(trecho do meu caderno pessoal.)

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