sábado, 30 de julho de 2011

derrota.

E depois de tudo esse é o fim. Céu por inferno eu prefiro o segundo. Lá eu tenho mais amigos.

domingo, 24 de julho de 2011

profundo.

Quem foi que deixou que você me olhe assim?
Seus olhos são tão pretos.
Tão profundos.
Marcam tanto que chegam a ferir minha carne.

Quem foi que deixou que você me toque assim?
Suas mãos são tão lisas.
Tão profundas.
Marcam tanto que chegam a tocar meu sangue.

Quem foi que deixou que você se fosse assim?
Seus passos são tão longos.
Tão profundos.
Marcam tanto que chegam a ser saudade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

a menina e a lua.

Era uma vez uma menina que conversava com a lua. E não havia nada que as separasse. Apenas a distância entre elas. Elas se olhavam madrugada adentro. Era um caso de amor. A lua sempre respondia o que a menina gostava de ouvir. E sim, essa menina era eu. Eu costumava conversar com a lua quando mais jovem. Eu tentava tocá-la a todo instante. Achava aquilo lindo. Nova, cheia, minguante. Eu esperava ansiosa pela chegada da noite. E pronto! Lá estava ela. Deslumbrante. Brilhante. Rodeada de seres um pouco menores que ela. Eu não faltava um só dia. Ia até a varanda, olhava pro alto e disparava a falar. Eu me sentia acompanhada, mesmo tão só. Era ela a minha companhia. A lua sempre me dizia o que eu queria ouvir. O tempo foi passando, a menina cresceu, a lua foi distanciando-se e fim. Fim do caso de amor. É que a lua parou de dizer o que eu gostava de ouvir. Meu pensamento já não era meu. E eu comecei a entender que aquela garota era ingênua demais. A lua nunca havia respondido nada. A voz que ela ouvia era a sua própria. E, agora, ela não se importa mais com o que a lua tem a dizer. A verdade dói. A minha verdade dói.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

hábito.

Estou acostumando-me a perder amores. E começo a achar que a verdade é que eu nunca os tive.

domingo, 3 de julho de 2011

estúpida retórica.

Não é novidade falar de amor. Eu sempre falo disso. Desse sentimento que toma o corpo, a alma, o coração. O amor não pode se tornar uma doença. Não é sadio que se torne isso. Quando a gente pensa em doença, logo vem à cabeça algo que precisa de remédio. O amor não é assim. O amor não precisa de remédio. Porque o remédio já é o ato de amar. E não, nenhum amor é como o primeiro. O primeiro a gente não se esquece. Ele enlouquece. Ele tira todo o ar. A gente passa a querer ser um só, em corpos de dois. E é por isso que eu me lembro. Enlouqueço. E me perco. Em meio a tanto ar.