quarta-feira, 27 de junho de 2012

platônico.

Volta e meia um sorriso me escapa. E, tenho observado, que isso sempre acontece quando penso em um alguém que já me ganhou, mas o pior é que nem desconfia. Ou talvez desconfie e finja não desconfiar. Eu me sinto desesperada por um abraço, daqueles em que a pessoa te abraça e diz ao pé do ouvido, baixinho, letra por letra, s-e-n-t-i s-a-u-d-a-d-e-s. Seria bom. É o que eu mais preciso nesse momento. Um abraço. Eu não quero ninguém para tapar antigas feridas. Não é isso. Hoje os raios de sol me acordaram da minha insônia e eu percebi que ainda há pouco observava a lua. Engraçado isso, não? O tempo passa muito rápido. E é por isso que eu quero abraçar o infinito. Se o amor vier ao nosso encontro, não precisaremos de ninguém, além de nós, para aprovar. O negócio é amar. Amar o cuidado. Amar o carinho. Saber amar o amor. É hora de fazer o que eu quero! Cansei-me de pedir autorização às pessoas para ser feliz. E se a minha felicidade estiver em suas mãos, eu te compro um anel, te peço para ficar, para me abraçar, me beijar até a hora em que eu sinta vontade de tirar por completo a minha roupa. E então, você vem?  

sexta-feira, 22 de junho de 2012

é possível.

Estou vendo as coisas de outro modo.
Agora só penso em você e eu.
Se ao menos pudéssemos tocar-nos.
Mas sua pele não me encosta.
Seus lábios não me beijam.

Estranho pensar em como tudo muda.
Antes ali, nem pensava em ter-te.
Agora quero o tempo todo ver-te.
Eita, que confusão!
Desculpe, perdoe-me por querer.
Mas é mais forte que eu.

Pode ser nada.
Pode ser problema.
Pode ser patético.
Pode ser loucura.
Pode ser ilusão.

Mas já pensou que pode ser amor?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ruína.

O caminho é perigoso. Mas infinitamente misterioso. E é disso que eu gosto. Do que não termina para sempre. E é disso que eu gosto. De sentir medo. De me atirar do alto sem ter em quem me segurar. Se sentir medo é uma virtude, cara, eu sou a pessoa mais virtuosa desse mundo. Tenho medo de tudo quase. Confesso que hoje meu dia amanheceu diferente. Muita coisa em seus devidos lugares e isso não é normal. Não quero banalidades, mas arrumar o que está a minha volta é um jeito de recomeçar. A porta fechada me lembra que ela não vai chegar. Nunca. Mas não, eu não vou desistir. Quero correr o risco se preciso for. E, se ainda assim não der certo, okay, eu tentei. Não gosto dessa coisa de arrependimento. Mas é que às vezes eu paro e penso que podia (e pode) ser diferente. Sim, ela tem visitado minhas madrugadas insones. Tenho feito muita coisa pensando em como seria. Mas acho que nunca será. Enfim. Eu sei esperar. Que o medo que eu sinto, que o medo que ela sente, não nos impeça de seguir em frente. Se for para descobrir o amor eu estou disposta a tudo. E quando digo tudo é tudo mesmo. E é disso que eu gosto. De enfrentar o mundo. De dizer o que penso e de escutar o que não mereço. Não é que eu não me ame, não tem nada a ver com falta de amor, não. É amor de sobra. Mas sem ter a quem canalizar. Entende o meu desespero? Hoje estou sozinha. Meu olhar beira ao precipício. Segure minhas mãos. Não me deixe ir. Nesse instante é o que eu quero: uma passagem para o infinito. Talvez eu volte ainda hoje; mas talvez o meu medo me faça ficar para sempre. Aquele sempre que quer dizer nunca mais.

sábado, 16 de junho de 2012

conquiste sua liberdade.

E ontem já não é mais hoje. Amanhã será depois. O que esperar do futuro quando não se desvincula do passado? Para com isso, menina. Vai para frente, esquece! Siga e ria e cante e corra e, se preciso for, chore. O dia depois de hoje é amanhã. E assim o deixa de ser ao próximo nascer do sol. Não sei se me entende, não sei se sabe que isso é para você, mas eu tinha que falar. Basta! Chega! Já deu e foi! Ninguém pode viver no passado, isso dói. E dor já basta a cotidiana. Por quê insistir em algo que talvez nunca tenha sido realmente seu? Por quê? Por quê? Pare de reclamar, aja, viva. Esqueça o que se foi e se importe com o que será. Engraçado eu falando tudo isso para você. Eu que vivo me queixando da vida. Engraçado, mas eu queria que você me escutasse, mesmo que eu não signifique muita coisa para você. De uma coisa eu sei: o passado não pode impedir-te de seguir em frente, porque para trás quem anda é caranguejo, com o perdão do clichê. Enfim. Se é isso que quer ser, que seja. Mas, como tal, transforme suas patas em pinças e proteja-se de você mesma. Não ataque, mas liberte-se.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

entrelaço.

Ela não vai me negar abraços.
E abraços são laços.
Entrelaçadas assim, ficaremos bem.
Sim.
Ficaremos bem.
Então me abrace.
E, se sentir vontade, deixa vir de dentro.
Beija minha boca, tira a minha roupa.
E me enlace em você.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

desordenado.

Eu encontrei a paz. Reencontrei, para ser mais exata. Ou será que eu nunca a tive? Tcha-tcha-tchaan! O caminho mais fácil? Hoje não. Fique atento, caro leitor, fique atento. Eu quero os pedregulhos, as pedras, as montanhas. Eu não vou para Pasárgada. Não sou amiga do rei. Sou amiga é de gente como eu. Sem essa de realeza. Mas não era disso que eu falava... eu quero o abismo. O labirinto. O inferno. No céu só deve haver gente boazinha demais. Não, eu quero o inferno, queimar meus pecados e cometê-los novamente, só que dessa vez, fique atento, caro leitor, fique atento. Dessa vez eles já não serão pecado!s Lá é tudo liberado! Incrível, é para lá, para o inferno que eu quero ir. Descontar todos os pileques que perdi nessa vida de merda, só que agora com o Deus da terra, -usando de eufemismo- ao meu lado. O Outro lá me daria o quê? Néctar? Ah não, muito obrigada. Quero me embriagar de coisa forte, quero cachaça! E muito, muito conhaque. Botaram fumaça na minha consciência; por isso, digamos, estou falando tanta merda sem o menor nexo. Isso não é um texto de despedida, caro leitor, fique atento! Pode parecer, mas não é. Talvez seja só uma prova de que ainda há o que chegar. Eu estou ficando velha. Envelheci antes dos trinta. E eu que achava que não ia chegar lá... Estou na casa dos vinte e velha! Dá para acreditar? V-E-L-H-A! Será que você me liga na hora exata em que eu estiver na janela, bem quando eu for pular? Você salva a minha vida? Ou será que vou ter que morrer para viver? Ou será que eu vou ter que morrer para você vir me visitar? Oh, cadê você? Vem! Já posso estar na porta. Posso já estar atravessando a sala. Oh, cadê você? Já posso estar a três metros dela. Posso já estar subindo e... ooooh! Pulei! E nem assim você chegou.

domingo, 10 de junho de 2012

eu que não sei quase nada de ti.

Eu queria conseguir entender cada pedacinho do teu pensamento. Talvez até mesclá-lo ao meu. Guardar-te em uma redoma para curar cada ferida que sentes. Eu que não sei quase nada de ti. Sei que és bela e madura e extremamente frágil e muito doce. Sei que sofres por um alguém que nunca te mereceu. Sei que tem medo de amar. Sei que não vai ser minha. Nunca. Mas é só o que sei de ti. Seu corpo é um labirinto. Teus lábios, abismo. Teus olhos, mistério. Teus cabelos imploram para que eu acaricie. Tudo o que eu queria era desvendar-te em beijos. Conhecer teus maiores segredos e poder guardá-los no lugar mais secreto onde só os meus segredos estão. Segredos que eu desconheço, mas que dividiria contigo. Mas não. Basta! Eu não posso querer-te. És sonho que não posso alcançar. Eu que não sei quase nada de ti. Eu que só queria saber se pensas em mim como penso em ti. Sabendo disso eu te conheceria tão bem que seria capaz de proteger-te em meus braços até fazer com que seu peito só bata por mim.   

terça-feira, 5 de junho de 2012

putrefato.

Pareço uma desgraça. E o pior é que estou gostando do sabor disso. Estou bebendo do meu sangue. Tirando as forças pouco a pouco. E, de repente, me vejo colocando meu veneno na estante. Para tomar gole a gole e, de hora em hora, um tanto mais. O que me diferencia dessas criaturas gélidas é que eu não brilho. Ao contrário, me ofusco. Tomo um conhaque para esquentar o peito, já que sangue não possuo mais. Nem sangue e nem corpo e nem alma e nem fogo e nem brilho e nem n-a-d-a. É vazio. Mais nada além de vazio. Agora a dor vem pungente. Dando pontadas no coração que já não me pertence. Nem por milagre e nem por fé e nem por culpa eu posso mais. Chega. Suspiros irrompem. O frio castiga. A coberta não aquece. Os trapos estão por ai. Cuidei enquanto pude de todo o meu caminho. Segui a estrada parando de esquina a esquina para tomar uma dose de pinga. Mas as madrugadas continuavam geladas, não importava o quanto eu bebia. Por isso o sangue. Para alimentar e aquecer e tentar, talvez, preencher tanto espaço. Exaustão. Covardia. Pessimismo. Solidão. Esse é o meu retrato, bem simples. Pareço uma desgraça. Uma podridão. Uma criatura que chora sem exigir o por quê de derramar cada lágrima. Chega a ser uma estupidez. Um pensamento fétido, mas, se eu nasci só, tenho que chegar ao fim igualmente só. Unida apenas de nostalgia, carne crua, conhaque fudido, cigarro achatado. Eu, eu não passo de um vampiro que bebe o próprio sangue e paga alto por se alimentar de si mesmo.  Eu não passo de uma coisa perdida, perdidamente pronta para se entregar. 

domingo, 3 de junho de 2012

múltiplo.

Eu me lembro muito bem da minha pequenez. E isso me dói. Foi feliz, sim. Tive muito amor. Mas foi singular. Família pequena. Casa vazia. Poucos amigos. Presença quase que nula de meu pai. Enfim. Coisas singulares são muito mornas. Gosto de plural. Muitos 's' ao final de cada palavra. De cada sentimento. De cada experiência vivida e que ainda serão vividas. E é por isso que eu tenho medo de amar de novo. O amor que eu sinto é muito plural.