sábado, 12 de julho de 2014

tônico.

Letícia.
Proparoxítona.
-Repito.
Deu um tiro em meu peito ontem.
Foi embora.
Sem dizer uma palavra.
Às 04:00 da manhã. 
Sozinha.
Liguei.
Gritei.
Falei que chega.
Foi a última gota.
E o meu copo não entorna.
Não permito.
Não admito.
E nem omito uma sílaba
do que se passa pela minha cabeça.
E é por isso que escrevo.
Para não passar um lance de minha
bipolar
depressão e 
euforia.
Eu diria.
-Não, digo.
Letícia tem e sempre terá
sílaba tônica.
No meio.
E agora eu piso no freio.
Sinal vermelho.
E a gente é verde.
Como manga imatura no pé.
E aceleramos.
Dilaceramos.
E só o que não despedaçamos
é a epifania que a nós faltava.
E já não nos falta.




Poema que consta em trecho de meu primeiro romance. Intitulado: "A Epifania que Faltava - Letícia."