terça-feira, 2 de dezembro de 2014

procura-se.

Eu estou desaparecido. Porque sequer existo de fato. Não sabem meu nome. Meu endereço muda constantemente. Eu queria entender como é possível viver. E, ainda que não entenda, eu sei que é. Eu tento voar no que sinto ser relevante. Às vezes tenho medo de cair por não ter asas. Meu corpo dói. Mas minha alma está suave. Como o chá. Faz um certo frio. Nada que eu não sinta com os fantasmas que rolam em meus espaços. Arrepio tenho na nuca quando eles passam. Quando a tocam, doidos. Até quando eu permanecerei tocado? Será que é possível me livrar desse arrepio vindo dos outros? E vindo dos meus fantasmas? Esse arrepio que me faz ficar arrepiado frente à indiferença. Que julga, condena, e pouco se importa. Mais que isso: até quando é possível fingir ser o que não se é? Eu quero dizer a verdade, sendo-a. E mostrando-a para essa sociedade que tanto cobra valores, sem segui-los. Para essa sociedade que tanto se diz sem preconceitos e mata por intolerância. Que prega amor, e odeia. Que não quer o capitalismo, mas se recusa a dividir o pão. Que diz ser de fé, e faz guerra em nome de Deus. Tudo é mentira. Até a verdade. E eu digo isso porque sinto que nem mesmo o que me sustenta diz o que carrega. Não sou modelo de referência. Tampouco tenho pretensões de sê-lo. O que desejo é tão simples. É que seja aceito, sem rótulos e hierarquias sociais, tudo o que existe. Tudo o que é diferente. Sonha a minha razão, eu sei. E se desfaz em lágrimas emocionais, admito. Às vezes eu me levanto sem ter motivo. Mas me lembro do quanto é bom saber que ainda existem possibilidades de valores e sentimentos 'epifânicos'. É importante compreender a essência. E as pessoas são capazes disso. E é por isso que eu quero mudar. E é por isso que eu acredito que seja possível. Façamos a tal mudança. Que essa estrada de desaparecidos, onde eu me incluo, seja resgatada. Que essas minorias que nela se encontram caminhando sejam resgatadas. Para o lugar que as pertence; o mundo, as boas relações, a vida. Que se tenha lógica a lógica do sistema.
J.V.Kaisen

terça-feira, 25 de novembro de 2014

diz que fui por aí.

Eu quero cantar como Nara costumava: 

"Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí, levando um violão debaixo do braço... Em qualquer esquina eu paro, em qualquer botequim eu entro, se houver motivo é só mais um samba que eu faço." 

É viver realmente a vida. É deixar sentir as satisfações e dores e medos e anseios e desejos e tudo que se ergue lado a lado no espaço interior que fica no peito. Eu por um segundo perdi a palavra 'fica' do foco. No texto. Na minha contraditória estrada que leva a um lugar que eu não sei se existe. Se alguém já foi. E... Eu sinto que há muito muito muito pra se fazer. No que me faz ficar de pé. No que faz o mundo não desabar, tonto, de tanto dar voltas. Eu acredito que é possível ser o que se de fato é. E viver o que se de fato é a vida. Fazendo samba de tudo. Eu não quero me contentar e nem ter que me contentar com rótulos e preconceitos sociais. Eu estou farto. De tudo. Eu agradeço cada momento que vivi vivo viverei e espero que sejam muitos esses momentos nessa contraditória estrada que me leva e eu aceito a carona de seguir. Pra deixar sentir as satisfações e dores e medos e anseios e desejos e tudo que me fará realmente erguido no interior. Eu sinto que eu... eu ainda não sei onde é esse lugar. Se ele existe. Mas eu desejo que sim. Que isso também seja possível. Assim como a mudança que vem aos poucos e acelera e me vejo numa hora no fim dessa estrada chegar. E que a contradição seja plena. Seja sereno o refúgio do meu espírito. E de todos que aqui nesse imenso lugar que eu nem sei se existe estão. Eu respiro. Dou um trago. Bebo água na temperatura ambiente. E  o lugar é quente. A luz fluorescente. E o meu peito palpita em imaginar que essas coisas possam acontecer, as mudanças, no mundo, nas pessoas, no meu corpo. E o meu peito palpita em imaginar que esse lugar existe. Que talvez as pessoas sejam boas. E que os meus animais são muito mais inteligentes que eu. Eu fui a um Sarau e uma artista preta muito bela e desenvolta dizia a todos: "Vocês podem me ouvir?". O engraçado é que parecia querer saber se o tom de voz estava adequado. Mas o que ela queria saber é se as pessoas estavam entendendo o recado. "Vocês... podem me ouvir?" Ela repetia pra esclarecer que ela queria era ser entendida porque escutada ela já sabia que era. E eu, quando escrevo, sinto-me assim. Querendo deixar escancarada a catarse na poesia. Como aquela guria. E agora, em plágio declarado, eu pergunto: Vocês podem me ouvir? Eu sei que sim. E foi isso mesmo o que eu quis dizer. Vocês podem me ouvir. 

J.V.Kaisen

sábado, 22 de novembro de 2014

se eu peco é na vontade de ter.

Eu não ligo pro sentido. O silêncio da sentença se faz voz nos olhos. E são doces as minhas sentenças. Ora, amargas. Tudo depende do alento, do que se coloca, se é frase ou castigo. Pode ser letra, pode ser a minha vida. Ou a combinação de ambas. Como pode o silêncio dizer tanto? Não há nada aqui. E tanto dito. Tanto escutado. As lágrimas escondidas no rio que é o meu sangue. Vermelho. Que se apaixona e faz o máximo pra ser de esquerda. E pulsa. Na batida de uma malemolência pouco familiar. Que bonito. O que eu escuto. Sem que haja alguém aqui, -repito. E o que sinto. Ainda que só. O fio do novelo se move como a sua cintura. E o fundamental é que não sejamos nós a darmos os nós. Sentir não é pecado, nem minha crença, nem na sua. E o sentido disso tudo não faz o menor sentido. Mas todo sentido que o sentido precisa fazer. Minha cara se lava. Todo dia. O meu corpo muda. Todo dia. O caminho de casa é o mesmo. Todo dia. E todo dia, desde aquele dia, eu penso em como seria bom te encontrar pelos corredores. Ainda que haja dores, o sentido que me importa, o sentido que se sente, não me dói. E eu adoraria dormir com você hoje. Se eu te contar por onde andei... Sem mais.
J.V.Kaisen

alles.

Pra você há tanto
de mim 
e do mundo

Usufrui
dos meus desejos

Vai
fundo

Diz o que há
ai dentro
desse seu peito 

E me deixa usufruir
dos seus desejos

Vai
me deixa ir fundo

Ensina pra mim 
essas coisas
que você sabe

Deixa eu ver
se sei algo também
me conta

E quando o seu olhar
estiver novamente no meu

Vai
fundo

Entra 
em minhas íris

Entra 
em minhas canções

E mesmo que não seja nada
pode ser que nada 
tenha uma outra tradução

Vem falar a minha língua.

J.V.Kaisen

musical.

Eu não sei se ela gosta de samba
bossa ou 
rock and
roll.

Mas a música toca e a gente dança.

J.V.Kaisen

terça-feira, 18 de novembro de 2014

vai além.

Nunca vai ser tarde pra nós.
Porque não acaba aqui.
Nessa existência.
Que seja mortal 
nesta vida que é chama.
E eterno pelo infinito,
posto que lá moram as almas.
J.V.Kaisen

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

incêndio.

Eu posso traduzi-la 
neste momento
em que as palavras
calam-se
e falam os olhos
e olhares.

E o que eles dizem
é que há doçura
força
e uma fé na revolução
do íntimo
das ideias
das relações
da sociedade
das dores
das boas sensações.

Quando o carnaval chegar
talvez essa revolução aconteça
no íntimo
nas ideias
nas relações
na sociedade
nas dores
nas boas sensações.

Eu levo em conta o referencial.

O sol de fevereiro não tarda a brilhar.

Como nunca visto antes.

E eu espero o mesmo da revolução.


J.V.Kaisen

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

calor que provoca arrepio.

-E então, você vem?
-Está tudo no lugar?
-Você fala do espaço?
-É.
-Mas de qual deles?
-O de dentro.
-É? Qual dentro?
-O que só quem possui tem acesso.
-Você me confunde.
-E qual o motivo?
-Essa é a confusão.
-Agora quem se confundiu fui eu.
-Eu começo sempre com um indago.
-E eu respondo com outro.
-Mas, dai, eu teimo em interrogar...
-E eu respondo.
-Eu não sei de que dentro você fala.
-Exatamente o que te confunde.
-A confusão não era essa.
-Não? Pra mim, sim.
-Era sobre o motivo da confusão.
-Achei que fosse sobre organização.
-Mas de quê tipo?
-Do que fica dentro.
-Do que eu tenho acesso?
-Por que teima em perguntas?
-E por que me responde com outra?
-Só queria saber o que tanto quer saber.
-Eu também não sei o que de fato perguntar.
-Vamos elaborar?
-E como?
-E onde?
-E quando?
-Como tiver que ser...
na praia, nos corredores, nas camas...
Talvez agora, amanhã, talvez quando a chuva apagar o sol...
-Que delicado.
-Eu...
-Você vem?

 J.V.Kaisen

lado bruxuleante.

Eu preciso dar um tempo
e me desapegar do disfarce.
Meu ponto de vista é bem diferente 
não sei se de todos
mas da maioria que eu tenho conhecimento.
O clima não se decide.
Mas eu me decidi.
Calor.
Quero calor.
Quero sol.
Quero mar.
Quero ter de fato fevereiro.
Quero um esteio.
Quero me apaixonar
de novo
e outra vez.
Pela vida.
Pelos amigos.
Pela natureza.
Pela beleza do interior 
que eu tenho por dentro.
Eu quero me repensar.
Eu quero me reinventar.
Eu quero poder ser de fato eu.
Em nome.
Sobrenome.
Corpo.
A alma já é o que é.
E eu sei disso.
O clichê não funciona.
Vou chegar sem avisar 
no porto da minha vida.
E eu preciso dela.
E o clichê volta a não funcionar.
A solidão é necessária agora.
Assim como outrora já foi.
Eu aprendi muito.
Mas tenho sede do conhecimento
que está nas águas do mar.
Calor.
Eu quero o calor.
Eu quero arte.
Eu quero literatura.
A vela 
apagou 
acabou 
e eu acendi as luzes.
Das ideias.
Perdão.
Eu queria poder 
levar tudo na bagagem.
Mas já que não posso
levo o que aprendi
e vivi.
E é isso.
Vida!
Oi,
prazer.
Meu nome é...

J.V.Kaisen

terça-feira, 11 de novembro de 2014

instante quem sabe eterno.

O boné está na cabeça
as bermudas me mostram as cuecas
e eu só precisava do seu perfume
e eu só precisava ver você dormir
por esta noite
e quem sabe
por todas

O minuto é lento
e o vento não traz você de novo

...

J.V.Kaisen

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

disfarça.

E quando eu percebi
ela me olhava
com olhos brilhantes
e a face aberta
num sorriso.
E não vinha.
Mas não escondia.
Ela também queria.

J.V.Kaisen

dê lírios.

Li num muro:
Dê lírios.

Mandam-me dar lírios.
E eu penso no que soa.
Embala o tédio a insanidade.
E eu não sei se compro as tais flores.
Ou se tomo um remédio pra lucidez.

Daí resolvo que prefiro o verde e as flores.

Os lírios são delírios de paixão.

Os delírios são os lírios com que presenteia-se.

Pixei num outro muro os tais 'dê lírios'.
E com os meus eu sigo.
Na cabeça e nas mãos.

J.V.Kaisen

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

paixão fantasmagórica.

-Não sei o motivo 
 de eu ainda estar com essa blusa. 
-Deixe-me tirá-la. 
-Pensei em você.
 Nos seus olhos com rímel.
 No seu sorriso malicioso.
 E em você 
 despindo o que me esquenta.
 E em você
 me massageando as costas tensas.
-Sonhei com tudo isso exatamente aqui.
-E eu aqui.
 Exatamente.
 E você?
 Onde exatamente?
 Aqui?
 Você... tem asas?
 Eu preciso olhar é para cima?
 Ou acordar e depois sim dormir?
-Lados, lados, lados.
 Olhe para todos os lados.

Há apenas um simulacro.

J.V.Kaisen

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

sintática vida.

Definem tanto o amor.
Para mim, 'amor' é vocativo
direcionado à segunda pessoa do discurso. 
E ela me falta.
E eu lamento.
Esqueço-me do paraíso.
E duvido por instantes do que preenche.
E se faz vazio.
A noite cai.
E eu me construo
um sujeito indeterminado
na vida.
O compasso muda.
E o meu nome
não serve nem de aposto.

J.V.Kaisen

domingo, 2 de novembro de 2014

vem me abraçar.

Eu queria dizer que não sinto nada.
E que eu não te assumiria para o mundo.
Mas não digo, porque sinto.
E assumo.
E fico.
Vai, diz logo.
É que no fundo...



Eu estive e sempre estarei, aos teus pés.




J.V.Kaisen

domingo, 26 de outubro de 2014

vazio.

E quando eu acordei, 
eu chorava e não sabia o motivo. 
Foi então que liguei uma música.
E o choro foi incessante.
E doído. 
Era dor de amor.
Caetano indaga essa rima.
Eu penso em você,
olho o retrato que tiramos,
e o espelho que me revela.
E descubro que a feição está diferente.
Que os meus olhos ardem como fogo.
E que os meus lábios não se abrem,
nem pra conversar,
nem pra sorrir,
como costumavam.
Agora não há ninguém.
Agora tudo se perdeu.

J.V.Kaisen

sábado, 25 de outubro de 2014

era madrugada.

Silêncio.
Deparo-me com o silêncio.
Não toca música.
Ninguém fala.
Não ouço nada.
Silêncio.
Excetuado pelo barulho das teclas.
Como um veloz cavalo.
Como um disparo.
Meu peito disparado,
para... e pensa:
a porta ficou mesmo trancada?
A água que eu bebi era mesmo filtrada?
O amor que eu vivo não é emboscada?
E tudo isso?
É minha estrada?
Acendo o palheiro,
com o isqueiro amarelo de fogão.
Em uma das mãos o cigarro.
Na outra o coração que palpita,
e sua solidez se limita,
e o instante é infinito.
Bonito.
E cruel.
O fel dessa noite foi amargo.
Um estrago que deu nó.
No peito e na minha alma só.
Neste momento e eu não sei até quando.
A luz brilha de doer os olhos.
Como o sol do meio-dia,
que ilumina e aquece.
O poema anoitece.
Madruga.
E quase clareia.
Não sei quando a lua é cheia.
Mas meu santo é forte.
Não acredito em sorte.
Azar.
Inferno.
Nem em parte da humanidade.
Às vezes me venho a duvidar do elo.
Estou sendo sincero.
O meu amor é doce.
Mas mata feito veneno.
E não é pequeno,
todo o amor que eu tenho pra dar.
Quando a ausência se aplica,
o pensamento se limita em nisso pensar.
E me dá um certo ar de espanto,
quando canto,
a canção que eu fiz ao regressar.
Sinto informar, mas é triste.
Tudo o que me vem em mente.
Você sente?
Também vai passar a noite sem dormir?
E fazendo o que?
Chorando?
Escrevendo?
Ambos?
Nenhum?
Eu em algum lugar fiquei.
Nem que seja na memória, disso eu sei.
E é fato que você também.
E é além.
Você me deu uma epifania.
E com maestria.
Como ninguém.
Passa de 1:00 da manhã.
Eu preciso entregar-me à ilusão
de que meus olhos não se abrirão,
até que seja a hora.

J.V.Kaisen














terça-feira, 21 de outubro de 2014

vício aludido.

Escrevi nas paredes coisas que passavam no meu coração.
Palavras bonitas, até.
Tinham sentimento forte.
Paixão.
Eu ia e vinha no tempo...
E esquecia-me das aspas.
O meu espelho te via.
Eu suspirava um acréscimo de estima.
Era extasiante.
Eu fechava meus olhos.
E tocava-me como na primeira vez.
Vagarosa.
Temerosa.
Insegura.
Mas pouco inocente.
E eu ia gostando de te enxergar.
No espelho, que eram meus olhos.
E eu ia gostando de me tocar.
Fingindo minhas partes serem suas.
Nuas.
Ambas.
E cruas.
Como se nada houvera-me tocado. 
Como se eu a tocasse também pela primeira vez.
E eram suaves os acordes que soavam.
Eram honestos os gemidos que gemiam.
E era molhado o que me escorria, pernas abaixo.
E era sofrido...
É estranho...
você não está aqui.
Agora.
E eu te escrevo.
Chamando tua voz em letras.
Ou novos acordes.
Na verdade, eu aprendi algumas coisas, 
depois de viver outras.
Foram paixões,
hospitais psiquiátricos,
falta de teto e falta de comida,
amigos que de fato não tinham amizade pra doar.
Estranho...
Como as coisas mudam.
O aprendizado mudou meus valores.
E eu também vivi situações inversas.
Amor,
fé,
casa e pão,
amigos que se doam.
Estranho...
Eu não quero perder mais nada.
Eu não quero perder você.
Perdão.
Mas não se perca de mim.
Vem ser o meu orgasmo.

J.V.Kaisen

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

relatos insensatos.

Eu te ofereci tudo. Até amor. O que há de mais sincero em mim. Em sotaques, línguas, liberdades e paisagens. Será que hoje ainda chove? O trovão roncou que eu escutei... Pois bem. É tarde. E eu estou comigo, Deus e só. Ao restante da casa resta confortar Leca e Luiz, que dormem. Oh! Está um fogo! O calor queima, aquece; sem dar vista à luz. Há apenas a da cabeceira, que é azul. Minha mente, às vezes, sente vontade de imaginar, criar, de ser criativa. A verdade é que o que escrevo não agrada a muitos. São relatos insensatos de alguém que teve tanta fé que aqueles eram ventos de chuva, que, neste momento, ela cai. Faz barulho o silêncio. E eu tenho medo de querer pular. Mas parece que vai cair. Tudo. E alguém vai achar esse papel. Com esse meu jeito de ver o mundo. Chove lá fora. E ela está aqui dentro. Protegida. Nada faz parecer cair. E o céu vermelho é espelho da cor realmente mais quente. Azul é água. Refresca. Vermelho é fogo. Que ilumina meu coração e me faz pulsar a boceta. E eu queria ver a lua. Mas tantas são as nuvens que a escondem e pedem a brisa para ficar. Fico surpresa com a mistura forte e doce de meu querer. Fica? Junte-se à brisa. E agora me refresca o corpo como faz a chuva. Diz que é pra eu não ir e o mundo vai se abrir num largo sorriso meu. Meu choro não é em vão. É solidão. A madrugada cai, como o calor; calor. Quando o carnaval chegar, eu não sei se estarei só. Talvez o vento leve a brisa do meu peito. Mas eu desejo-a aqui. É madrugada. E faz calor; calor. A chuva faz subir o bafo. Sinto-me abafado; pele, alma, coração.

M.A.J.V.Kaisen

muda mais.

Eu sinto-me cansada. 
Na alma. 
As pilhas acabaram. 
Do relógio.
Das pernas.
Nas mãos há bateria.
De sobra.
E eu escrevo.
De cansaço.
O sangue sobe.
E eu juro não mais jurar.
Pelo infinito.
Azul.
E pela estrela vermelha.
Que brilha no meu peito.
E que muda mais.
-O que ela falou?
-Dilma muda mais.
-Muda, o que?
-Muda, mais.
(...)
Eu tenho o grito.
Eu tenho o sol que arde.
Eu tenho cachaça.
Conhaque.
Sobra das sobras de ontem.
Eu tenho o mundo.
Eu tenho a estrela vermelha.
Que brilha no meu peito.
E eu juro não mais jurar.
Pelo infinito. 
Pilhas, eu compro. 
E minhas pernas voltam a correr.
Pelos que sobram.
Pelos que permanecem.
Eu tenho fé.
Eu acredito.
Que Dilma muda mais.
Não entendeu?
M-U-D-A M-A-I-S.
Em letras garrafais.
Separadas.
Que é pra não restar dúvidas.

domingo, 12 de outubro de 2014

loucura remanescente.

Todo dia é igual. O relógio desperta e eu não me levanto. Ele toca novamente e quando é meio-dia eu me calo. Comida na boca é pontual. Quando não me falta. Eu paro, digo não e levo a vida. Às 19:00 é um pavor. Às 23:00 eu me deito. Hoje já passam das 2:00 e eu não dormi. Foda-se. Amanhã é domingo. O relógio vai despertar. E eu ainda estarei louco. 

M.A.J.V.Kaisen

fronteira entre céu e inferno.

Meu estilo tem disposição pro mal e pro bem. 

M.A.J.V.Kaisen

uaaaah!

Não chamem o hospício. O mal é meu. E corre sangue nas veias.

M.A.J.V.Kaisen

sábado, 11 de outubro de 2014

sol, madrugada, frio, cinzas.

As janelas se abrem e o vento trinca. Me visto em um moletom e olho para o relógio. São 4:20. É mato e estrela. O chão é o esteio que ainda me equilibra e resta. Na boca o gosto amargo de um beijo. O cheiro forte me deixava cego. E era muito pouco. O meu desejo é sincero. Assim como as dissonâncias do meu violão que te canta. Meu poema tem direção e é a sua. É um erro mudar os fatos. Os atos gritam mais que as chupadas. E o gozo se faz forte como o cheiro. Ardente como a pele. E ofegante como a respiração. A distração torna-se uma indecisão indecisa. E as chance me provam o contrário. Não há explicação para o que sinto. É baseado em sentimentos reais. E eu vejo. Mesmo sem olhar. Sinto o infinito nas mãos que deslizam por cada parte, seca e úmida. E percebo que são concretos os quereres. Faço deles o chão que eu dizia há pouco. E... lentamente, de forma quase imperceptível, os meus olhos escutam uma música que diz sobre um raio de sol. Dai eu paro, penso. Meu coração tem luz. E ela vem de olhos que são verdes. Nem mesmo a perfeição é perfeita. E as tintas não pintam minhas cores. Promessas não me iludem. Nem seios. Lingeries quase nunca são o que me atraem. Prefiro-as no chão. São quereres concretos. Ainda sinto frio. E o conhaque acabou. E o chá não me esquenta. E já são 4:40.   

M.A.J.V.Kaisen

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

tem cor.

Anda,  dá cá um sorriso.
Só se for amarelo.
Eu gosto de cores.
Tenho preferência por sete.
Faz sentido.
É banal.
Como?
Como a cereja do bolo.
Que nem sente-se o gosto...
É, está de enfeite.
Prefiro o gosto de sal.
Como?
Como lágrima.
Então é este o gosto?
Oras, você não chora?
Prefiro tentar sorrir.
Mesmo que amarelo?
Eu mudo o corte do cabelo.
E dai?
Dai que esqueço do meu umbigo.
Como?
Como um sorriso amarelo.
Não entendo.
É como comer a cereja.
Então, é o enfeite?
É o gosto que logo se vai, mas permanece.
Me interessa.
Então, sorria.
Chorar é inevitável,
Sorrir, também.
Então eu vou mudar o corte do cabelo.
Isso. Reinvente-se.
E o que você quer?
E o que você acha?
Acho que me quer.
Sim, meu fogo arde.
E o que faremos?
Não é tão simples assim...
Não diga que se vai.
Eu preciso.
Espera.
Eu... preciso.
Mas eu nem sorri.
E o que te faz sorrir?
Não te ver indo embora.
Você é feliz sem saber.
Anoitece. Vem, comigo?
E pra onde?
Me diga um lugar que gostaria.
Huum...
Talvez eu saiba onde fica, como se chega.


M.A.J.V.Kaisen

terça-feira, 7 de outubro de 2014

crônica do segundo turno.

Deixa eu sentir que é firme e eu não vou cair. O tombo eu já levei. E era alto. Pelo menos dizem. Eu, confesso, não me lembro. Toco do lado esquerdo do meu crânio e, se aperto, quase que sinto a pancada. Dai paro. Aliso. E deslizo os dedos, bem suavemente, por onde me levar a mente. Não seja indecente. Não é do que falo. Na real, calo. Que é pra que o que está em uma de minhas mãos, me faça sentir o ócio. E a solidão. Me parte o coração. Mas nada respira para sempre. Por que acreditar no mundo? O que dizer de quem ainda vê? São poucos os verdadeiros olhos do universo. Apesar de seus largos territórios. E é tudo tão grande que a gente se esquece de que o mundo não nos gira em torno. Mas dele mesmo e do Sol. Como deveríamos fazer e não fazemos. Girar em torno do mundo. E não de nós. O umbigo não vê. Mas olha. E não sei se finge, se raciona sem raciocinar que não deve. É preciso querer a mudança de fato. E fazer dela uma obrigação. E é preciso acreditar na mudança. Será possível que num país de tantas as pessoas e somente duas opções, haja tanta divergência? É óbvio, não? Achava que eu era louca em escutar o que os outros não escutam. Temo ser coisa da visão. Eu vejo, sei que muitos veem. Mas tantos outros não! Como é possível? Você não entende que o mundo é que faz você girar? E se não fossem os varredores de rua e garis para que sua cidade seja mais limpa? E se não fossem os professores para que você fosse ensinado? Acorda! Não vamos retroceder! Esse é um apelo que vem catártico! De mim e de muitos outros! Amanhã vigora o hoje. O ontem, deixa pra trás. Apaga. Toma, pega essa borracha. Relaxa, sério. Ninguém é tão cego a ponto de não relacionar fatos e atos. Nem o deficiente de fato. Todo mundo pensa! Até o seu gato ri de você, quando você acha que faz ele de bobo. E o seu cão?! Não deixa ele te ver na cabina de votação! Ficará feroz. Vai lá, passa a coxinha pra ele! Pensa no mundo. Esqueça o seu umbigo. Se você tem carro, casa própria, emprego e salário fixo; eu ando de ônibus, mais até à pé, por me faltar os tais absurdos dois reais e oitenta e cinco centavos, pago aluguel, sou estudante desempregado e meu salário não paga ao menos a comida do mês! Me ajuda, vai? Deixa eu sentir que é firme e não vou cair. O tombo nós já levamos, há um tempo que nem fica tanto atrás. E foi alto. Alguns, pelo menos dizem, não se lembram. O sonho não acabou. Ainda há esperança. O objetivo agora acorda. E muda. A vida é como um chá de trombeta, que você se embriaga e sabe do risco de não voltar ao seu estado 'normal'. Ai, coitado de quem inventou esse termo! Padrões e normas não me representam. A minha loucura está aqui. Ai. Assim como a sua. É a loucura nossa de cada dia. Eu não tenho medo da ''pedra no meio do caminho''. Definho é quando penso que talvez tudo seja em vão. Que o buraco seja como a loucura, e esteja em todos os lugares ao mesmo tempo. Fica, chão. Deixa eu pisar. Deixa eu sentir que é firme. 

M.A.J.V.Kaisen

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

déjà vu. (debate presidencial).

O que houve com a Dilma?
É cansaço?
Olhos fundos.
E o Aécio?
Pernas tão inquietas.
Olhos arregalados.
Marina tem uma boa oratória.
Mas não me engana.
O Pastor para e não sabe o que fala.
Sinto falta da Luciana.
Será que eles sentem-se ameaçados?

(...)

"Depois a gente continua".
"No Natal é triste sem ceia".

Nos outros dias tudo bem.

"Continuemos".
"No meu governo ninguém vai passar fome".

 (...)

"Maconha é imoral".
"Legalizar é apologia".

(...)

"O senhor envergonhou o Brasil".
"Peço que peça desculpas".

(...)

"Aborto é crime".

E ele admite que as jovens morrem ao fazê-lo.
E não quer legalizar.

(...)

Luciana fica sem palavras com o Fidélix".

"Incita o ódio à uma suposta minoria".
"Judeus".
"Negros".
"Gays".
"Lésbicas".
"Bi".
"Travestis".
"Trans".

E não, ninguém pede o ódio.
Mas não há tolerância.
E pessoas morrem por isso.
Todos os dias.

(...)

Dilma e Aécio sorriem.
É. Às vezes parece piada.
Mas tudo isso é sério.
Questão de autonomia e independência.

(...)

E olha lá a Marina discutindo sobre falas contraditórias.
Contradição.

(...)

"A inflação está sob controle".

(...)

"Então quer dizer que a nova política não aceita inexperientes?"
"Qualquer brasileiro pode ser presidente do Brasil".

(...)

"Nós vamos rever o fator previdenciário".

Risos.

"Pra variar um pouco."
"Quando quiser".

(...)

É de ficar de cara com tanta informação que eles têm.

(...)

"Com você eu estou disposto à conversar sobre qualquer assunto".
"Espero que não".

Risos.

(...)

"Vem aqui! Te enquadrar!"
"Eu estudei você, Luciana, tá bem?"

(...)

"Hoje nós vemos uma guerra aos pobres,, travestida de guerra às drogas".
"Onde está Amarildo?"
"Nós defendemos a desmilitarização".
"Não dá uma de mocinha!"

(...)

"Não sairei preso. Sou homem justo, correto, na lei".
"Não sairá porque a homofobia ainda não é crime, infelizmente".

(...)

"Tu cede, Marina".
"É preciso ter firmeza".

(...)

"O meu programa de governo é melhor do o que o da Dilma, melhor do que o do Aécio e até muito parecido com o seu".

(...)

O que será que eles fazem nos intervalos entre os blocos?
Se olham?
Leem?
Fingem se olhar?
Fingem ler?
São amigos e fazem um brinde regado à um bom vinho tinto?

(...)

"Você que anda de jatinho, que ganha um alto salário, não sabe a realidade do povo".

(...)

"Não levante o dedo pra mim!"

(...) 

"Nós levamos MG à melhor educação do Brasil, no ensino Fundamental".

Até parece, né?

(...)

"A platéia não deve se manifestar".
"Hahahahaha".

(...)

"O cidadão está preso em casa, e o bandido solto nas ruas".
"Pastor Everaldo, o senhor está na linha que eu proponho".

(...)

O discurso eu já ouvi.
É ensaio puro.

(...)

"Marina, vamos colocar as coisas e os pingos nos 'is' ".
"No passado, ninguém prendia ninguém".

Marina à beira de um colapso.

(...)

O assunto volta à tona em um outro contexto.

"Tempo, candidata!"

(...)

"A pergunta é direta: a senhora fracassou ao longo desses 4 anos de governo?"
"Fui muito competente, se comparada aos governos os quais o senhor era líder".

(...)

E o click da caneta, lembra-me o de um ponteiro de relógio.
Está quase no fim.

(...)

"Candidata, não coloque palavras na minha boca; quem muda de opinião à todo tempo, não sou eu".

(...)

"As duas candidatas que estão concorrendo comigo".

(...)

Políticas sociais.

"Nós defendemos uma revolução tributária".
"O que a senhora acha sobre isso?"
"Eu acredito que o meu governo fez mudança nas políticas sociais".
"A senhora não respondeu à minha pergunta".

(...)

Considerações finais.

Pastor Everaldo: "Peço seu voto para fazer a verdadeira mudança que esse país precisa. A família é homem e mulher. Pastor Everaldo20. Deus abençoe.

Marina Silva: "O compromisso de que a democracia vai ser cumprida com o seu voto, no dia 5, sem medo, Marina40.

Levi Fidélix: "Jamais incitei ódio à ninguém, pois sou cristão. Meus senhores, sei que não vou ganhar nessa oportunidade. PRTB28.

Dilma Rousseff: Peço que, nesse domingo, você vote com consciência, amor e paz. Dilma13. Boa eleição".

Eduardo Jorge: "Se você se identifica com o PV, vote na força verde, em 5 de outubro, lá, na maquinazinha, Eduardo Jorge43."

Aécio Neves: "Eu acredito que podemos fazer um governo transformador. Eu me preparei para isso. Quero ser o presidente dos brasileiros. Em 5 de outubro, vote Aécio45."

Luciana Genro: "As bandeiras das minorias estarão mais fortes, quanto mais votos tiver o PSOL. Nós temos que acreditar que é possível mudar. Utopia concreta, porque pode se concretizar. Vote 50 e fortaleça essas bandeiras. A nossa luta não termina no dia 5 de outubro. Nós vamos continuar com você".


Em um debate em que vimos os três, supostamente com mais intenções de voto, tentarem a todo custo estarem frente a frente, num verdadeiro passa-ou-repassa, só o que tenho a dizer é que não. As pesquisas do IBOPE não são reveladoras da verdade. Meu voto está claro à todos que me conhecem. Eu acredito que pode haver uma reviravolta nos números. Depende do meu voto. E do seu. O Brasil precisa da mudança. E, nesse domingo, ela pode ser iniciada.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

roliço.

As flores.
Essa vida.
O instante que cala.
O cheiro que exala.
E o encanto que encanta.
E a música que toca.
E o calor que ilumina e aquece.
A flor floresce.
E o canto faz-se melodia.
Letra.
Música.
Poesia.
O foco da sociologia.
E a língua que se comunica.
E o tapa na cara que fica.
E ensina.
E  fode pelo resto da vida.
E se é julgado.
E se é questionado.
Me pergunto que onda é essa.
E é bom. 
E a trilha toca.
Foda.
Deixe-me montar o quebra-cabeça.
Estamos loucos,
Não.
A loucura está em todos os lugares.
Ao mesmo tempo.
Não há diferença.
Whatever.
Sempre,
Sabe, whatever.
Em todos os sotaques.
As I wanted to be.
Eu acho legal.
E é muito doido esse negócio.
De estar de volta ao aconchego.
Radical.
Como uma voz de ópera.
Sim.
Faz bem.
Epopeia.
Marcas de cinza no papel.
Falsete de passarinho.
Como o de uma música famosa.
Um negócio muito louco.
Bonito.
Tem que ter uma identificação maior.
Como um acorde,
Uma louca ascensão de alcance.
Como um bando de passarinhos,
Que felicitá!
Nuedue.
Sofrido.
Como amar a Deus ou a um homem.
Há as duas leituras.
Camadas de compreensão.
Ultrapassa.
O trânsito.
A ponte.
Pensa-se em ambos.
A França tem beleza.
Sem vida.
Arquitetônica.
Milimétrica.
Minha mão dói.
Música.
Língua francesa.
Gosto.
E explodo.
Maravilhoso.
M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.
Prende.
La jouvence.
Como se escreve?
É francês?
Eu achava que era mais doido.
Interpretações.
O contexto social e histórico.
Mon amour.
Um lugar de onde não sei onde.
Não dá pra traduzir.
Não é fonética.
Mas sonoridade.
É feio.
Não acha?
Abracadabra.
Me representa.
Viagem.
Interna.
É mais importante.
Que safadeza!
Vamos dançar?
Entremos no clima.
Sei lá.
Eu colocaria uma música.
Mas não vou dançar.
Alor on dance.
Onde?
Na França.


M.A.Kaisen. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

corto meu cabelo e é agora.

Agora eu vou ficar por essas bandas.
Bem acordada eu quero estar.
Agora a palavra some.
Eu tento dormir a noite inteira.
Insone.
Agora me sento numa cadeira.
Pensando que eu te quero ter.
Aqui dentro e do lado de fora.
Outrora tudo se desenvolveu.
Agora eu permanecerei aqui.
Com os olhos abertos na fronteira.
E o regresso some na parede.
Eu tento dormir a noite inteira.
Eu queria ter você aqui.
Do lado de dentro e do de fora.
Agora o meu peito está doído.
Agora tenho que ficar à sós.
A noite inteira eu não durmo,
já que são tantos os meus nós.
Bem aqui no meio se instala,
primeiro me vem a cor azul.
Quente ou não, eu não me importo.
Corto meu cabelo e é agora.
Também tenho o meu corpo nu.
Enquanto chove lá fora, tudo aqui ainda é blue.
Agora as coisas vão ficando cinzas.
Nem minhas paredes têm mais cor.
O tempo escorre pelos os meus dedos,
de sede vou deixando tudo cru.
O meu corpo não quer mais demora.
 Agora ele quer é ter você.
De noite toda luz se evapora.
Como a água que eu pus para ferver.
Toda noite é a mesma coisa.
Eu tento por mais vezes recordar.
Daquele tempo tão distante.
Quando eu me punha a vagar.
Agora vago em outra direção,
na mão o cigarro já queimou.
Eu nem fumei aquela porra.
E agora vejo que já se acabou.
Todo instante em que te vejo,
sinto o meu peito se inflamar.
De dor e também desejo.
E de cada instante que eu insisto em colecionar.
O sabor do beijo me inebria.
E o verso que eu te fiz me pego a cantar.
O meu coração errante é teimoso
E só volta se você vier.
A estrada é um diamante.
Que eu não sei como lapidar.
O meu sono agora chega em segundos.
Agora eu quero só sonhar.
Com seu corpo em formas delirantes.
Que eu insisto em querer tocar.
Você me beijou e empurrou-me o peito.
Sem entender os seus motivos...
eu vou pensar que é porque começa a gostar.
Ou, talvez, me queira maltratar.

 M.A.Kaisen.
                                                                                   

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

además, nada.



Eu,
sem querer,
esqueci-me se aquele nome
que eu mesmo tinha escrito e
depois lido era mesmo eu,
se tratava-se de mim.

Escrevi o sobrenome
que eu achava ser o meu,
 e,
ao ler,
eu permaneci naquele eterno
saldo remanescente.

No inconsiente eu tinha a resposta,
agora posta na minha cara
e por dentro dos meus olhos.
Uma foto.
Sua.

Naquele instante eu estava febril.
Minha boca seca de tanto fumar
e amarga do café sem açúcar de segundos atrás;
e eu não tenho água.

Mas dessa vez eu olhei e vi.
Era o seu rosto sorrindo
e você partindo...

O veneno do mundo é a paixão.
Ele mata lentamente de overdose
e é como uma virose que chegou ao mundo
bem antes de eu pensar em nascer.

Ah, como eu queria te ver.
Touch you.
Besar-te.
Leben dich.
E quedar-me livre de meus anseios e dilemas,
com os poemas que eu insisto em te escrever.

E a cada vez que toco-te.
Beijo-te.
And love you,
I feel like a shnecke.
Un ratón que te escapa.
E después engole.

Minha letra não combina com tanta sandice.
E é besteira achar que isso vai mudar.
Sério, tolice.
Que tudo um dia vai mudar,
dai a falar que não,
pra depois pedir perdão,
pelo que pode não nos acontecer.

I have to say,
after it all,
I played with us both.
From the inside.
Bitte,
entschuldige mich,
ich bin bereits müde,
das zu sagen.
Wir müssen es aber imer wieder sagen.

Y no nos adianta salir por aquella calle,
porque ella és sin salida.
Bien-venida.

Y basta. 

M.A.Kaisen.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

uma razão.

Eu queria uma razão para estar com você. E ela existe. Vem cá. Deixa eu te contar. E mostrar, para não haver dúvidas. É incontrolável a minha sede. E você mata em goles úmidos e gelados e secos. Tudo que eu queria dizer é que eu queria uma razão para estar com você. E ela existe.

sábado, 12 de julho de 2014

tônico.

Letícia.
Proparoxítona.
-Repito.
Deu um tiro em meu peito ontem.
Foi embora.
Sem dizer uma palavra.
Às 04:00 da manhã. 
Sozinha.
Liguei.
Gritei.
Falei que chega.
Foi a última gota.
E o meu copo não entorna.
Não permito.
Não admito.
E nem omito uma sílaba
do que se passa pela minha cabeça.
E é por isso que escrevo.
Para não passar um lance de minha
bipolar
depressão e 
euforia.
Eu diria.
-Não, digo.
Letícia tem e sempre terá
sílaba tônica.
No meio.
E agora eu piso no freio.
Sinal vermelho.
E a gente é verde.
Como manga imatura no pé.
E aceleramos.
Dilaceramos.
E só o que não despedaçamos
é a epifania que a nós faltava.
E já não nos falta.




Poema que consta em trecho de meu primeiro romance. Intitulado: "A Epifania que Faltava - Letícia."

sexta-feira, 20 de junho de 2014

uma mensagem de amor.

Engole. Toma, toma logo. Sem água que é pra descer rasgando. Vem sentir o intrínseco desse veneno; eu quero te dar. Ou você acha que amor não é veneno? Amar é coisa de miserável. E como é bom fazer parte deles! Eu não amo o que não tenho. Mas poderia. Ilumino minhas poucas certezas sem limpar a minha bunda com dinheiro. Piedade! Dessa minha alma oca, podre, covarde, imatura e lisa. É preciosa a coragem. É preciso tê-la. Eu não sou fraca assim. Posso sentir cada parte de meu corpo tremendo apenas por ver seu colo nu. Piedade! Eu tenho coragem. Agora sim. Sei exatamente que as linhas de minhas mãos transcorrem o seu passo. E as suas, idem. Eu quero implorar para que tome do meu veneno. Desse que eu insisto em querer te dar. É bom. Doce. Meigo. Amigo.  Amoroso. E sincero como nunca havia sido antes. Vem. Chega aqui perto. Escuta pelos seus olhos o que os meus têm pra te falar. Vem cá, deixa eu sentir o gosto forte do seu corpo. Vem ser a brisa que abranda meu corpo. Perdão! Por piedade. Eu não sei se somos tudo o que precisamos, nem sei se precisamos. Na verdade eu só preciso de água. Mas você mata minha sede com goles iguais aos de água com cubos de gelo. Ah, Leca. Se você soubesse o quanto eu quero resolver para que tudo seja lindo como sempre foi. Aqui e agora eu sei que eu gostaria que você estivesse. Para que eu pudesse não estar escrevendo tais linhas pouco claras e tortas. Eu queria dizer. No pé de seu ouvido. Balbuciando, sem falar. Talvez eu tenha cometido o maior erro da minha vida deixar com que você se fosse. Mas uma coisa eu digo. Se for um 'nunca mais', seja de qual das partes vier, foi um 'sempre me lembrarei'. De cada detalhe. De cada feição; e companheirismo; e carinho; e paixão. E de cada dia, noite, madrugada. Em que me entreguei de corpo, alma e coração. Eu não sei se o meu plano é bom. Mas evolui a cada sonho. E não se esqueça. Jamais. Você foi, e é, e sempre será: o que me fez descobrir o sentido de estar viva, já que quando morta não vou mais te poder ver sorrir. E não, eu não quero perder nem mais um segundo sem ver os seus lábios se abrindo e mostrando cada parte de dentes que eu tanto gosto de sentir mordendo a minha nuca. Sei que errei. E eu estou aqui pedindo piedade. Um pedido honesto de perdão. Meu coração está na mão. E você mora em mim. Faz de meu colo a sua casa. E de meu amor o fogo de seu desejo. Da porta, você já tem as chaves. E se você perdê-las, eu a abro pra você. Eu não sei direito a hora que tenho que dizer o que tenho pra te dizer. Não sei o que fazer. Só sei da festa que eu vou dar, bem na hora em que você me entrar.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

o liso do sussuarão.

Eu descentralizo meu pensamento, neste momento em que escrevo, em fumaça e cheiro de vinho e é uma responsa ouvir tanto engajamento vindo de todos os lados. E eu pergunto: cadê o engajamento? Onde é que está o meu engajamento? Foram tantas as revoluções! Dentro de minha cabeça há umas. Aqui e acolá. São pobres e ricos e negros e pardos e amarelos e mamelucos e cafuzos e kaiwoas e mulheres e homens e gays e lésbicas e trans e bi e crianças e ideologias e religiões e direita e esquerda e capitalismo e socialismo e tecnologia e desrespeito e descompaixão e cibernética e tanto tempo e tanto século e o segundo que passa tão devagar quando não se consegue o fechar dos olhos. Eu vejo e todos que eu citei e deixei de citar também vêem. E por que? Por que aceitar essa merda? Por que aceitar tanto policial achando-se o dono do mundo? Maconheiro, comunista, cadê o livro vermelho? - é o que acabo de ouvir. Preto velho tá subindo e meu sangue também! E eu digo porquê. Porque o engajamento só fica em palavras e, quando ele vai às ruas, é explodido por gases e balas, - que não são as que eu chupava quando era criança. A minha mãe é Maria e eu não entendo a minha tribo. Eu quero saber do engajamento. Desde o início! A democracia que eu vivo é fajuta e dissimulada. Eu quero mudar. Que se mude. Mudemos. Mudaremos; se a graça da nossa energia continuar a suportar o andar conosco. Isso é preocupante. Vejo a face de meu amor.  

sábado, 26 de abril de 2014

sobre um espaço preenchido.

ao irmão .



-Nossa, complicado. 
-Falei.
-Você tá falando isso mesmo?
-Hoje a gente está mandando bem.
-Hum.


E toca Doces Bárbaros. Temos escutado muita música por esses dias. ''Ela estava em silêncio, eu estava em silêncio. Eu sentia o corpo dela junto ao meu..." Imóveis acerca do que se passava. ''Nós dois pretendíamos a paz dentro da violência do mundo...'' E nós ''alojados dentro dela''. 

A paz. É isso. O que sinto do lado. Ótima música pra falar um  pouco de nós. Mesmo com tanta madrugada insone. Tranquilos. Quando juntos e pelo simples, -que de simples não tem nada.-, fato de sabermos que estaremos sempre ali.



nota: é o que acontece, cada encontro. São almas marcadas.

domingo, 20 de abril de 2014

me gusta la pregunta.

Escuto Manu Chao. É bonito o que ele diz. ''Me llaman calle... calle sufrida, calle siempre atrevida, asi me disparo a la vida. Calle más calle: sin salida.'' Me gusta. Parece com tudo. Sim, claro! Como não saber? 


....


Trago a metade do cigarro já fumado anteriormente por mim. Comprei uns refrigerantes e me lambuzo. Quanto açúcar. Trago, também, grandeza. Beto já me dizia que isso é ser grande. É! Imagine só: ter que aceitar que são certas tantas incertezas... Enfrentar tanto poderio superior ameaça. É uma ameaça a cada parte ainda crente que existe dentro de mim. Não, não estou dizendo que não tenho fé. E não é a sua igreja que vai me convencer. Eu tenho fé sim. Em um Deus que é o meu e me basta. Vejo-o em raios, luares, mares, calles, amores. Mas Ele não é uma instituição. Eu não acredito nela. Pra mim, não passa de um monte de blá-blá-blá com intenção reversa. Eu tenho fé. Mas aceitar que tudo é tão feito de pó. Num sopro se vai. E pra onde? E volta? E como? Mas... como? E me perco em meio a tantos porquês e poréns. Falta-me sempre a pergunta que tem resposta. Não, não acredito em tudo que dizem por ai... Trago o último trago de meu cigarro e de minha grandeza.


...


E a música continua. Nua. Querendo ser escutada. Querendo ser vista. Querendo ser reparada. 
Só digo a ela que sim. Continue. Há músicas que são poesia cantada. Me gusta la poesia. Me gusta su rebolado. La musica hace lo mismo. E novamente me sinto grande.  E novamente fico sem entender. 

sábado, 19 de abril de 2014

insight.

Sem intenção
vem-me a poesia.

É simples.
É discreta.

                                                                                                                                             Faz o mesmo.

                                              Vem, traz seu o limite.
           Vem, faça o seu palpite.
                                                                                                                              Vem, traz o seu insight.
                                                                            Vem, faça a sua arte.
Vem, cada um faz parte.
                                                                                              Vem, essa é a conduta.
                                       Vem, traz a sua luta.
                                                                                                                            Vem, que seja pro abate.
Vem, de ensejo ao combate.
                                                                    Vem, o desejo grita.
                                    Vem, coração palpita.
Vem, de encontro ao vigário.
                                                                                             Vem, traz o seu armário.
                                                      Hein, não seja regra bruta.
                                                                                                                            Nem vem de alma curta.
                                                        Bem você faz de sobra.
                 Quem fará discórdia?
                                                                             Trem que te leva em instantes.
                  Sem ou com consoante.


Dissonante.
Torturante.
Displicente.
Sem alcance.
Coadjuvante.
Hesitante.
Mais um integrante. 

                                                                                                                                  Dessa onda de saltos
e amantes.