terça-feira, 21 de outubro de 2014

vício aludido.

Escrevi nas paredes coisas que passavam no meu coração.
Palavras bonitas, até.
Tinham sentimento forte.
Paixão.
Eu ia e vinha no tempo...
E esquecia-me das aspas.
O meu espelho te via.
Eu suspirava um acréscimo de estima.
Era extasiante.
Eu fechava meus olhos.
E tocava-me como na primeira vez.
Vagarosa.
Temerosa.
Insegura.
Mas pouco inocente.
E eu ia gostando de te enxergar.
No espelho, que eram meus olhos.
E eu ia gostando de me tocar.
Fingindo minhas partes serem suas.
Nuas.
Ambas.
E cruas.
Como se nada houvera-me tocado. 
Como se eu a tocasse também pela primeira vez.
E eram suaves os acordes que soavam.
Eram honestos os gemidos que gemiam.
E era molhado o que me escorria, pernas abaixo.
E era sofrido...
É estranho...
você não está aqui.
Agora.
E eu te escrevo.
Chamando tua voz em letras.
Ou novos acordes.
Na verdade, eu aprendi algumas coisas, 
depois de viver outras.
Foram paixões,
hospitais psiquiátricos,
falta de teto e falta de comida,
amigos que de fato não tinham amizade pra doar.
Estranho...
Como as coisas mudam.
O aprendizado mudou meus valores.
E eu também vivi situações inversas.
Amor,
fé,
casa e pão,
amigos que se doam.
Estranho...
Eu não quero perder mais nada.
Eu não quero perder você.
Perdão.
Mas não se perca de mim.
Vem ser o meu orgasmo.

J.V.Kaisen

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