terça-feira, 18 de junho de 2013

Belo Horizonte, 18 de junho de 2013.

foco, galera.


O nosso intuito não é o insulto, 
não é o tumulto que se formou e... muito.
Muito menos o de repente,
plantado em cada passo,
dado  que, num instante,
poderia ser anterior ao de antes.
A gente pinta a cara de verde e amarelo,
não pra que estejamos escondidos por trás 
de tinta fresca ou já seca, não.
A gente pinta as cores da pátria amada,
Brasil, Brasil, Brasil! 
Já chega! 
O nosso intuito é o que permanece!
Vamos pra rua sim,
vem você também!
Que as cores pintadas no seu rosto,
sejam frescas,
secas pelo Sol
ou iluminadas por ele.
Porque, -escuta ai seu policial,
eu não tenho esse metal que dispara,
de cima, debaixo,  por todos os cantos,
eu não tenho esse metal que dispara
e faz sangrar de dor,
porque eu venho pelo amor,
que no fundo eu sei que também te toca.
Vem de blusa branca, bandeira colorida,
vem de qualquer jeito. 
Vem pra rua, vem!
Larga o seu metal,
desleixe o punhal,
sem violência!
O nosso intuito, fique sabendo,
é romper com essa  barreira,
e até, certamente, limitar uma ou outra
fronteira.
E chega! 
Foco galera, foco. 
Vamos mostrar a cara sim,
mesmo que essa mídia
mostre a porra toda
que acontece,
de forma que não dá pra entender.
Mostra a cara,
faz dela a sua própria mídia,
isso pra nós é coisa rara!
Sem perder o foco!
E uma coisa eu te peço,
oh Seu Fardado,
guarda essa sua arma,
desarma,
e vem fazer parte da multidão!




                                                                                                               Ah, Copa não!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Belo Horizonte, 17 de junho de 2013.



Tempos antes da manifestação:


Dinheiro na mão,
as portas se abrirão?
Não é assim que funciona,
senhor capitão.
A gente é assim,
brasileiro, povo,
massa, gama, trabalhador,
torcedor da nossa pátria.
Diz-me quem lhe deu esse sorriso antes, irmão?
Diz-me quem enfiou o corpo no buraco,
pra você colocar a sua bunda, fale.
E quem foi que disse que a polícia vale,
um terço do que cabe?
E quem foi que disse que o brasileiro vence,
mais de um terço do que sente?
Porque não pode, não deixam,
eles só são cruéis.
A gente tem voz ativa,
vamos mostrar que a gente tem!
Vem, faz parte do show!
Vem, da sua face pro nego bater!
Da as duas, dá as mãos.
Ditadura dissimulada,
democracia torta.
Eu vou te abrir a porta.
Porque meu sorriso eu não vendo.
Porque do seu dinheiro eu não estou vendo.
Se realmente da, alguém tira.
Se realmente da, é pra tira.
E se está aqui, não diga bobagem,
vamos pra margem,
vamos liderar o entorno
que dai ninguém sai de dentro.
Ninguém pode dizer o que somos.
Esse é o sentido do que fazemos.
Esse é o sentido do que faremos.
Lutar.
Contra essa merda toda
que me deixa sem ar,
tamanho o cheiro fétido
e podre que paira quando penso
no outro lado da mão,
o peito pulsa por democratização.




...



Tempos depois:


A foto lá do meio,
foi tirada com amor.
Amor pela pátria,
pelo sorriso banguela de um indivíduo.
É tanto amor que se encara as máscaras,
com a certeza de que elas podem cair,
ao simples tiro de um cara da lei.
Eu fui.
Sou testemunha do que houve.
Houve repulsa das minhas entranhas,
houve falta de fôlego dos meus poros
e uma súbita vontade de dizer o que eu vi.
Eu vi policial sendo louvado,
porque fez uma foto lá do meio.
Eu vi policiais sendo vaiados,
pelo 'simples fato' de atirarem bombas
vindas de frente, de lado, de cima, inferno  que é,
nas pessoas que estavam ali de forma pacífica.
Eu vi gente jovem,
gente velha,
eu vi família,
eu vi criança,
eu vi minha cara pintada,
eu vi minha força renovada,
por tanto querer aquela mudança.
Eu vi policiais escravizados,
escravizando um povo que luta,
que chora,
que sonha,
que espera pelos ideais,
mas sem deixar com que eles sumam,
em função de um bando de filho-da-puta,
que esconde a cara e bota o rabo entre as pernas.
Eu vi alegria acometida de grito,
mas sem deixar de ter fé.
Palmas e vaias...
Palmas e correntes...
Palmas, solte-se, minha gente!
EU vi esperança nos olhos das pessoas,
vi esses mesmos olhos chorando já que
era nítida a fumaça branca que cegava,
deixava rouca a voz que só queria falar:
violência não.
EU vi que quem estava ali,
metia a cara pelo país.
O problema não era só o futebol.
O problema não se resolvia por vinte centavos,
nem poderia ser trocado por algum trocado.
EU vi que aquela gente só queria
poder andar pela rua da sua pátria,
sendo melhor tratado do que um gringo
que não sabe nem um bocado,
o que é ter o corpo marcado
de falta de democracia,
e uma ditadura que já se instala,
sorrindo dissimuladamente.
Basta olhar na foto lá do meio.
Basta.
Basta de bombas!
Basta de tiros!
Basta de tanta falta de vergonha na cara.
Basta,
Hoje eu fui feliz,
por ver que há muita gente querendo mudança.
Hoje, cada lágrima que escorreu de meus olhos,
sem que eu estivesse triste,
escorriam, porque eu era bombardeada.

sábado, 15 de junho de 2013

ato falho.


O corpo foi entregue
àquela alma mais bondosa,
nada criminosa, muito menos pecaminosa.
Se eram sete os capitais, 
um deles pode-se cometer, 
problema não houve algum.
Talvez uma órbita vazia,
ou um estômago ainda mais faminto e cru.
Inércia das pernas,
do coração, mais então,
então que os olhos cegam-se
ao ver a luz.
A luz da ideia que tem a mente,
que, insistentemente,
insiste em acreditar no que existe.
E o que está fora de órbita?
está o peito entalado 
de desejos do passado, 
de convenções diretas,
de metas e... que porra é essa?
Eu tento ver pelos olhos deles
que ainda estão fechados,
tento mesmo ver pelos olhos deles,
os meus cegaram-se depois dessa luz!
Que Deus é esse que escolhe os privilégios,
sem ordem de chegada, 
apenas pelo apelo à largada,
apenas em função do não no final das contas.
E, que Deus? Que Deus?
Que Deus persiste em atos falhos,
para um aparato de desgraças na vida seguinte?
Seguinte: eu creio, eu quero crer.
Quero preencher minhas órbitas nisso.
Mas, para isso, para isso,
só peço licença pra ouvir minha própria voz,
e ver os meus próprios espíritos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

pra onde eu vou.


Eu vou pro instinto selvagem.
Eu vou pro deserto que tem água como imagem.
Eu quero o mau gosto.
O cheiro de esgoto.
Quero ir pr'onde o céu for azul.
O Sol amarelo.
As nuvens algodão-doce.
O inferno o lado direito,
da minha interna canhotez.
Eu vou pr'onde a água for doce,
que é pra matar minha sede de sua pele salgada.
Que é pra ensedentar a alma de tanta embriaguez.
Que é pra acalmar a calma da sua saliva por dentro de mim.
Eu vou pr'onde o seu contorno for,
do jeito que você por,
que é pra sua saliva acalmar
meus lábios íntimos,
e depois beijar os pequenos.
Num sabor gentil,
sutil,
nada fútil,
e muito sincero.
E eu ainda me pergunto pra onde vou?
Mas é claro que pra uma casinha pequena,
com montes de filhos e de bichos a enfeitar,
alegrar,
explorar e
conhecer vários caminhos.
Nós daremos à eles o gesto,
a palavra,
o abraço de conforto,
o cheiro morno de pães de queijo assando no forno.
E o sorriso nada morno que me faz querer ver seus olhos,
tamanho brilho que eles tem.
E é bonito isso.
Que eu olho, 
reparo,
disparo
de vontade de saber que eu só vou pr'onde você for.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

teste.

Palmas, palmas! Som, som? Testando. Não há ninguém me ouvindo ou eu não estou dizendo? Digo letra por letra se dessa forma me escutarem. Digo: o parâmetro é a diferença. Quero muito, além do necessário, o que é para o corpo deleite, é para a alma ardor. Desconfiança. Pés descalços e cabeça cheia. Fumaça além do que se pode. Eu faço cor onde é preto e deixo brancos os meus mais profundos sonhos. Destes que a gente sabe que estão ali, por dentro, mas que só vê realmente a forma quando se concretizam. Concretizar? Concretizar o abstrato é realmente sonho. E que quando concreto será novamente sonho e assim por diante. Entende o quanto isso é enlouquecedor? Saber que somos movidos por sonhos e que estes nunca vão acabar. Esfregar os olhos, as mãos, os corpos, e assim por diante. Às vezes eles se repetem, repetem tanto que parecem reais. Viscerais. Internos. Externos. Livres. Nossos. Eu. Você. A nossa diferença. E assim por diante.