terça-feira, 25 de dezembro de 2012

então é Natal.

Não adianta fechar as portas. Não adianta apagar as luzes. O Natal invade os lares mesmo que com janelas e portas cerradas. Mesmo que a luz acabe, seu brilho que pisca, pisca, pisca, insiste em iluminar. É hora de agradecer o dom da vida, é hora de celebrar o nascimento do Homem mais perfeito que já existiu. É hora de família e amigos se juntarem para que, com um singelo abraço, possam sentir, naquele momento: conforto, amor, paz, felicidade. É hora de colocar tudo em seu devido lugar, esquecer-se de mágoas, afogar-se em perdão. O desejo é universal. Que todos: pobres, ricos, órfãos, familiares, amigos, inimigos, negros, brancos, crianças, adultos, os de mesa farta, os que têm apenas o pão; que todos possam lembrar-se que Natal não é sinônimo de presente, mas sim de presença, Daquele que nos salvou. Meus sinceros votos de felicidades.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

animal.

Fizeram-me uma pergunta um tanto quanto complicada de se responder de imediato: ''se você fosse um animal, qual animal seria?''. Sem pensar muito, já que eu não tinha tempo, respondi: ''um cachorro''. Retrucaram-me: ''por quê?" ''Porque o cão se sente feliz com pequenas coisas, como a chegada de seu dono." "E você tem dono?" "Não, minha dona sou eu, e é por isso que eu gostaria de ser esse tal cão, eu não fico feliz com a minha chegada."

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

outra não.

Perca esse medo.
Entregue-se ao seu desejo.
Desejo que é igual ao meu.
Larga tudo e vem.
Eu te espero há tempos,
e a espera um dia cansa de esperar.
Eu não quero ninguém.
É só você o que meus olhos querem ver,
que meus lábios querem tocar,
que meus abraços querem entrelaçar.
Dê-me inspiração.
Depois de muito me respirar.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

depois do deslumbre.

Transcrevo meus pensamentos como quem desabafa com si próprio. Nessa invenção alucinante, pedante, ofuscante; o ponto nunca é o final. Jaz morto aquele eu. O indiferente, descrente, resistente e opaco eu. Suicidei-me essa parte. Sobra agora o que? O nada que é a vida. Um fato que não sabe cessar.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

de mim não sei nada.

A vida é breve. O tempo corre. As estações mudam. Os anos se vão. Pessoas morrem. Outras delas nascem. A música toca. O corpo dança no ritmo da mente. Os cabelos perdem a cor. O artista impressiona. O escritor padece. Guerras começam. A paz termina. O início é meio e fim. Enfim.

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E daí? Se minha vida é breve, se meu tempo corre, se não é mais outono, se vem o ano novo, se as pessoas morrem, se outras nascem, se a música toca, se meu corpo balança, se meus cabelos estão brancos, se o artista impressiona, se eu com meus escritos padeço, se há uma guerra em minha mente, se minha paz já se foi. Se hoje sou início, amanhã meio, depois fim?
 
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Viro a página, minhas canções não tocam no rádio. E tudo se move. Sempre. Então por quê? Por quê aceitar toda essa história se tudo não passa de sonho e sonhos me acompanham em pleno sol de meio-dia? Só o que eu sei é o que fui ensinada. De mim não sei nada. Ninguém nunca me disse quem sou eu. Nem mesmo o meu espelho.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

quando penso em você.

Você não cabe nos meus sonhos, mas realiza todas as minhas concretudes.

sábado, 8 de dezembro de 2012

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E agora? Quem vai curar a minha dor?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

socorro.

Às vezes a vida nos deixa em cada situação que os que estão de fora só podem torcer para que não aconteça nada parecido com eles próprios. Não que eu sofra mais que os outros, não é isso. Cada um tem o tropeço que pode aguentar, agora, levantar-se dele já é outra coisa. Eu começo a acostumar-me com tudo isso, mas não é fácil. A vontade é a de ficar deitada todo o tempo, ouvindo música no talo para ver se os gritos que ouço se calem. É difícil, a música acaba, já ouvi todo o meu playlist, e nada. Tento ler, desconcentro-me. Tento dormir, tenho pesadelos horríveis. Queria receber um presente, uma dádiva mesmo, que me mostre o melhor caminho. O jeito certo dessas coisas todas irem embora. Aceito sugestões. Só não me indiquem o caminho da felicidade, porque desse eu já me perdi há tempos. Não sou infeliz, mas vivo triste e, acredite, tem uma grande diferença nisso. Triste por não saber o dia de amanhã, triste por escutar tanta humilhação que vem de mim mesma. Eu quero levantar a cabeça, começar tudo outra vez. Recomeço faz parte. Mas pra recomeçar algo tem que ter fim. E é isso que me angustia tanto. Não acaba. Então, como recomeçar? Socorro, Deus. Alguém. Socorro. Eu quero continuar, mas não é o que parece que vai acontecer. E, a cada dia, fico um pouco mais certa disso. E acostumar-me com isso, ah, acostumar-me com isso eu não quero. Quero largar tudo sem ter que deixar nada para trás.

domingo, 23 de setembro de 2012

deixa.

Faz frio em plena primavera. Deixa eu me esquentar. Deixa que eu caiba em mim. Deixa eu chorar até que minhas lágrimas se sequem e meus olhos comecem a derramar sangue. Deixa meu pensamento vazio por pelo menos um segundo, eu imploro. Deixa meu coração entender que ainda existe amor. Deixa meu espírito descansar. Deixa eu tomar um gole de conhaque antes de me oferecer o mel. Deixa. Deixa-me em paz. Nem que seja por milagre, cura-me. Deixa que eu veja que ainda há vida.  

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

condição.

Eu abro as janelas, sabe?! Mas é que até do Sol eu tento me esconder. Talvez porque ele consiga enxergar tão profundamente todo esse meu corpo que isso me começa a causar medo. Sorrir sim, pelo pão, pela família, pelos amigos, por cada coisa que pareça insignificante, mas que, para mim, são grandiosas. O motivo desse sorriso não aparecer a todo momento é que me falta paz. E paz é uma coisa que a gente tem que ter, pelo menos dentro da gente, pra poder sorrir um pouco e respirar aliviada. Minhas noites são terríveis, o sono vem, mas a cabeça não descansa. Penso em tudo que ainda posso ver de belo, quantos sorrisos posso arrancar de minha pequena irmã, dos carinhos vindos de minha amada mãe, do perdão que posso receber de todos a quem um dia machuquei. As cores vibrantes, sumiram, todas. Só consigo enxergar no preto, no branco, no máximo um cinza. Sim, podem me chamar de pessimista. Mas só eu sei o que é passar o dia todo ouvindo coisas ruins que dizem ser da minha cabeça, já que ninguém mais ouve. Então, qual é a realidade? A que escuto vindo dentro de mim? Ou a que as pessoas me falam? Sinceramente, já não sei no que acreditar. Minha vontade não é a de morrer, não é isso. Mas é infinito o número de coisas que escuto a esse respeito. Eu vou tentar, mais uma vez, abrir as janelas e enxergar vermelho, amarelo, verde e azul. Eu vou tentar colocar as coisas em ordem. Mas até isso leva tempo. E se tempo é algo que eu não posso dizer o quanto tenho, temo fracassar mais e outra vez. Perdi pessoas pelo meu caminho, ganhei outras incríveis, algumas até acho que possam retornar, não como era antes, mas pelo menos com o cuidado de sempre. A perfeição não existe mesmo e, se fecho os meus olhos todos os dias implorando para que no outro eles estejam abertos, já é uma conquista. Eu quis abraçar o mundo. Quis ter tudo de uma vez. Mas a vida me mostrou que os meus erros deixaram marcas que borracha nenhuma pode apagar. Eu entendo quando me dizem para voltar a ser aquela menina que sorria, que falava de amor, que tinha gosto pela vida. Mas o meu medo é que eu volte a ter tudo isso e perca novamente. Afinal, a gente vai vivendo, ganhando, perdendo. É a lei natural. A angústia de não saber o que vem depois que eu acordar é a pior parte para mim. Sempre quis me formar, trabalhar, viajar, amar e todas essas coisas que viraram a lei da felicidade. Contudo, não funciona bem assim. A vida é dura. A morte deve ser também. Mas se for pra atingir a paz, de corpo e espírito que Deus esteja comigo e escolha o melhor para mim, nem que o melhor seja a paz do suspiro final.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

definho.

Estava escuro e frio e quase no fim. Mas eu queria esperar. Eu sentia que algo morria e o pior é que eu não sabia o que era. O fogo me queimava a carne ainda nua. O frio vindo de minhas últimas lágrimas congelava cada parte de minh'alma. Não faz mal. Não faz mal. Eu vou me recuperar. É só mais um sapato que perdeu a sola.  

domingo, 2 de setembro de 2012

basta.

Eu queria entender mais sobre a loucura. Já ouvi dizer que ela não existe. E que está em todos os lugares ao mesmo tempo. O suicídio é a saída para quem acha a vida algo complexo demais. E a morte um mistério a ser desvendado. Eu sou assim. Curiosa. Desconfiada. Louca. E se isso não for o bastante para você entender o que quero dizer, caro leitor, desculpe-me, mas não digo mais nada. Enfim.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

tombo.

Tive uma conversa franca com a minha consciência. E ela voltou a dizer que eu sou um lixo. Tudo bem, posso até ser. Mas retruquei com algo que tinha esquecido-me. Lixo pode ser reciclado. Juntei cada parte. Papel, plástico, vidro, metal. E me refiz. Sou um novo objeto, feito de lixo, mas novo. Enxergar isso é uma virtude que poucas pessoas são capazes de ter. E se lixo é transformado, por que não as pessoas? Orgulho, rancor, pés presos no passado. Isso sim não tem volta. E não sou eu quem vai convencer o outro a enxergar o que está frente aos olhos. Só me resta desejar apenas o melhor. Que encontre o que procura. Que tenha o chão que tanto quer. Não digo mais nada. Essa é minha deixa. Deixo-te em paz. Imersa em dor, mas em paz comigo. Tirei um peso das costas tentando alcançar algo que nunca tive. Mas falhei. Esse não é o primeiro, muito menos o último tropeço. Mas a vida é assim. A gente nasce sem saber andar e, quando aprende, aprende junto a dor da queda. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

mais uma perda.

A inconsequência gera consequências. Eu me sinto um lixo no final das contas. Foi imaturidade, foi erro, foi tudo de ruim. E eu hoje perdi algo que vale mais que ouro. Amizade. Uma amizade que mal tinha começado. Estava sendo construída. Mas parece que os tijolos eram de areia e todos eles desabaram. Até onde vai o perdão? Até onde vai a dor? Perder um amigo, alguém que até então confiava em você, cara. Ouvir de alguém que não mais acredita em uma palavra que se diz, dói. Puta que pariu, com o perdão da expressão. É que não vem mais nada aqui, a não ser isso, para demonstrar o meu sentimento. Um p-a-l-a-v-r-ã-o! Eu devia ser muito idiota mesmo, né? Mas eu mudei. Mudei! Sim, as pessoas mudam. Nem todas, mas eu não caibo nessa excessão. Eu só espero que esse tempo seja o bastante para mostrar que a gente é muito maior que tudo isso. Nos conhecemos há tempos, mas antes nem simpatia havia. E depois, depois de constatar o que cada uma era de verdade eu acredito que tudo possa se resolver. As lágrimas escorrem, sorte a minha não estar escrevendo no papel. A raiva de ter escondido algo tão relevante para ela, mas que para mim não passava de um passado que tinha que ser esquecido. O medo de não ter volta. A força que diminui. As vozes que gritam: "Você não vale nada! Morra! Imbecil!" Talvez elas estejam certas. Talvez você esteja certa quando diz que a essencia continua. A minha jaz. Junto com ela o coração acelera, o sangue vai à cabeça, a alma adoece. Se é tempo do que precisa, tempo vai ter. Só espero que não demore tanto. Como já disse, várias vezes, não sei até quando vou aguentar tudo isso. Você é minha âncora, me ajudava a equilibrar em minhas muletas. Não ter você vai ser como perder uma delas. E cair. Ao chão. Para que o primeiro cão venha mijar por cima. Para que as pessoas pisem, como mereço. Para que o caminhão de lixo passe e me leve para o lixão, lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

coincidência.

E essa distância entre nós, hein? Quantas vezes essa roda tem que girar para que você volte para mim? Suas teorias me dizem que você vai tardar. Mas, meu amor, cuidado! O relógio não para e-eu-posso-ir-a-qualquer-momento. Junto comigo esse amor morre aos poucos. E a morte de um amor dói. Mais até que o fim da própria vida. E eu não quero que as perdas coincidam.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

despedida.

Seu sorriso de lado, quando mentia, não sai de meus olhos. Se é ela quem você ama, ótimo. Não diga que tenho culpa nisso tudo, não, não diga. Eu acreditei em cada palavra que me disse. Eu acreditei e me doei até mais do que era capaz. Ferida que não fecha, essa que você me deixou. Para te ver feliz, olha onde cheguei. Fui embora. Desisti de você. Sabia que ela te faria mais feliz do que eu jamais pude. Embora, para ela, você tenha sido apenas mais uma, enquanto que, para mim, você era única. Fiz de tudo. Troquei de corpo com você por instantes para que, por instantes, meus pensamentos fossem outros. E nem assim deixei de pensar em como poderia ter sido. Os beijos que não trocamos, o abraço que não demos, o sexo que não queimamos. Tudo dói. Mas o que mais dói é saber que eu ainda te amo. Depois de tudo. Depois de você ter pisado em mim. Depois de você me ter mostrado que para você eu fui apenas um temporal que alaga, mas cessa. Ame quem lhe convier. E continue mentindo com esse sorriso doce que tanto conheço. Vou-me embora, de uma vez por todas. Mas de uma coisa tenha certeza: eu não vou partir por inteiro. Eu vou estar para sempre por aqui. Fingindo amar tantas outras que me aparecerem, mas com o coração sempre seu. Olhe ao redor. E, se achar alguém que te aplauda como eu fiz, alguém que te escreva poemas de amor como eu fiz, alguém que te ame como eu te amei, por favor, me diga. Só assim eu terei a paz em saber que você está feliz e que eu não desisti em vão.

sábado, 18 de agosto de 2012

para esquecer.

Eu não sei o motivo delas escorrerem. São de sal e eu prefiro doce. Sou filha de uma ciranda que roda até chegar ao mesmo lugar. E onde é? O início, indo ao meio até ao final? Ou será o contrário? Começando pelo fim, passando pelo meio e chegando ao início que Deus sabe lá o que foi? O que posso querer? A vida? A paz mental? Ou a roda rodando rondando a rota do repousar? Mergulho em meus pensamentos e retiro deles o sal de minhas lágrimas. A doçura me abandonou há tempos. Receio o colapso. O andar e falar catatônicos. A mente febril e o coração frio. A minha vida é assim. Sombras na escuridão e a luz que teima em me cegar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

fogo.

Prega tua língua em meus lábios
que eu prego a minha em teus pequenos.
Faz de meus seios seu mar
que de seus anseios faço veneno.
Ancora suas mãos em meus pés
que em viés te torno minha.
Vê se de paixão me chama
que quando é amor a gente não se engana. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

solidão.

Sinto-me como uma flor. Murcha. Sedenta. Sem pétalas. Sem caule. Sem raiz. Tenho apenas o miolo. O meio podre, esperando que alguém apague a guimba do cigarro na única parte que me resta. Só assim o cheiro vai exalar. Fumaça e podridão. Uma combinação que me embrulha o estômago. E que me faz pensar que está tudo perdido.

domingo, 12 de agosto de 2012

raro.

Foi um dia incomum. Acordei logo cedo com um sorriso no rosto, quando uma pequena criatura de Deus foi até o escritório onde eu dormia (não tem mais quarto para mim na casa nova) e disse: "Maííía, acorda, vem brincar comigo!". Passei a maior parte do tempo correndo atrás dela, uma criança que enche meus olhos de alegria. Brinquei de esconde-esconde, escondendo-me sempre no mesmo lugar, para que ela pudesse me achar. Engraçado isso. Mas o dia não foi incomum por esse motivo. Não. O dia foi diferente porque eu estava com ele. Ele que deveria ser o meu heróí. Quando eu era pequena ele era isso sim. Hoje vejo que não mais. Agora ele é o herói daquela pequena a quem mencionei há pouco. (...) Dia dos pais. Deveria ser sempre assim. Família reunida. Almoço. Campo de futebol. Eu simplesmente não consigo ter palavras para descrever o que eu senti hoje. Foi bom. Meu herói de antes. Meu vilão de hoje. Mas não consigo deixar de amá-lo. De querer que ele esteja sempre por perto. Mas se não tem mais lugar para mim na casa nova, talvez eu não seja tão bem vinda assim, pensando melhor. Insisto. Não quero perder um segundo sequer do crescimento de minha irmã. Não quero perder um segundo sequer da companhia dele, meu herói-vilão. O dia foi bom. Mas agora que estou aqui, na minha casa de verdade, com a minha família de verdade, vejo o quanto estou fora daquela outra. Dói. A verdade dói. Mas dói ainda mais ter que ficar longe de tudo. Eu não quero perder mais nada nessa vida. Nem o que é bom. Nem o que é ruim. E que esse dia se torne mais comum do que nunca. Que ela me acorde. Que ela consiga encontrar meus esconderijos. E que ele. Ah, que ele se esqueça dos meus defeitos e me ame. E me proteja. E faça tudo para ser para mim o mesmo homem, o mesmo herói que é para a minha pequena irmã.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

mano velho.

Eu só queria aniquilar o tempo. Porque, para mim, ele não cura, mas destrói. É sinônimo da morte lenta, lentamente, segundo a segundo, vou me aproximando do fim. O presente vira passado antes que eu pisque os olhos. O futuro chega antes que eu acorde. E eu não sei lidar com o fato de que eu precise acordar para que meu dia seja melhor do que o de ontem. Não, não sei lidar. Deve ser por isso que eu não durmo. Não sou tão otimista assim. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ternura.

Essa história de amor tranquilo. Ah, meu Deus! Isso não existe. O sabor da fruta mordida, isso sim me interessa. Eu sei, eu sei. Não é fácil encontrar. Acho até que não se encontra. O verdadeiro amor surge de um abraço, surge de uma palavra dita, surge do que parece ser normal. Ou alguém ai pode dizer-me que existe algo melhor do que fazer o simples ao lado de quem se ama? Então é isso! Eu quero a maçã. Quero o simples. O amor que transforma a alma. Quero canalizar tudo que sinto. Eu quero dizer: porra, estou perdida. Amando perdidamente alguém que todavia não sei o nome.

(Ou sei, mas não devo declarar-me.)

sábado, 4 de agosto de 2012

castigo.

Talvez seja hoje o meu primeiro dia de vida. Sim, acabo de nascer. Nasci eu? Ou nasceu um monstro? Pergunta que segue e segue e segue. Segue sem resposta. Eu queria descansar desse peso pelo menos por um dia. As costas doem, sabe? Claro que ter um quarto só para mim já é um conforto. Quando estou só, apenas eu e essa minha cabeça transbordando pensamentos esquizóides, quando isso acontece eu não sei se agradeço ou se peço logo para que termine de uma vez. É que hoje descobri que tenho medo do que penso. Se eu dissesse o que se passa pela minha loucura doce nesse momento. Ah, se eu dissesse. Mas não digo. Não. Há coisas que guardo para mim. Porque não consigo compreender, aceitar, sentir, falta coragem para continuar. Tenho medo, muito medo. É aquela típica sensação de não gostar de claro, mas não saber se comportar no escuro. Por isso acendo uma vela e nela vejo um pouco da luz que ainda me resta. É um grito de horror. Uma força que seca a cada segundo. Uma hora que não passa. Um passado que não volta. Um futuro que não tem porvir. Tudo isso vai ter um final. Quando eu desistir de lutar. Ou de carregar esse peso de não saber se eu sou eu, ou se eu se trata de um monstro. Tropecei. Cai. Levantei e tornei a tropeçar. Passos falsos a todo momento. Isso me causa imensa dor. Dor lancinante que corrói cada parte de minha carne ainda crua. Quero inflamar. Sentir o cheiro da minha própria carne queimando  e, depois, que alguém jogue os ossos aos cães! Disseram-me que eu tenho que ser feliz. Chorei muito quando ouvi isso. Afinal, não sei como atingir essa plenitude. O simples fato de estar viva deveria fazer com que eu fosse feliz? A felicidade me ultrapassa. Seja lá qual significado ela tiver. Pela primeira vez eu vou dançar. Conforme a música? Não! Conforme a dança. A dança da vida. A dança que permite trocar de parceiro ou sambar completamente só. É, é bem isso que eu vou escolher para mim. O meu destino sou eu quem vai traçar. Lálálálá! Um, dois, passo, três. Sozinha. Junto apenas com o monstro que insiste em acompanhar meus passos. Ao som das vozes que guiam minha mente. E não. Hoje não é o meu primeiro dia de vida. É o último. Sim, acabo de morrer. A morte é a minha maior vingança.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

desatino.

A loucura é um dom. Pessoas que vivem na insanidade sincera enxergam a vida como o caminho mais curto e, a morte, como o troféu da ilusória eternidade.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

seu retrato.

Meus olhos tiram fotografias. Parecem mesmo uma câmera. Com foco e zoom. A mais bela das fotos que eles já tiraram foi a de seu rosto sorrindo. E, como em uma máquina, ela, a foto, fica registrada aqui, dentro-da-minha-mente. É pecado, eu bem sei. Mas a gente não manda nos olhos, atenção, eu digo, pretensão de quem achar que manda no coração.

domingo, 22 de julho de 2012

juramento.

Será que tudo não passou de um sonho? Ou ela realmente existiu? Numa noite aparentemente normal, aparentemente fria, aparentemente propícia para tudo acontecer. As mãos deslizando sobre uma de minhas pernas, num ato quase que involuntário. O olhar firme e doce quando eram os lábios que queriam se encontrar. O abraço sincero e desesperado de forma a fazer o tempo parar por instantes. Não, não foi sonho. Eu realmente senti tudo aquilo. É real e forte. É o ar que eu respiro. São minhas mãos. São meus pés. É fogo. É o meu corpo inteiro. É minha alma. É saudade de ter você, antes mesmo de você chegar. Antes mesmo de você ir. Então fica? E, se for, volta? Eu tenho aguardado a sua chegada. Eu tenho guardado amor para te dar. Eu sou aparentemente normal. Aparentemente fria. Aparentemente propícia para fazer tudo acontecer. Mas, num ato quase que involuntário, meus olhos firmes e doces desejam os seus lábios sinceros e desesperados de forma a fazer o tempo parar por instantes. Não, não é sonho. Eu realmente posso dar-te tudo o que te falei. Só não me faça promessas. Não me diga que vai ficar para sempre. O sempre, para mim, é o minuto eterno que passo ao seu lado. É o ar que eu respiro. São minhas mãos e pés. É fogo e corpo inteiro e alma e saudade. Isso sim é para sempre. Eu tenho aguardado a sua chegada. Deixe-me te amar. Eu juro, juro que não posso ser perfeita, mas vou chegar ao mais próximo disso se você me levar contigo aonde quer que vá.  

sexta-feira, 20 de julho de 2012

sobre os amigos.

As lágrimas vão cair. Mas, hoje, será um choro de felicidade. É bonito lembrar de cada ombro que recebi nos momentos em que minha alma sofria. Meu coração doía. Ou, simplesmente, meus olhos se faziam cegos. É muito bonito saber que eles estavam lá. Meus amigos. Para guiar meus pés, quando estes não sabiam qual direção tomar. Para refrescar meus pensamentos, quando estes só tentavam remeter-me ao mal. Para tocar minhas mãos, quando estas não se esquentavam em pleno verão. Hoje eu digo, - obrigada. A todos aqueles que eu chamo de amigos. Amigos que estiveram comigo na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença, - parece discurso de casório, mas não. Talvez sim. Já que a amizade verdadeira sofre e sofre e sofre. Mas permanece. No mais belo dos casamentos. Desses em que o padre não precisa perguntar se existe alguém que é contra. Daqueles em que há mesmo a benção de Deus. Desses em que se diz um 'sim' sincero, repleto de amor. E que se é verdadeira a frase: até que a morte nos separe. Daqueles que, assim como a eternidade, se fazem infinitos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

fulgor.

Deixa a luz entrar, menina! Abre as cortinas! Chega de poço. Chega de sombras. O sol nasce todos os dias e você com essas janelas fechadas. Banhe-se. Perfume-se. E pronto! Venha brilhar. Sonhe alto. Mas cuidado para não alçar voo. O tombo quando se sobe demais é bem mais doloroso. E, cara! Essa menina para quem escrevo sou eu mesma! É preciso que eu fale a mim, que eu me arraste em lama para chegar a conclusão de que sim. Sim, sim. Ainda sou sua. E é você quem faz com que minhas janelas permaneçam fechadas. Que meus olhos só enxerguem os faróis que são os seus. Que meus lábios implorem pelo toque dos seus. Perdoe-me. Mas eu não consigo fingir. E se eu te dissesse que você ainda é o motor do meu peito, o sangue em minhas veias, os meus pés. Você acreditaria?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

vitalidade.


Ela passava bela. Vestido preto, sandálias de salto, olhos coloridos e uma boca que parecia a própria maçã, tanto que eu implorava pelo pecado. Fui até lá. Não pude deixar de reparar que ela também me comia com os olhos. Perguntei seu nome. ''Alice." "Ali se vê que a menina, Alice, está belíssima. Daqui também, talvez ainda mais." "O seu?" "Nina."

 O telefone toca: triiim, triiiim. 
- Alice? 
- Nina? 
- Sim, sim, sou eu. 
- Eu queria te dizer que quero muito me jogar no seu jogo.
- Não diga apenas. Aja!
- É, então você acha que eu não ajo?
- Sem dúvida.
- Então venha ao portão, estou aqui.
- Suicídio é coisa de gênio. 
- Quer dizer que eu não sou?
- Se é, okay. Mas se não, segue isso ai oh: sexualidade é pecado. Doença. Cadeira elétrica e morre!
- Me dê um beijo. 
- Quero tudo de você.

E assim elas se foram. Sem outro objetivo que não fosse o de ficarem perto uma da outra. Sem dinheiro. Sem coberta. Sem comida. Sem pretensão maior do que a de se sentirem em paz. Esqueceram-se de tudo. Mas se lembram de que o sangue também é parte da vida. E que ele corre nas veia. E veia entope. Daí vêm os tropeços. 

domingo, 15 de julho de 2012

indagação.

Lembro-me muito bem, parece que foi amanhã. Tenho memória fraca, mas um coração que não se esquece. Já que a vida quis assim, tudo bem. Ela só se esqueceu de ir mais fundo, para tirar do coração o que da memória já se foi há tempos. E eu pergunto: por quê?

quinta-feira, 12 de julho de 2012

expectativa.

É o fim da espera? Ou da esperança? E qual é a diferença entre elas, afinal. Esperança é a última que morre, enquanto que a espera é a última que chega. Vai entender o que eu quis dizer com isso. Só quem já viveu a esperança de um dia a espera chegar, conseguirá saber o por quê dos meus olhos ainda brilharem.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

mirar-me.

O gosto do beijo que todavia não provei não me sai da boca. São uma experiência incrível essas as cotidianas. Um gole de café ao acordar. O cigarro quando caem as estrelas.  O aquecer das mãos uma na outra para espantar o frio. O cão abanando o rabo quando o dono chega em casa. O sorriso bobo do amado quando vê que o companheiro o observava. O cheiro da natureza. O sabor da amizade sincera. Simples e abstrato. Assim como o beijo que todavia não provei, mas que não me sai da boca. Contemplo a espera. Contemplo seus lábios pintados de vermelho. Contemplo seu olhos. Contemplo como uma criança recitando um mantra infantil. E, quando me perco em meio a essa beleza toda, a essa infinidade de coisas que me fazem bem, começo a tomar consciência de mim mesma e digo, -sim, eu quero viver. É que agora eu reconheço que erro sim, porque a minha condição é de natureza humana.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

desaparição.

Vontade de sumir. E, ao mesmo tempo, me dá uma vontade de mudar de vida! Mas como? Será que eu pego carona à beira da estrada e corro esse Brasil inteiro? Ou será que eu fico e aguento tudo isso? Será? Será? Será? Até quando essas incertezas vão dominar a minha vida? Ah! Isso é enlouquecedor! Chega! Quero certeza. Não quero saber de interrogações ou reticências. Eu quero p-o-n-t-o f-i-n-a-l! Nem que para isso eu tenha que colocar esse ponto em mim mesma.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

espera.

Lá estava ela. Ontem, chorando. Hoje, esboçando um sorriso. Amanhã? Espero vê-la radiante. Até que chegue o fim. E o fim de quê? Da noite? Do dia? A menina de olhos grandes. A menina de olhos sinceros. A menina que olha por baixo, desviando sempre o olhar, mas que pensa alto. Desculpe, meu bem. Mas não quero ver seus belos olhos chorando. Não! Quero ouvir seu sorriso branco. Quero sentir o cheiro da sua felicidade. Vem, me dê a mão. Eu não bebo. Eu paro de fumar. Você não está só. Vem, me dê a mão. Abraça-me forte. Eu olho para você e vejo lá na frente. O presente pede para que a gente se guarde. Aguarde. E eu sei esperar. Mesmo que esse dia nunca chegue. Mas se o presente me diz não, o meu coração enxerga que sim. O que impede? As sombras do seu passado? Ou as sombras do meu? Ah! Faz chover! A espera é mais triste, mas faz mais barulho do que o seu silêncio.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

platônico.

Volta e meia um sorriso me escapa. E, tenho observado, que isso sempre acontece quando penso em um alguém que já me ganhou, mas o pior é que nem desconfia. Ou talvez desconfie e finja não desconfiar. Eu me sinto desesperada por um abraço, daqueles em que a pessoa te abraça e diz ao pé do ouvido, baixinho, letra por letra, s-e-n-t-i s-a-u-d-a-d-e-s. Seria bom. É o que eu mais preciso nesse momento. Um abraço. Eu não quero ninguém para tapar antigas feridas. Não é isso. Hoje os raios de sol me acordaram da minha insônia e eu percebi que ainda há pouco observava a lua. Engraçado isso, não? O tempo passa muito rápido. E é por isso que eu quero abraçar o infinito. Se o amor vier ao nosso encontro, não precisaremos de ninguém, além de nós, para aprovar. O negócio é amar. Amar o cuidado. Amar o carinho. Saber amar o amor. É hora de fazer o que eu quero! Cansei-me de pedir autorização às pessoas para ser feliz. E se a minha felicidade estiver em suas mãos, eu te compro um anel, te peço para ficar, para me abraçar, me beijar até a hora em que eu sinta vontade de tirar por completo a minha roupa. E então, você vem?  

sexta-feira, 22 de junho de 2012

é possível.

Estou vendo as coisas de outro modo.
Agora só penso em você e eu.
Se ao menos pudéssemos tocar-nos.
Mas sua pele não me encosta.
Seus lábios não me beijam.

Estranho pensar em como tudo muda.
Antes ali, nem pensava em ter-te.
Agora quero o tempo todo ver-te.
Eita, que confusão!
Desculpe, perdoe-me por querer.
Mas é mais forte que eu.

Pode ser nada.
Pode ser problema.
Pode ser patético.
Pode ser loucura.
Pode ser ilusão.

Mas já pensou que pode ser amor?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ruína.

O caminho é perigoso. Mas infinitamente misterioso. E é disso que eu gosto. Do que não termina para sempre. E é disso que eu gosto. De sentir medo. De me atirar do alto sem ter em quem me segurar. Se sentir medo é uma virtude, cara, eu sou a pessoa mais virtuosa desse mundo. Tenho medo de tudo quase. Confesso que hoje meu dia amanheceu diferente. Muita coisa em seus devidos lugares e isso não é normal. Não quero banalidades, mas arrumar o que está a minha volta é um jeito de recomeçar. A porta fechada me lembra que ela não vai chegar. Nunca. Mas não, eu não vou desistir. Quero correr o risco se preciso for. E, se ainda assim não der certo, okay, eu tentei. Não gosto dessa coisa de arrependimento. Mas é que às vezes eu paro e penso que podia (e pode) ser diferente. Sim, ela tem visitado minhas madrugadas insones. Tenho feito muita coisa pensando em como seria. Mas acho que nunca será. Enfim. Eu sei esperar. Que o medo que eu sinto, que o medo que ela sente, não nos impeça de seguir em frente. Se for para descobrir o amor eu estou disposta a tudo. E quando digo tudo é tudo mesmo. E é disso que eu gosto. De enfrentar o mundo. De dizer o que penso e de escutar o que não mereço. Não é que eu não me ame, não tem nada a ver com falta de amor, não. É amor de sobra. Mas sem ter a quem canalizar. Entende o meu desespero? Hoje estou sozinha. Meu olhar beira ao precipício. Segure minhas mãos. Não me deixe ir. Nesse instante é o que eu quero: uma passagem para o infinito. Talvez eu volte ainda hoje; mas talvez o meu medo me faça ficar para sempre. Aquele sempre que quer dizer nunca mais.

sábado, 16 de junho de 2012

conquiste sua liberdade.

E ontem já não é mais hoje. Amanhã será depois. O que esperar do futuro quando não se desvincula do passado? Para com isso, menina. Vai para frente, esquece! Siga e ria e cante e corra e, se preciso for, chore. O dia depois de hoje é amanhã. E assim o deixa de ser ao próximo nascer do sol. Não sei se me entende, não sei se sabe que isso é para você, mas eu tinha que falar. Basta! Chega! Já deu e foi! Ninguém pode viver no passado, isso dói. E dor já basta a cotidiana. Por quê insistir em algo que talvez nunca tenha sido realmente seu? Por quê? Por quê? Pare de reclamar, aja, viva. Esqueça o que se foi e se importe com o que será. Engraçado eu falando tudo isso para você. Eu que vivo me queixando da vida. Engraçado, mas eu queria que você me escutasse, mesmo que eu não signifique muita coisa para você. De uma coisa eu sei: o passado não pode impedir-te de seguir em frente, porque para trás quem anda é caranguejo, com o perdão do clichê. Enfim. Se é isso que quer ser, que seja. Mas, como tal, transforme suas patas em pinças e proteja-se de você mesma. Não ataque, mas liberte-se.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

entrelaço.

Ela não vai me negar abraços.
E abraços são laços.
Entrelaçadas assim, ficaremos bem.
Sim.
Ficaremos bem.
Então me abrace.
E, se sentir vontade, deixa vir de dentro.
Beija minha boca, tira a minha roupa.
E me enlace em você.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

desordenado.

Eu encontrei a paz. Reencontrei, para ser mais exata. Ou será que eu nunca a tive? Tcha-tcha-tchaan! O caminho mais fácil? Hoje não. Fique atento, caro leitor, fique atento. Eu quero os pedregulhos, as pedras, as montanhas. Eu não vou para Pasárgada. Não sou amiga do rei. Sou amiga é de gente como eu. Sem essa de realeza. Mas não era disso que eu falava... eu quero o abismo. O labirinto. O inferno. No céu só deve haver gente boazinha demais. Não, eu quero o inferno, queimar meus pecados e cometê-los novamente, só que dessa vez, fique atento, caro leitor, fique atento. Dessa vez eles já não serão pecado!s Lá é tudo liberado! Incrível, é para lá, para o inferno que eu quero ir. Descontar todos os pileques que perdi nessa vida de merda, só que agora com o Deus da terra, -usando de eufemismo- ao meu lado. O Outro lá me daria o quê? Néctar? Ah não, muito obrigada. Quero me embriagar de coisa forte, quero cachaça! E muito, muito conhaque. Botaram fumaça na minha consciência; por isso, digamos, estou falando tanta merda sem o menor nexo. Isso não é um texto de despedida, caro leitor, fique atento! Pode parecer, mas não é. Talvez seja só uma prova de que ainda há o que chegar. Eu estou ficando velha. Envelheci antes dos trinta. E eu que achava que não ia chegar lá... Estou na casa dos vinte e velha! Dá para acreditar? V-E-L-H-A! Será que você me liga na hora exata em que eu estiver na janela, bem quando eu for pular? Você salva a minha vida? Ou será que vou ter que morrer para viver? Ou será que eu vou ter que morrer para você vir me visitar? Oh, cadê você? Vem! Já posso estar na porta. Posso já estar atravessando a sala. Oh, cadê você? Já posso estar a três metros dela. Posso já estar subindo e... ooooh! Pulei! E nem assim você chegou.

domingo, 10 de junho de 2012

eu que não sei quase nada de ti.

Eu queria conseguir entender cada pedacinho do teu pensamento. Talvez até mesclá-lo ao meu. Guardar-te em uma redoma para curar cada ferida que sentes. Eu que não sei quase nada de ti. Sei que és bela e madura e extremamente frágil e muito doce. Sei que sofres por um alguém que nunca te mereceu. Sei que tem medo de amar. Sei que não vai ser minha. Nunca. Mas é só o que sei de ti. Seu corpo é um labirinto. Teus lábios, abismo. Teus olhos, mistério. Teus cabelos imploram para que eu acaricie. Tudo o que eu queria era desvendar-te em beijos. Conhecer teus maiores segredos e poder guardá-los no lugar mais secreto onde só os meus segredos estão. Segredos que eu desconheço, mas que dividiria contigo. Mas não. Basta! Eu não posso querer-te. És sonho que não posso alcançar. Eu que não sei quase nada de ti. Eu que só queria saber se pensas em mim como penso em ti. Sabendo disso eu te conheceria tão bem que seria capaz de proteger-te em meus braços até fazer com que seu peito só bata por mim.   

terça-feira, 5 de junho de 2012

putrefato.

Pareço uma desgraça. E o pior é que estou gostando do sabor disso. Estou bebendo do meu sangue. Tirando as forças pouco a pouco. E, de repente, me vejo colocando meu veneno na estante. Para tomar gole a gole e, de hora em hora, um tanto mais. O que me diferencia dessas criaturas gélidas é que eu não brilho. Ao contrário, me ofusco. Tomo um conhaque para esquentar o peito, já que sangue não possuo mais. Nem sangue e nem corpo e nem alma e nem fogo e nem brilho e nem n-a-d-a. É vazio. Mais nada além de vazio. Agora a dor vem pungente. Dando pontadas no coração que já não me pertence. Nem por milagre e nem por fé e nem por culpa eu posso mais. Chega. Suspiros irrompem. O frio castiga. A coberta não aquece. Os trapos estão por ai. Cuidei enquanto pude de todo o meu caminho. Segui a estrada parando de esquina a esquina para tomar uma dose de pinga. Mas as madrugadas continuavam geladas, não importava o quanto eu bebia. Por isso o sangue. Para alimentar e aquecer e tentar, talvez, preencher tanto espaço. Exaustão. Covardia. Pessimismo. Solidão. Esse é o meu retrato, bem simples. Pareço uma desgraça. Uma podridão. Uma criatura que chora sem exigir o por quê de derramar cada lágrima. Chega a ser uma estupidez. Um pensamento fétido, mas, se eu nasci só, tenho que chegar ao fim igualmente só. Unida apenas de nostalgia, carne crua, conhaque fudido, cigarro achatado. Eu, eu não passo de um vampiro que bebe o próprio sangue e paga alto por se alimentar de si mesmo.  Eu não passo de uma coisa perdida, perdidamente pronta para se entregar. 

domingo, 3 de junho de 2012

múltiplo.

Eu me lembro muito bem da minha pequenez. E isso me dói. Foi feliz, sim. Tive muito amor. Mas foi singular. Família pequena. Casa vazia. Poucos amigos. Presença quase que nula de meu pai. Enfim. Coisas singulares são muito mornas. Gosto de plural. Muitos 's' ao final de cada palavra. De cada sentimento. De cada experiência vivida e que ainda serão vividas. E é por isso que eu tenho medo de amar de novo. O amor que eu sinto é muito plural.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

retomada.

Vai embora! Pare de vomitar essas frases feitas que, sinceramente, não me tocam. Eu estou c-a-n-s-a-d-a de te ouvir. Sua infinidade de tons não são mais doces. Quer ver-me triste? Não, verme! Você é quem vai partir, não eu. Eu vou conseguir livrar-me de você. Nem que para isso eu tenha que me afogar em seu vômito fétido. Nem que para isso eu tenha que nadar em lama. Acabar-me em chama. Não chama! Finja que já fui. Tenho motivos o suficiente para querer ficar. E não, você não vai conseguir com que eu perca esse jogo. Os dados ainda estão rolando, lembra? O inverno está indo embora. E eu espero que seu frio sopro em forma de suspiro vá também. Você não me aquece. E eu quero calor. Que venha a próxima estação. Nem sei a ordem delas, mas sei que mudam. E com elas eu vou mudar-me. P-a-r-a b-e-m l-o-n-g-e. Onde você não vai me atingir. E sabe onde eu me vou esconder? Ah, mas por essa você não esperava. Eu vou esconder-me dentro de mim. Porque aqui dentro suas más intenções não chegam. Seu terror não atinge. Seu medo não contrai. E, do pouco que sei, sei que dentro de mim, a sós, eu estarei protegida. Afinal, você pode controlar a minha cabeça, mas nunca o meu coração. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

enfado.

Todo mundo têm um dia em que prefere ficar só. Acontece que isso, para mim, virou rotina. E eu estou cansada de ter que ver essa mesma cara todo dia no espelho.

domingo, 27 de maio de 2012

lado oposto.

Não é que eu esteja triste. Ou desiludida com tudo o que se passa ao meu redor. Não. É que eu tinha dois caminhos para seguir. E escolhi o que estava em minha frente. Ai, a mim me pergunto: o que teria acontecido se eu tivesse virado à esquerda? Será que eu teria mais ódio no coração? Ou continuaria com essa ausência que me cerca? Sim, ausência. Por mais que me doa, por mais que me faça mal, eu não consigo sentir ódio por nada nem ninguém. Talvez, se eu tivesse escolhido o caminho da esquerda, eu conseguiria odiar a pessoa que amo. Conseguiria sentir ódio da vida. Mas não. Eu continuo amando a quem nunca me amou de verdade. Pessoa e vida. Ambas só me fazem mal. E eu aqui, dando voltas, tentando quem sabe extirpar todo esse sentimento de dentro de mim, mas, ao contrário, conseguindo apenas que ele permaneça dentro do meu peito. Não é que eu esteja triste. Mas com tamanha dor pelo que me faz viver. Eu penso tanto no que pode acontecer se eu parar de andar apenas em frente. Eu preciso virar! Virar, desvirar e tornar a virar. Eu preciso de emoção. De aventura. De paixão. Eu preciso esquecer-me dos critérios. Eu quero querer. Mas como? Como dizer a eles que eu não os quero seguir? Que eu não os quero obedecer? O gosto disso é azedo. E, ao mesmo tempo, amarga. Eu só queria um pouco de doçura. O ódio é doce? Porque se for eu quero odiar. Desprezar. Matar. Olhar-me no espelho e me ver exatamente como sou. Não uma imagem de alguém que não sabe o que é. Quem sabe depois disso, vendo-me como sou, eu consiga sentir ódio de mim. E, sentindo ódio, eu consiga desprezar-me. Matar-me. Livrar-me de todo e cada peso. Encorajar-me a fazer tudo o que andam dizendo para eu fazer. Eu quero seguir o caminho que leva ao lado. Ao lado oposto da vida. Ao lado que dizem ser infinito.  

sábado, 26 de maio de 2012

o que eu saberia.

Eu não sei dançar. Nunca soube. Mas poderia aprender se você quisesse ser guiada por mim. Eu também não sei falar em público. Mas ao pé do seu ouvido saberia dizer coisas lindas, com o perdão da pretensão. Eu não sei cozinhar. Mas aprenderia fazer seu prato preferido com muito gosto. Eu também não sei se meu beijo tem sabor. Mas te digo que o nosso beijo seria o encaixe perfeito. Lábios, linguas e dentes. Eu não sei nada sobre cinema. Mas ficaria horas embaixo do edredon com você, assistindo o que fosse. Eu também não sei muito sobre viagens. Mas passaria dias em qualquer lugar desse mundo grande ao seu lado. Eu não sei o que sou. Mas aprenderia quem você é. Eu também não entendo muito de amor. Mas, sabe? Aprender a amar ao seu lado seria aprender a viver. E sobre a vida eu nada sei. Mas aprenderia se tivesse você aqui, comigo.   

sexta-feira, 25 de maio de 2012

caro.

A passagem do tempo dói. Ofereci minha cara a tapas e, diacho! Minhas metades foram apedrejadas. Esqueci de tudo, até de mim. Mas aquele velho sentimento continua aqui. Ouvi dizer que não existe amor eterno. Um dia ele se acaba, é inevitável. Então quando é que o meu vai partir? Ele insiste em permanecer. Imóvel. Intacto. Poeira que não se vai com o vento. Também ouvi dizer que o tempo cura. Eu pergunto: quando? Repito, essa passagem do tempo é doída! Parece que podem passar dias, semanas, meses, anos. E nada. Nada desse peito descansar. Temo sucumbir. Eu pago um preço muito alto por desejar o que não me pertence.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

paradoxal.

Estou por um triz. Tentando mostrar uma felicidade que não existe. Tá certo, só os loucos dizem que não são felizes. Mas quem foi que disse que eu sou normal? Ah, mas normal é a última coisa que eu fui. Seria. Sou. Não. É a loucura que me move. É o meu maior combustível. Eu vivo em pleno choque com a realidade. Sim. Tenho meu mundinho paralelo. Onde invento histórias, mentiras, amores, dores, personagens. Além de um outro eu. Se é que existe lucidez nesse mundo, - coisa que não acredito -, eu quero é passar longe dela! Qual é a graça em achar que tudo o que é 'normal' basta? Não basta. A loucura é necessária. Para se crescer como pessoa, artista, ser. Mesmo que tenha havido chance de me mostrar normal, normal eu nunca serei. Sou louca. Agito do mar. Calmaria das marés. Doida de pedra. De tarja preta e tudo. Mas assim eu sou feliz. Opa! Estou por um triz. Tentando mostrar uma felicidade que não existe. Oh, meu Deus! O quê é que estou falando? Não faz sentido algum! Primeiro digo que não sou feliz. Depois que assim o sou. Oh, Diabo! Não é que eu sou louca mesmo?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

não digo mais nada.

Você não quis acompanhar-me. Tudo bem, coisa e tal. Nem vai ser tão difícil para superar. É claro que meus pensamentos ainda correm por seus olhos todas as noites. E todas as manhãs. Mas eu consigo. Não é a primeira vez e nem vai ser a última. Quando ouvi aquilo tudo - muito pouco, mas tudo -, achei até que eram palavras crueis. Não, agora sei que não é por ai. Foi apenas sinceridade demais. E sinceridade eu prezo muito. Mas por que diabos a gente tem sempre que querer o que não pode ser nosso? Eu te quis enquanto você me pertencia, aliás, pertencer você nunca pertenceu, mas estava ali, ao meu lado. Enfim. Mas agora que só te tenho em presença de corpo, de alma não mais, agora parece que te quero ainda mais. Você me estendeu o tapete e depois puxou. Não se faz isso com as pessoas! Poxa, estava no começo de tudo e você pôs final em tudo sem que a gente vivesse o meio de tudo. Entende? Eu explico; a história nem bem tinha começado, okay, estava indo bem, mas ai, pronto! Acabou. E quanto aos nossos beijos proibidos? E quanto as suas mãos quentes passeando pelo meu corpo? E quanto aos seus olhos firmes e brilhantes toda vez que nos víamos? E quanto a nós? Nada? Significou tão pouco para você, a ponto de terminar daquele jeito? Não, eu não entendo. Ah, e quanto àqueles bombons? As flores que nunca te dei? Os poemas que nunca te escrevi? Sim. Eu tinha a esperança de estar mergulhando em um mar cheio de mistérios, cheio de criaturas desconhecidas, mas intrigantes. Eu tinha a esperança de que desse certo. De, quem sabe até, fazer você se perder em meio a muita paixão por mim. Mas não deu tempo, não é mesmo? Você se foi sem me dar a chance de te contar alguns de meus maiores segredos. Claro que sim, eu os dividiria com você. E gostaria de guardar os seus a sete chaves. Tá certo, parei. Não digo mais nada. Até por quê eu prometi a mim que não ia amar de novo. Que não ia sofrer de novo. E eu não vou. Digo isso com toda a certeza que pulsa em minhas veias. Eu te desejo caminhos de sol. E de chuva quando você precisar regar o seu jardim. Eu te desejo noites quentes. E frias quando você quiser se esquentar usando o corpo de um outro alguém. Eu te desejo sorte. Mas não posso ir sem dizer a você: sim, eu supriria todas as suas faltas. E sim, eu te faria feliz. Talvez como você nunca fora antes. Eu faria tudo por um sorriso seu. Mas você não quis acompanhar-me. Tudo bem, coisa e tal. Nem vai ser tão difícil para superar. Eu sei muito bem fingir que está tudo bem. Já sequestraram meus sonhos antes e, olha ai, cá estou, viva. O que mais posso querer?

sábado, 12 de maio de 2012

tudo sobre minha mãe.

No seu ventre eu repousei por nove meses. Não me lembro daquela época, mas sei que era quente. E terno. Enquanto você cantava eu dormia em paz. Sua voz era doce. E meiga. E eu sabia que você me amava antes mesmo de me conhecer. Você foi o meu primeiro amor. Desses de verdade, sabe, mãezinha? Amor que não se explica, ele existe. E ponto. Quando nasci repousei sobre o seu colo. Bebi do seu leite. Você me segurou firme quando eu cambaleava tentando dar os primeiros passos. Minha primeira palavra não podia ser outra que não fosse 'mamãe'. O tempo passou e eu cresci. Agora seu ventre e colo são pequenos demais para eu repousar-me. Mas você me dá seus ombros. Seja para que eu me deite para assistir os filmes que você tanto odeia, seja para eu me acabar em lágrimas de desabafo.  Às vezes acho que você ainda não percebeu que  eu estou bem grandinha. Trata-me como uma criança, a mesma daquela época de chupeta e fraldas. Mas eu não me importo. Acho até graça. ''Filha, já tomou seus remédios hoje?'' ''Não volte muito tarde." ''Não beba!" "Cuidado com estranhos..."  Sei que são palavras de amor. Até mesmo quando brigamos eu te acho incrível. Quando você não aceita minhas ideias ou diz que sou imatura demais. Talvez você esteja certa. A mãe sempre tem razão. Ela bem que me avisou para não fazer isso ou aquilo. E, todas as vezes em que contrariei o que ela dizia, acabei me dando mal. Mãe. Sinônimo de amor incondicional. Mãe. Meu refúgio. Minha base. Meu espelho. Minha certeza. Certeza de que o amor existe. De que alguém pode sim amar alguém mais até que a si mesmo. Mãe. Eu te amo. Dizer que você é a melhor mãe do mundo, seria pouco. Você é a melhor mãe para mim. E isso basta. Desculpe-me por tantos passos mal dados que já dei e que te magoaram. E obrigada por estar ao meu lado em cada e toda circunstância. Eu te amo. Que seu dia seja belo. Que seus sonhos te encontrem mesmo que você não esteja dormindo. E que nunca, que você nunca deixe de ser essa mulher que dá conselhos, mas que sabe ouvir. Que fala pouco e diz o que é essencial. Que você continue sendo essa mãe espetacular. E que, se um dia eu tiver a chance de escolher a minha próxima vinda à Terra, que eu seja sua mãe. Para que eu te possa retribuir o ventre. O colo. Os ombros. Os conselhos. O sorriso sincero. E que, enfim, seu coração continue batendo forte por muitos e muitos anos para que, um dia, você possa ver que eu, a sua filhinha, cresci. E te admira e te ama e que é eterno. Como só o amor entre mãe e filho pode ser.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

tombo.

Mais um dia solitário. Estou cercada de pessoas, sim. Mas só. Não digo 'só' no sentido de apenas, mas de sozinho mesmo. Clichê? Sempre serei. Sabe, eu queria escrever coisas destinadas a alguém. Mas cadê?  As paixões me vêm a todo momento, isso não posso negar. Mas será o suficiente? Agora meus discos, livros e maços de cigarro são meus melhores amigos. É, quando estou apenas com eles, eu me sinto mais viva. Ouço músicas tristes. Leio livros de horror. Fumo cada dia um cigarro a mais. Parece que me fechando para o mundo eu me sinto mais parte dele. Não é fácil entender, nem eu mesma me entendo. Mas é o que eu estou sentindo agora. Eu tinha prometido a mim que iria continuar. Não por mim, mas talvez por pessoas a quem vale ganhar um sorriso. Eu sei, eu sei. Não faria falta alguma nesse mundo grande, etcétera e tal. Talvez apenas nos corações das pessoas que me amam. Isso é um combustível , sim! O leitor deve estar pensando que eu não sei o que digo. Entenda, caro leitor, eu não escrevo com intuito de que você me entenda. Porque, como eu já disse, nem eu me entendo. E não, caro leitor, esse texto não tem um destinatário. Falta alguém para preencher as minhas lacunas. As linhas traçadas em minhas mãos, dizem ser o tal destino, as linhas das minhas mãos não se cruzam, não se encontram, então, o que isso pode significar? Que eu não vou encontrar um par? Que eu não sei amar? O que isso quer dizer? Alguém ai! Pode me ouvir? Responda-me! Eu estou perguntando! Seja noite ou seja dia, eu quero saber o meu propósito nesse imenso lugar onde estou. Eu não quero ficar, mas também não sei se devo ir. Solidão. Tédio. Músicas tristes. Livros de horror. Cigarro aceso na brasa do último. As lágrimas são inevitáveis. Mas até mesmo chorar me encabula. Por que? Talvez por tantas coisas. Talvez por nada. Hoje eu pensei em desistir de tudo pelo caminho mais fácil. Mas, ai, lembrei-me do sorriso de minha pequena irmã. Do abraço quente de minha amada mãe. No amor que eu sinto e não digo para ninguém. Não é hora de partir. Revi meus passos e descobri que não é que tenha me faltado amor, não é nada disso. Eu amei muito, ainda amo, acho. Mas não sei como entregar tanto sentimento para alguém. Acho que não passo de uma pessoa covarde. Que tem medo de ser amada. E, entende por que não da para entender? Eu tenho medo do que mais preciso. Eu tenho medo de receber o coração de alguém. Mas não de entregar o meu. É quase uma ausência do sentimento que me cerca. Simplificando, a minha vontade é de criar asas para voar alto e, lá do alto, cortá-las para que a minha queda não me deixe chance alguma de sobreviver.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

do espírito.

É hora de cuidar das flores que me restam. O jardim que eu tinha? Já não tenho mais. Mas enquanto houver uma única rosa, branca de paz, vermelha de paixão, eu vou continuar. Rega-las-ei, todos os dias. Se me sobrarem somente os espinhos, ainda assim, eu quero cuidar. Até porque os espinhos me cortam e eu gosto de sentir dor. É ela, a dor, que me lembra todos os dias de que estou viva. E embora eu saiba que só existo em corpo, tenho muita vontade de juntar os cacos que roubaram de minh'alma.

domingo, 6 de maio de 2012

monótono.

Frente ao espelho. Só o que me resta é minha imagem. No escuro nem isso eu tenho mais. Eu sonhei com você por perto. Mas a distância me lembrou que você não vai chegar. Cartas na mesa, cinzas do meu cigarro no chão. Não vou chorar. Não vou sofrer por mais ninguém. Nem pelo que tem, nem pelo que não tem volta. Minha vida anda tão agitada que só o que me preocupa é se tem comida pro cão.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ou vai, ou racha.

É o meio-termo que me sufoca. Eu odeio coisas mornas. Café tem que ser frio ou quente. Aliás, tudo deveria ser assim: ou é, ou não é. Há tantas coisas que estão no meio. Eu, às vezes, escuto alguém dizer: ''só fumo nos fins de semana'', ''ah, eu sei cozinhar o básico'', ou então, ''eu sei tocar um pouquinho de violão'', ou ainda, "sou mais ou menos bom de cama''. Eu digo - não! Chega de meio-termo! Ou você fuma todo dia, ou pare de fumar. Ou você cozinha muito, ou não cozinha nada. Ou você toca algum instrumento de forma genial, ou é melhor nem começar. Ou você trepa bem, ou pare de trepar! Essa coisa de ser médio em tudo o que se faz é frustrante. Eu quero é preto e branco. Rosa é colorido demais. Eu quero é comida quente, uns bons maços de cigarro, ser expert ou não saber absolutamente nada sobre determinado assunto. Eu quero andar desnuda na rua, - desnuda não, pelada! Quero correr em cima do asfalto quente. Quero trabalhar todo dia ou dia nenhum. Não quero nem saber dessa 'simpatia' por algum time. Ou eu torço até minhas últimas forças, ou é melhor nem torcer. Ou eu gosto de homem. Ou gosto de mulher. É simples. Quero comigo pessoas mudas para quando eu precisar do silêncio e falantes para quando eu precisar ouvir verdades. Enfim. Mas o que eu quero mesmo é que me venha de encontro o amor. Nada dessas paixões ou ilusões que a vida me tem mandado. Eu quero amor que cega. Que faz enxergar. Quero amor que me arrepie até a alma sentir-se queimando. Quero amor que durma quando eu não quero fazer sexo. Até porque se fosse para fazer que seja todo dia. Ou dia nenhum! Como eu disse, o meio-termo me irrita. Não foi o termo que usei. Como era? Han, o meio-termo me sufoca. Enfim. Falava de sexo. Eu quero um amor que me afague quando não tiver sexo. Que deite no meu ombro e me ensine a calar. Que me ame pelo que sou. Amor, daqueles de verdade, sabe? Que não se acaba. Que me levaria para o cu do inferno para eu me encontrar com meu bem. Quero amor que me olhe com olhos de espelho e me veja exatamente como sou,  -normal, nada muito além do padrão, mas será possível, eu sou um meio-termo, talvez por isso eu me sufoque tanto - e que, ainda assim, me ame. Quero inverno o ano todo. Dinheiro o ano todo. Amor para a vida inteira. Eu sei, não vai ser fácil conseguir respirar em meio a tanta coisa que me sufoca. Mas sim, eu vou conseguir. O café quente. O emprego virtual. Os dias de inverno. O amor imperfeito que se torne essência e essencial. Não é piada! Eu vou conseguir. Até porque ou eu vivo ou eu morro. Essa coisa de viver sem ter tesão pela vida, só porque da para levar não é comigo. Eu vivo num sonho. E esse sonho é eterno. Se eu acordar já vai virar meio-termo. E não, não da para viver assim.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

aquilo que se deve fazer.

Eu não quero beijos quentes. Mornos também não. Quero-os frios para que me arrepiem corpo inteiro. Eu não quero palavras doces. Meigas também não. Quero-as rudes para que eu sinta na boca o gosto forte da sinceridade. Eu não quero abraços tristonhos. Felizes também não. Quero-os infinitos para que eu me sinta protegida até os meus dias de fim. Está vendo? Não é difícil agradar-me. Anota a fórmula ai: beijos frios, palavras rudes, abraços infinitos. E ah, claro. Não se esqueça. Não diga que me ama. Eu não quero ouvir. Há um grande abismo entre intenção e gesto. Então não precisa dizer, me faça ver o amor brotar dos seus belos olhos. Só assim, e ai sim, estaremos atrelados, amordaçados, unidos, feito um só. Só assim, estaremos fortes o suficiente para dizer - enfim chegou, o amor.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

amarelo.

Meu sorriso costumava ser branco. Sereno. Cheio de paz. E felicidade. Agora não mais. Meu sorriso agora está amarelo. Também, não é por menos. Depois de tantos e mais tantos cigarros. E goles de conhaque. Café. Coca-cola. Enfim. Talvez essa seja uma boa explicação. Ou não. Talvez meus dentes estejam amarelos pelo que me entristece. Saudade. Falta de amor. Próprio. E direcionado. Talvez o meu sorriso esteja amarelo há tempos e eu só tenha percebido agora. Porque, talvez, somente agora me caiu a ficha de que ela nunca me pertenceu, não me pertence e não, nunca vai pertencer-me. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

inato.

A vida da gente é engraçada. Pelo menos a minha é. Tudo planejado, okay. Até que uma coisinha sai  de seu lugar e muda tudo. Nem era para eu estar naquele lugar, naquele momento. Mas eu fui. Estava lá. E deu-se o encontro. Parecia fácil entender o sabor daquele beijo. Mas não. O sabor veio ardente e doce. Talvez como nunca viera antes. Por que tinha que acontecer? Será destino? Acaso? Sorte? Ou ilusão? Será bobagem? Paixão? Ou mais um amor querendo brotar de dentro do peito? Mas que desgraça! Eu preciso entender-me! As pessoas insistem em dizer -não, calma, não é nada disso, você é fria e totalmente racional - Certo, parei para pensar. Mas não, logo eu? Logo eu, essa romântica inata, que não tem medo de amar, apenas de ser amada? Eu-não-sou-assim. Eu amo mesmo, cuido mesmo, quero mesmo. Sem essa de pura racionalidade ou frieza. Se eu fui fria com você, que ótimo, você mereceu. Mas não era disso que eu falava. Vamos voltar. A vida da gente é engraçada. Como é que um encontro pode mudar o rumo de tudo? Fazer do coração um servo que bate e bate e bate no ritmo dos passos de um outro alguém? É assim que anda o meu. Batendo forte. Acelerado. A cada sorriso que ganho. A cada beijo que provo. A cada abraço que sinto. Venha mostrar-me que destino e acaso não existem. Que a palavra 'sorte' é dita pelos fracos.  Que ilusão e paixão não passam de um fogo que se apaga. E que você acredita que o amor não se acaba. Se preciso for, minta. Mas minta com toda a verdade do seu peito. Com toda a palavra dita pela sua boca. Por todo o calor que sobe do seu corpo nu. Minta que me adora. Que me deseja ter por perto. Que quer fazer não só do meu coração o seu servo, mas também da minha mente, do meu sexo, enfim, do meu corpo por inteiro. Minta. Eu gosto de ouvir mentiras. As mentiras, às vezes, dizem mais a verdade do que a própria verdade. A graça da vida, que eu dizia antes, está ai.  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

inverno.

Se flores florescem no inverno, o amor pode nascer, mesmo em corações frios.

sábado, 14 de abril de 2012

ousado.

O que eu sinto fica no peito. Às vezes sou ousada demais e tento expressar em palavras o que minha carne sente. Enfim. Essa é minha lei. Desobedeceu, vai preso. Então fico assim, escrevendo. Escrever é a minha maior sentença.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

dócil.

Sabe aquele gosto salgado de lágrima? Sim, aquele gosto de mar. De comida da mamãe. De domingo à tarde. De festa sem música. De amor não correspondido. Em mim isso não funciona mais. As lágrimas pra mim têm gosto de açúcar. São doces mesmo. De um sabor viciante. Quanto mais eu choro, mais eu quero chorar. Parece ridículo, mas é a pura verdade. Eu não costumava chorar muito, diziam até que eu era muito forte. Então o que aconteceu com aquela menina que queria mudar o mundo dando apenas um sorriso? Aconteceu sim. É que a vida foi mostrando pr'aquela garotinha que nem tudo se paga com um sorriso. E, agora, antes não, mas agora sei que nem com lágrimas. Talvez por isso eu tenho chorado tanto. Pelo calor que me sobe. Pelas mãos que me descem. Pelo amor que me falta. E, ao mesmo tempo, me sobra. Hoje não importa, ontem sim, hoje não mais, hoje não importa o que amo. O amor é insuficiente - ela adora usar essa palavra; não concordo de todo com o termo, mas talvez ela esteja certa. Foi pouco. Amar não bastou. Na verdade nunca basta. E essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto... Doces. Meigas. Fúteis. Honestas. Mentirosas. Repito, doces. Essas lágrimas têm me ajudado a descobrir que sim, o salgado pode ser doce. A gente tem que aprender isso. De uma vez por todas. Imploro que me caiam rios, mares, tempestades. Imploro por chorar. A lágrima que tem gosto doce. Que meus olhos não parem de sorrir, enquanto minha boca puder chorar. Que meus olhos digam toda e cada palavra que meus lábios insistem em calar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

grão de areia.

As recordações de um tempo bom
passam pela minha cabeça.
Em meu pensamento vejo o seu olhar
olhando pro meu.
Eu me pergunto:
como foi que deixei você ir?
Como areia escorrendo pelas minhas mãos,
até o último grão.
Eu te amei.
E te chamei.
Mas você não veio.
Você nunca, nunca veio.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

agonizante.

Pior que a dor de não se ter um amor, é a dor de tê-lo e não conseguir preservá-lo. Como atingir o ponto máximo de uma relação quando tudo parece perdido? As coisas são assim. Um dia, depois o outro. E, a cada um, parece que eu vou gostando menos de mim. Gostando menos de mim, eu gosto menos do outro. Entende? Confuso? Complexo? Não. É só um fato. Aflição extrema. É isso que tenho sentido. Angústia. Tormento. Nada parece dar certo. E no meio disso tudo há agravantes que me deixam ainda mais sofrida. Parece clichê, - e realmente é - mas é assim que anda a minha vida. Uma equação de números binários, sem resposta. Não consigo achar o valor de 'x'. Um mais um? Não, realmente não são dois. E está ai o problema. Quando uma pessoa se junta a outra, a resposta não tem que ser dois. Tem que ser apenas um. Entende? Confuso? Complexo? Não. É só um fato. E fato não se discute. Então por maior que seja a dor de tudo ter que se acabar assim, é preciso aceitar. Talvez, compreendendo tudo isso, eu consiga me curar dessa dor que me atinge o peito.

quinta-feira, 29 de março de 2012

incrédulo.

Sentei frente ao computador com intuito de escrever. Escrever algo que pudesse mostrar o que eu sinto nesse momento. Acendi um cigarro, enchi um copo americano de café forte e frio, -já que agora nem meu conhaque me deixam beber. E nada. Nada de frases de efeito, até porque eu nunca fui capaz de criá-las. Sinto amor. Fé. Esperança. Sinto ódio. Descrença. Incredulidade. Fazer o quê? Há momentos na vida em que a gente é simplesmente um festival de sentimentos sem sentido. Há momentos em que as grandes coisas te irritam. E as pequenas te encantam. Eu não sei o que realmente quero. Eu não sei se realmente devo ficar. Mas ir? Também me encabula... As reticências me dão um sinal de que a vida é infinita. Você morre hoje e, no mesmo segundo, nasce alguém. A única certeza que temos é a de que não há certeza alguma. Nesse momento eu estou certa de que nada sei. Nesse momento não sei ao certo nem quem sou. O que amo. O que odeio. Nesse momento sei bem que a perfeição não existe. E agora sei também que eu não devo ficar me culpando por não poder ser perfeita. Mas eu me culpo. Talvez seja esse o meu pior defeito.

segunda-feira, 26 de março de 2012

instantâneo.

As coisas podem acabar-se tão rapidamente quanto começam. É sim, assim, instantâneo. Talvez a culpa seja só minha. Eu estou morrendo pelo meu próprio veneno. E isso é triste. Seria muito melhor se você me desse uma punhalada pelas costas. Seria uma morte dolorosa, claro, mas rápida. Isso de morrer aos poucos é muito pior. Acho que descobri. É isso que tem acontecido. Eu venho me matando aos poucos. Gole a gole. Trago a trago. Boca a boca. Eu não quero viver esperando a morte chegar. Eu quero a vida sendo vivida! Será demais, meu Deus? Leve-me de uma vez ou tire tudo isso que me atormenta a cabeça. Eu preciso disso. Sinto que vai chegar o dia em que eu vou enlouquecer de vez, entende, meu Deus? Então me diz pra quê esse turbilhão de emoções que não me emocionam mais? Leve-me agora, instantâneamente, dolorosamente, mas leve-me. Meu veneno não é o suficiente pra me matar. Eu já criei resistência ao que me escorre à boca. Então pronto! Resolvido. Eu vou-me. Tão rapidamente quanto comecei.

domingo, 25 de março de 2012

coração alvinegro.

Hoje é dia de festa! Há cento e quatro anos foi fundado o time que levaria à loucura milhares de torcedores apaixonados pelo Clube Atlético Mineiro. Não há explicação maior que o grande amor que eu e você, amigo atleticano, sentimos pelo Galão! É incondicional, de graça, sem essa de ser só simpatia. Eu estou falando de a-m-o-r. Vencer, vencer, vencer. Já somos vencedores. Conquistamos algo muito mais importante que títulos. Conquistamos o coração de pessoas que morreriam pelo nosso time. Somos vencedores por sermos todos donos de um coração que bate, acelera e grita a cada jogo, que vibra a cada gol e que vive intensamente essa paixão. Parabéns, Galo! Que venham muitos anos de alegria, vitórias, conquistas. E que, a cada ano, ganhemos o coração dos pequenos torcedores. Porque torcer pelo Galo é algo que só o atleticano sabe explicar. Clube Atlético Mineiro. Uma vez até morrer. E nem a morte pode nos separar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

deslúcido.

O seu amor me come a carne. Chupa os ossos e os joga fora. É bem como o sol. Aquece, ilumina. Mas cega. Fere a íris. Sobrepõe a alma. Pisoteia o coração. Nessa hora já não me importa se ganhei ou perdi. Importa-me o fato de ter pouco tempo de vida e, desse pouco tempo, só o que é pouco me resta. Mas quem foi que disse que o pouco não é o bastante? Basta, sim. Tem que ser assim. E é. Do vidro, deixo os cacos. Da terra, deixo a poeira. Do vento, tiro o que me exige pra respirar. Respiro. Fundo. E fundo. Contando os minutos para chegar ao suspiro final. Nada me causa. Além desse desejo de desejar o que é bom. Além desse desejo de desejar o que não é mau. Agora já nem sei que conexão têm minhas palavras. É que meu pensamento criou asas e voa alto, tão alto que eu temo despencar. Porque quando isso acontecer, não será só o pensamento a desabar, mas também meu corpo. O fim de tudo está próximo, dizem. E, já que é pra acabar, que seja o quanto antes. Não vale o esperar. Não basta. E nem tem que bastar. Repito. Do vidro, deixo os cacos. Do meu corpo, deixo minh'alma. Louca. Sem direção. E do meu coração. Do meu coração, deixo o amor. Amor que aquece. Ilumina. E cega. Amor que eu guardei pra te dar. Amor que você nunca quis.

sábado, 10 de março de 2012

surpresa, trouxe uma pizza!

Ela queria m´sica alta. Uma fiararaa oia! 
Ela realmete não poeri cegar naquela or! ora ruim, aquela.
Sua loucura era tna que eixara ela mler gostosa o ouro lao a sala, bebeo cerveja quente e olno praquelas cores os olos ela, como nigngue ier, jamais. Pladic?-pergunou. Naa, só mas um aas minas palavras. Put que pari! perdi uo! Plaic? Mis que iabos é isso, mler! um, poem ser tantas coiss... E me i uma elas. Bom, tuo epene a sua entonção. Poe ser, por eemplo, nu click ? Clar, poe sim. E tmbém, plaic! Que surpres! Trouxe um pizza, completou! Ouvoriçava. Com o perão o erro que aqui cometi. Cneta, borraca, lapieir. Sol. O meio fa a pesso, afrmou com muita ceereza. No funo mais uma criança ano nos berro! E a Mayra Aglae tá que escreve! Com aina ais certea, com o perão a pretensão. Plaic, oltou. Servas, façam seo comigo loucmente. Ea menina oi pra escrever. Poe ser? Pepsi nãao, cocacol mesmo. Plaic! Sacou? E ficaramm ali oras e oras falano as possibiliaes e ser o palic. E termiaram a noite replea e patlc! paaatlc! U!U!U! Ptlc! Aaaaa! Pladic?

quinta-feira, 8 de março de 2012

todo dia é o dia da mulher.

Como não amar as mulheres? Mulher é doçura. É intensidade. É meiguice. É prazer. É amor. É paz. É companheirismo. É dedicação. É sentimento. Razão e emoção. É ontem. Hoje. Amanhã. E depois. Não me vem à cabeça um só momento, um só acontecimento, em que não houvesse uma mulher especial em minha vida. Todo dia é o dia da mulher. E, se hoje é dedicado o dia a nós, nada mais justo do que dizer aqui o amor que sinto por vocês, mulheres da minha vida. Muito obrigada por fazerem parte do meu crescimento. Por darem-me todos os dias a certeza de que estou completa. E sim, são vocês as pessoas 'culpadas' disso. Fica o meu desejo de que cada uma dessas mulheres saiba que eu as amo. E que estarei sempre aqui, pronta para servi-las.  

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

por tanto te amar.

Seus olhos são como dois espelhos
Onde eu posso ver-me
Quando olho-te profundamente.

Esses mesmos olhos são como um abismo
Onde eu teimo em adentrar-me
Sem saber quando meus pés irão tocar o chão.

Seus olhos são como um labirinto
Onde eu perco-me
Mas, ainda que perdida, posso encontrar-me.

Esses mesmos olhos são como luzes
Onde eu cego-me
E volto a enxergar, e volto a enxergar.

Portanto? Te amar.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

eu, um oceano.

Sim, eu sou mesmo um oceano. Um oceano daqueles cheios de mistérios que só as águas profundas possuem. Mas oh! Mergulha. Como se você pudesse encontrar um tesouro perdido em algum lugar dele. Aqui você pode mergulhar. Sem medo. Sem roupa. E com muito, muito desejo. Então, mergulha? Às vezes eu estarei em fúria, como todo mar um dia fica. Mas haverá dias em que eu serei só calmaria. Eu te vou envolver em minhas águas límpidas começando pelos pés, subindo pelas pernas, passando pelo ventre, e só parando quando chegar ao seu rosto. Eu quero envolver-te por inteiro. E não digo só de corpo, mas por dentro também. Vem, pode mergulhar, mergulha fundo. Não tenha medo do que vai encontrar. Beba da minha água. Meu líquido é potável. Basta você se entregar pra mim. Sem medo. Sem roupa. E com muito, muito desejo. Então, mergulha?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

sensitivo.

Você roubou todos os meus sentidos. Tato. Visão. Audição. Olfato. Paladar. E até mesmo o sexto: intuição. E pronto! Não os quero de volta. Fique com todos eles. Que minhas mãos só desejem tocar-te. Que meus olhos só desejem ver-te. Que meus ouvidos só desejem escutar-te. Que meu faro só deseje sentir o seu cheiro. Que meus lábios, boca e língua só desejem beijar-te. Corpo e alma inteiros. E que a minha intuição só deseje tocar seu peito. Bem do lado esquerdo. Onde fica o seu amor. E o seu coração. É, porque antes de você chegar o meu coração estava à revelia. E agora que ele se encontrou, só deseja amar-te. Ardentemente. Intensamente. Suavemente. Simples, não? Não. Complexo, completo. Como só o amor pode ser.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

toda sua.

Você é a minha segunda pele. Esquenta-me. Esfria-me. Arrepia-me. Diante do espelho me vejo em dois. Eu e você. Nua, tenho o seu reflexo. Vestida, vejo-me em ti. Absolutamente entregue. É assim que eu ando ultimamente, se quer saber. Nem tão bem quanto gostaria, mas melhor do que antes. Aparentemente, muito bem. Mas devo admitir que a sua chegada encheu minha vida de vida, entende? E era tudo o que me faltava... alguém que me transbordasse, porque completa eu já estava. Entenda, não estou dando-te a responsabilidade de me amar. Mas cuida de mim, cuida? E, já que dona do meu corpo você já é, venha ser a minha segunda alma. E me esquenta. E me esfria. E me arrepia. E me inebria. E me toma. E me faça ser toda sua. Faça-me olhar no espelho e me ver em um. Eu e você.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

princípio e fim.

É engraçada a forma como nos beijamos. Feito cão e gato, fugindo dos lábios uma da outra, de um jeito que nos faz rir. Ontem eu sentia medo de poder sentir tudo isso. Hoje? Não mais. Porque o difícil não é amar a pele. Mas a alma. A pele a gente sente a todo instante. Agora amar de alma entregue é outra história. É preciso saber amar. E, sinceramente, eu nunca soube. Espero aprender. E que seja com você. Que seja doce como o nosso toque. Intenso como nosso beijo. Afinal, tudo começa pela boca. E pode terminar por ela também.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

idiossincrasia.

Dizem que é ironia
Essa minha tal idiossincrasia
Não que seja covardia
Já que agora isso é maioria
Pelo menos em teoria.

sábado, 28 de janeiro de 2012

indecente.

Chovia naquela noite. A luz acabou. Estava um verdadeiro breu. O que iluminava o quarto era a força de um relâmpago. O que fazia barulho era a força de um trovão. Além, é claro, escutavam-se gemidos vindos dela. Naquela hora não havia pudor. Ela dizia palavras indecentes ao pé do meu ouvido. Aquilo me excitava tanto! E me deixava tremendo de tesão. Não fazíamos sexo. Era algo muito maior. Forte e afetuoso e sincero. Ela-me-deixava-completamente-louca. Não que eu seja sã, mas dessa vez eu surtara pelo calor do corpo dela. Minha boca bebia sedenta do veneno que vinha dos lábios e dos seios e das pernas e do que definia seu sexo. Eu estava realmente envolvida pelos seus beijos. Parecia mesmo um vício. Não que eu me queixe disso, mas dessa vez parecia que meu cérebro esquecera-se de tudo e só focava-se naquilo. Os lampejos daquela noite nos deixavam ainda mais exaltadas, à medida que, quando aconteciam, podíamos ver nossos corpos nus. Okay. Tudo muito bom. Mas o porvir guardava algo ainda melhor. Era tanta vontade de adentrar-me nela! Estávamos-agora-loucas-de-tanto-prazer. Eu não sabia o que realmente fazer, mas parece que meu instinto falou mais alto. Entrei. Tão logo vieram seus gemidos, baixinhos, já que tínhamos que nos conter. Sim, não estávamos sozinhas naquele quarto. Mas ai, pronto! Ela não se aguentou. Disse palavras com um ainda menor pudor. E gritou. Gemeu alto. Esqueceu-se de que havia gente naquela casa. Nesse-momento-ela-se-fez-minha-mulher-e-eu-a-sua. Hoje, amanhecemos. Sem nos esquecermos daquela noite. Não sei se posso chamá-la de perfeita, até porque a perfeição não existe. Mas se eu pudesse encontrar uma palavra pra descrever tudo aquilo seria isso mesmo: p-e-r-f-e-i-t-o. Faz sentido? Não! Mas é o que estou sentindo. Sinto que temos dias e noites e madrugadas inteiras para nos lambuzarmos de tanto prazer. Porque o sentimento cresce. A paixão arrebenta o coração. E o amor? Ah, o amor! Não tarda a chegar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

pessoas.

Existem três tipos de pessoas: aquelas que erram e continuam a cometer os mesmos erros. Aquelas que erram e aprendem com seus erros. E aquelas que não só aprendem com seus erros, mas também com os erros dos outros. Essas sim, conseguem ser sublimes. E, sendo sublimes, conseguem atingir o ponto máximo da vida: a danada da tal felicidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

empréstimo.

Empresta-me seu coração? Não, não estou pedindo pra que ele me ame, não é nada disso. Eu só quero cuidar um pouquinho dele. Fazer com que se acelere e depois bata bem devagar, sabe? Então, empresta-me? Prometo tratá-lo bem. Prometo não, juro! Quem sabe então assim, depois de emprestá-lo a mim, eu consiga fazer dele um coração apaixonado? Quem sabe depois de emprestar-me você veja que o tal empréstimo não é o bastante, mas sim a doação de milhares de sentimentos que ele é capaz de sentir? É, quem sabe. Então perca todo esse medo, não renega, se entrega e vem! Vem pra mim?

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

simplesmente aconteceu.

Aconteceu, me pegou e pronto! Vou me entregar...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

vício vital.

Ela vem até mim. Bela. Esbelta, Lisbela. Eu me pergunto se mereço tanto. Seus olhos fixam-se nos meus e eu tento decifrar cada canto de seu pensamento. Ela diz que eu desvio o meu olhar. Mas, entenda, eu desvio o meu olhar quando acho o seu muito profundo, do tipo que consegue tocar até a minha alma com aquelas duas esferas ora verdes, ora azuis. Dai eu paro e penso. Será que ela está pensando o mesmo que eu? Será que ela vê que o que está surgindo é tão bonito quanto eu vejo? Ela diz que não quer que isso acabe. Eu? Também não. Quero que seja o mais simples possível. Sabe essas coisas pequenas que nos alegram tanto? Sim, é isso que tem que ser. Simples e intenso e muito especial. Aliás, é o que é. E, depois, com o tempo, o simples vai tornar-se ora vício, ora algo vital.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

diálogo.

- Sorria. Ela disse.
- Não me diga pra sorrir quando o que eu mais quero é chorar. Respondeu a outra.
- Então chore, chore muito.
- Você vai me dar seu colo?
- O colo, os ombros, a mão, o abraço, tudo o que quiser.
- Assim me sinto melhor.
- Mas diga-me, por que quer chorar?
- Choro pelo amor que aqui dentro morreu.
- Então o amor virou defunto?
- Sim, morreu e não volta mais.
- Ele renasce.
- Renasce?
- Sim, em outra forma.
- Mas não consigo achar.
- Olhe pros lados.
- Estou cega.
- Então olhe pra dentro de você.
- O amor voltou, tens razão.
- E que forma tem?
- Eu.
- Eu?
- Você.

sábado, 7 de janeiro de 2012

inundação.

Ela me pergunta o por quê de eu pensar tanto nela. Eu respondo: na verdade nem eu sei explicar... Só sei que meu pensamento se inunda de tanto querer-te por perto.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

mudança.

Está na hora de trocar os olhos. Chega de poços negros e fundos. Quero agora os azuis. Da cor do mar. Está na hora de trocar os lábios. Chega de labirintos escuros e sem saída. Quero agora os vermelhos. Da cor do amor. Está na hora de trocar os cheiros. Chega de perfumes doces e secos. Quero agora os amadeirados. Da cor da terra. Está na hora de mudar tudo. Olhos, boca, beijos, cheiro, tato, amasso. O amor espera pelo chamado. Quanto ao meu? Está prestes a receber um nome.