segunda-feira, 17 de setembro de 2012

condição.

Eu abro as janelas, sabe?! Mas é que até do Sol eu tento me esconder. Talvez porque ele consiga enxergar tão profundamente todo esse meu corpo que isso me começa a causar medo. Sorrir sim, pelo pão, pela família, pelos amigos, por cada coisa que pareça insignificante, mas que, para mim, são grandiosas. O motivo desse sorriso não aparecer a todo momento é que me falta paz. E paz é uma coisa que a gente tem que ter, pelo menos dentro da gente, pra poder sorrir um pouco e respirar aliviada. Minhas noites são terríveis, o sono vem, mas a cabeça não descansa. Penso em tudo que ainda posso ver de belo, quantos sorrisos posso arrancar de minha pequena irmã, dos carinhos vindos de minha amada mãe, do perdão que posso receber de todos a quem um dia machuquei. As cores vibrantes, sumiram, todas. Só consigo enxergar no preto, no branco, no máximo um cinza. Sim, podem me chamar de pessimista. Mas só eu sei o que é passar o dia todo ouvindo coisas ruins que dizem ser da minha cabeça, já que ninguém mais ouve. Então, qual é a realidade? A que escuto vindo dentro de mim? Ou a que as pessoas me falam? Sinceramente, já não sei no que acreditar. Minha vontade não é a de morrer, não é isso. Mas é infinito o número de coisas que escuto a esse respeito. Eu vou tentar, mais uma vez, abrir as janelas e enxergar vermelho, amarelo, verde e azul. Eu vou tentar colocar as coisas em ordem. Mas até isso leva tempo. E se tempo é algo que eu não posso dizer o quanto tenho, temo fracassar mais e outra vez. Perdi pessoas pelo meu caminho, ganhei outras incríveis, algumas até acho que possam retornar, não como era antes, mas pelo menos com o cuidado de sempre. A perfeição não existe mesmo e, se fecho os meus olhos todos os dias implorando para que no outro eles estejam abertos, já é uma conquista. Eu quis abraçar o mundo. Quis ter tudo de uma vez. Mas a vida me mostrou que os meus erros deixaram marcas que borracha nenhuma pode apagar. Eu entendo quando me dizem para voltar a ser aquela menina que sorria, que falava de amor, que tinha gosto pela vida. Mas o meu medo é que eu volte a ter tudo isso e perca novamente. Afinal, a gente vai vivendo, ganhando, perdendo. É a lei natural. A angústia de não saber o que vem depois que eu acordar é a pior parte para mim. Sempre quis me formar, trabalhar, viajar, amar e todas essas coisas que viraram a lei da felicidade. Contudo, não funciona bem assim. A vida é dura. A morte deve ser também. Mas se for pra atingir a paz, de corpo e espírito que Deus esteja comigo e escolha o melhor para mim, nem que o melhor seja a paz do suspiro final.