terça-feira, 29 de junho de 2010

minudência.

 A mulher não pode simplesmente dizer assim, -não quero mais, você não é boa o suficiente. É claro que viver exige que passemos por pormenores como esse (quem sou eu pra discordar), mas há dor... A dor do 'não te quero', ou pior, a dor do 'não te quero mais', dói, mas dói tanto que deixa o peito colado no coração, ritmo acelerado, escuta-se o tum-tum-tum. A boca saliva, o sangue sobe à cabeça e a única resposta que lhe sobra é a morte. Porque morto em vida não dá pra ficar. Certo?

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Eu prefiro morrer a não ter você aqui, ao meu lado, quente, comigo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

de olhos fechados.

De olhos fechados eu vejo seu rosto.
Eu sinto seus olhos olhando pros meus.
De olhos fechados eu vejo seu corpo.
Eu sinto seu sexo pulsando contra o meu.
De olhos fechados eu vejo sua boca.
Eu sinto seus lábios tocarem os meus.
De olhos fechados, bem cerrados.
Só assim, só assim eu sinto você, baby.
Por quê se eu abro os olhos.
Cadê?
Cadê você, meu amor?

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Não me leve a mal, querida. Não me leve a mal.

terça-feira, 22 de junho de 2010

na medida do impossível.

Tão longe de tudo.
Tão perto do nada.
É extremo e caótico.
É duro e demanda sangue.
Na medida do impossível,
vai-se vivendo.
Até quando?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

naquela noite.

É como se niguém pudesse me salvar dessa vez. Foi um acaso, -se é que acaso existe, mas aconteceu. Como eu não esperava. Foi avassalador. E quente. E macio. E terno. Naquela noite em que te conheci a parte quebrada que se fazia em mim foi restaurada. E não, ninguém pode me salvar dessa vez. É que começo a achar que me apaixonei.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

im(previsto).

Eu não sou poeta.
Nem quero ser.
O que escrevo é pra sobreviver.
Mas dando uma de profeta,
lhe devo dizer.
Um dia o amor acaba.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

desconexo.

Fuligem seca,
boca amargando o esperar.
Súplica veemente,
olhos banhados d'água.
Lágrima.
Choro.
Vela.
Tela.
Ela.
Onde está?
Tarde?
Ou cedo demais?
Resta o lamento.
O tempo voa como o vento.
E já vem vindo a aurora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

insensato.

E aqui o presente vai ficando pesado. Vai virando passado. E eu duvido do que está por vir.  E o que será que virá? Eu? Você? Nós dois? Será? Será.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

me manda uma flor.

Me abra um sorriso.
E morda a minha maçã.
Me faz um carinho.
Me manda uma flor.
Me colha numa tarde morna.
Traz numa caixa o meu coração.
Faz um esquema.
Me pega numa sala cheia de cinema.
Faça a cena.
Me abraça.
Me ama.
Me beija.
Me aqueça.
Me chama de amor.
Me abra um sorriso.
Me faz um carinho.
Me manda uma flor.
E morda a minha maçã.

domingo, 13 de junho de 2010

faz frio.

 Mas que noite gelada! Acho que não me lembro de um dia tão frio como hoje. Exceto, claro, o dia em que você partiu de vez. Naquela noite eu pude sentir o gelo do seu beijo torto me indicando um adeus. Enfim. Aqui, agora, só o calor da brasa que sai do meu cigarro me esquenta. É triste, mas eu espero me conformar. Nessas últimas semanas eu tenho tentado te esquecer, novamente. Digo novamente porque eu achava que já tinha me esquecido. Mas não, parece que meu coração não tem espaço para mais ninguém. Meu corpo sim, tenho me acalentado de diversas maneiras. Porém, com um 'quê' de incerteza dos meus atos. Ah menina, minha menina. Como eu sinto falta do seu mau-humor. Como me faz falta o seu sarcasmo, a sua ironia em tudo que se diz respeito a mim. Eu não tinha você, mas a sua presença era algo rotineiro. E isso me fazia mais feliz. Sei que você tem um outro alguém, que lhe chama de amor, que lhe conhece como eu nunca pude conhecer. Eu sei, eu sei. Mas é que eu tento, torno a tentar. E nada. Nada de seu rosto desaparecer dos meus sonhos. Nada da sua foto desaparecer em meio à minha bagunça. Nada de sua voz não ecoar pelos meus quatro cantos. É, é mesmo triste. Eu só espero poder te esquecer. Mas agora, novamente, só me resta a conformidade do não que você me disse tantas vezes. E eu sei, sei que vou me conformar. Na verdade, não, não sei. Mas fingir é mais fácil que aceitar. Então eu finjo que você está de volta. Pode ser assim? Então volta. É meu último pedido. Volta? Mas tem que ser pra sempre. Porque eu, eu não vou suportar um outro beijo gelado e torto de adeus. E tenho medo de não suportar mais uma noite tão fria como aquela. Aquela, ainda se lembra? E não, eu não posso deixar que você parta outra vez. Iria ser muito difícil. E doloroso. E triste. Eu sei, eu sei. Tento me conformar.

terça-feira, 8 de junho de 2010

eu sonhador.

Sempre sonhei com o dia em que pudéssemos dormir tão perto a ponto de nossos sonhos se tornarem um só. Imagine? Seria a plena sintonia. A sinfonia perfeita de nossos pés e mentes. De nossos olhos e dentes. De nossos beijos molhados e quentes. Sempre sonhei com o dia em que pudéssemos fazer amor no lugar que fosse. Roupas ao chão sugerindo corpos desnudos num molde só. Eu sempre sonhei com o dia em que você me revelasse um segredo. Eu te dividiria ao meio e pegaria as duas metades pra mim. Eu sempre sonhei com o som da sua voz falando baixinho, letra por letra, me chamando de a-m-o-r. Ah, como eu sonhei. Sonhei com seus dedos deslizando sobre minhas costas, seus lábios sobre meus seios e no centro do meu corpo nu. Eu sonhei com o dia em que você dizia pra todo mundo, -hey, olha só, é essa com quem quero viver para todo o sempre. Sonhei com seu sorriso branco, de canto, tímido, quando eu lhe falasse algo sem nenhum pudor. Eu sempre sonhei em ter você por perto. Mas você está tão longe quanto os meus sonhos. E assim como eles, só me aparece quando fecho os olhos. Porque eu sempre sonhei em te amar. Mas eu nunca disse que sonhar era fácil. Amar, então, nem posso imaginar.  

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E eu acredito que todo mundo pode errar. Mesmo que duplamente.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

certo dia incerto.

Um dia eu vou devolver tudo aquilo que peguei de ti.
E vou querer saber onde foi que foi parar o que roubaste de mim.

Um dia eu vou receber um amigo de braços abertos.
E tê-lo dando-me bofetadas de desafeto.

Um dia eu vou sorrir um sorriso branco de alegria.
E vou vê-lo anos depois numa foto amarela de nostalgia.

Um dia eu vou tratar alguém por 'amor'.
E tê-lo dando-me beijos em troca de um favor.

Um dia de uma coisa eu vou ter que me lembrar.
Ninguém me disse que esse 'um dia' iria chegar.

domingo, 6 de junho de 2010

um intruso em minha casa.

Esse título parece até nome de filme. Mas não. A história aqui está mais para novela mexicana. É sério! Não é caso de dar risada. Ah, caro leitor, pode acreditar. A coisa aqui tá feia. Ela foi chegando assim, como quem não quer nada, e olha no que foi dar. Tira, só com sua presença, o íntimo de minha intimidade. Chega como um comandante em vozes de guerra. O que quer é mandar. Instalar sua tirania insana em minha casa. Mas não pense ela que eu vou deixar! A casa é minha e faço dela o que eu quiser. E não, não é egoísmo nem pretensão, só quero poder ser como eu era sem que ela dite alguma coisa. Afinal, quem ela pensa que é? Não passa de uma estranha no ninho. Um cubo de gelo em plena fornalha. Eu é que não vou me render aos seus encantos de boa moça. Não. Minha mãe já dizia que quando a esmola é demais o santo desconfia. Eu estou mais que desconfiada! Pra mim já chega. Quero de volta o que era meu.

terça-feira, 1 de junho de 2010

amostra grátis tributada.

Onde é que já se ouviu falar?
Se é amostra grátis não pode ser tributada.
É como carinho cobrado.
É como amor recompensado.
É como aluguel de algo não locado.

Onde é que já se ouviu falar?
Se é amostra grátis não pode ser tributada.
É como pedir dinheiro pra se ter apreço.
É como elogiar por algum preço.
É como endereçar algo sem endereço.

Mas que coisa!
Eu nunca ouvi falar.
É como se pra ter seu amor eu tivesse que pagar.