Observei o céu estrelado, a lua
que parecia um queijo cortado ao meio. As nuvens também pairavam. Alguns
achavam que iria chover, eu não pestanejei em apostar que não iria. Claro que
não! O dia foi lindo, indo... E pronto, me deparei com milhares de pessoas
sentadas ao chão, tomando banho na praia de BH. Ou era o que me parecia ao ver
aquelas pessoas dançando samba, banhando-se na fonte, com seus filhos, cães. Fonte
aquela que embora não tenha areia à margem é chamada de praia da estação. Oh,
meu Belo horizonte, que maravilha ter você tão perto de mim. Ah, minha Belo
Horizonte, que maravilha é ver que todos a amam. Enfim. Voltemos à fonte. Daí,
de repente, escutei uma conversa, dizia: -eles não têm piscina em casa, por isso ficam tão
felizes quando veem a fonte, falando dos negros. Parei pra pensar e fiquei sem
o que dizer para uns moços que eu conheci há tempos e deixei pra lá. É sempre
bom saber que as pessoas são diferentes. Não digo no sentido de diferenças sociais,
mas sim de opinião! Estou desviando eu sei, mas o que eu quero mesmo dizer é
que sim, isso é um povo só, um povo sozinho por fora, mas não por dentro. O
povo tem recheio sim, minha gente! De sentimentos, de opiniões, nada a ver com fígados ou pulmões. E é esse o máximo da vida, fiz-me
compreendida? Okay. Chega de tentar explicar. Hoje eu também senti meus sorrisos
sorrindo inocentemente. Seja com o momento do: -“oh, moço”. Seja com palavras
que me faziam rechear ainda mais minhas entranhas. “Vômito cultural”: é o nome
que devia ter. Lá as pessoas se consideram tão iguais, mas tão iguais em suas
cabeças, que são criados pseudônimos em questão de um segundo de ideia. Vomitam
seus sentimentos, mastigam os de quem ouve! Pessoas que nunca se tocaram, mas que trocaram
respeito, por serem como eram. E como eram? Diferentes! Hoje foi o dia em que
realmente cai em mim e percebi que eu sempre estive enganada. Ainda há motivos
para viver. A morte, depois que , dentre outros, escolheram-me até o nome, que
me escolha até o dia em que irei em paz e me deixe em paz! Eu aceito a dádiva
de viver por algumas décadas e depois ir-me. Sempre tive fé. E sonhos. Apenas, apenas
eles, nunca vão escolher por mim.