quinta-feira, 8 de maio de 2014

o liso do sussuarão.

Eu descentralizo meu pensamento, neste momento em que escrevo, em fumaça e cheiro de vinho e é uma responsa ouvir tanto engajamento vindo de todos os lados. E eu pergunto: cadê o engajamento? Onde é que está o meu engajamento? Foram tantas as revoluções! Dentro de minha cabeça há umas. Aqui e acolá. São pobres e ricos e negros e pardos e amarelos e mamelucos e cafuzos e kaiwoas e mulheres e homens e gays e lésbicas e trans e bi e crianças e ideologias e religiões e direita e esquerda e capitalismo e socialismo e tecnologia e desrespeito e descompaixão e cibernética e tanto tempo e tanto século e o segundo que passa tão devagar quando não se consegue o fechar dos olhos. Eu vejo e todos que eu citei e deixei de citar também vêem. E por que? Por que aceitar essa merda? Por que aceitar tanto policial achando-se o dono do mundo? Maconheiro, comunista, cadê o livro vermelho? - é o que acabo de ouvir. Preto velho tá subindo e meu sangue também! E eu digo porquê. Porque o engajamento só fica em palavras e, quando ele vai às ruas, é explodido por gases e balas, - que não são as que eu chupava quando era criança. A minha mãe é Maria e eu não entendo a minha tribo. Eu quero saber do engajamento. Desde o início! A democracia que eu vivo é fajuta e dissimulada. Eu quero mudar. Que se mude. Mudemos. Mudaremos; se a graça da nossa energia continuar a suportar o andar conosco. Isso é preocupante. Vejo a face de meu amor.