terça-feira, 26 de março de 2013

argumento ineficaz.

Desculpa se tenho medo. Desculpa parecer assim. Desculpa se minhas palavras parecem ser jogadas ao vento. Se elas parecem pequenas. Mas é que eu só sei falar. Foi tudo o que me ensinaram. Eu tento demonstrar de outras formas, com pequenos gestos ou olhares prontos para te despir. Talvez pareça pouco, mas é o lado bom que há em mim. Todo o meu lado bom. Quente, úmido, intenso, sincero. O tempo leva tudo da mesma forma que traz, não é a lei natural da vida? E quem disse que as coisas seguem essa forma sempre? Eu quero ver o contrário. Eu te quero ver ao contrário. Se for pedir muito, desculpa. É que suas palavras são poucas diante da eternidade de seus pequenos gestos e olhares prontos pra me despir. É bonito isso.

segunda-feira, 25 de março de 2013

parte.

-Boa noite, senhorita, deseja um lugar?
-Senhorita não, senhora, já tem dono.
-Ah, desculpe, senhora. Mas lhe devo perguntar, quê tem dono?
-Eu.
-Você?
-Oras, eu.
-E não tem mais espaço?
-Espaço onde? Devo perguntar-lhe.
-Em você.
-Em mim?
-Oras, em você.
-Não entendo o que pergunta, tampouco gosto.
-Não vou dizer mais, caso não queira.
-Não quero, preciso não querer.
-Quer ou precisa?
-Preciso, -enfatizou.
-Que bom que é diferente.
-Preciso ir, senhorita.
-Senhora, também tem dono.
-Você?
-Eu.
-E tem espaço?
-Em mim?
-Em mim.
-Em nós. Deseja um lugar?

quinta-feira, 21 de março de 2013

silenciosos corpos.

- Escreva. Disse-me ela.
- Como? Respondi-a eu.
- Ontem aguardei.
(Silêncios risonhos).
 
Muita coisa pode ser, inclusive nada. Saber tirar do que for a alegria que houver, isso sim é entender um pouco do que seja 'amor'. Inclusive eu. Inclusive, nada! Mesmo que seja nada, - tentando retomar, há uma alegria. Da dança, do canto, do sol. Ou das lágrimas, dos pedregulhos, dos desapaixonamentos.
 
- Apaixonar-se é uma coisa. Disse-a eu.
- Como? Respondeu-me ela.
- Amar é outra.
(Silêncios olhares). 
 
Inclusive nada, muita coisa pode ser. Saber amar é para poucos. Deixar com que sejam amados, vixe Maria! Isso é para poucas exceções. Inclusive nada. Inclusive, eu? Mesmo que se deixem amar, -tentando retomar, poucos se rendem à reciprocidade. Do pai, da mãe, do irmão. Ou dos risos, das montanhas, dos desamores.
 
- Isso basta. Diga-me ela.
- Como? Respondê-la-ei eu.
- É pouco pra mim.
(Silêncios peitos).
 
 
 
É carnal, é visceral, é poético. E ainda não sei que nome dar.

segunda-feira, 18 de março de 2013

ondas.

Eu só queria que o pouco que sei, fosse o suficiente para saber um pouco sobre ti. Tu que és o mistério indecifrável. A onda do mar que vai... e volta. O sorriso assanhado, o jeito acanhado e o olhar da caça minutos antes do caçador. Para ti eu diria, baixinho: 'amor'. Pra ti eu gritaria aos quatro ventos: 'eu te amo'. Pra ti eu gemeria. Gozaria. Enrijeceria. Pra ti eu seria o fogo que queima e não adormece. A água que molha e não lava. Pro céu te levaria. Do inferno não deixaria que saísses. Por ti eu largava os meus vícios, botava juízo nesse meu coração. Mente sã só pensa nisso. O parafuso que falta, sobra em alguns. O teto de vidro, as algemas quebradas, os medos de vida e morte num instante febril. A casa cai, o homem chega, o parto acontece e depois, nada. Queria eu descobrir o que te apetece. O que te alimenta. O que te dá prazer. O que lês, ouves, tocas, choras. E se for suficiente que não sejas mais mistério, nem onda, -não aguentaria te ver ir e voltar.

quinta-feira, 14 de março de 2013

dedão de camelo.

Falávamos do tamanho.
- dedão de camelo, ela disse.
- adesão de camelo, respondi.
- han?! perguntou.
- dedão de Camilo, escrevi.
E voltemos ao cachorro-quente.
Nada é tão belo como quando se faz poesia.
Sempre é tão longe como quando antes de terminar o dia.
Nunca é tão perto como quando se trata de viver um paixão ardente.

(Risos ao fundo sempre querem dizer alguma coisa).

terça-feira, 12 de março de 2013

ensaio.

Eu tentei enterrar algumas vivências. Mas logo descobri que eram elas o que eu deveria viver novamente. E por quê? Porque eu tenho sonhos sim. Eu sou gente. Como qualquer um, mesmo que pensem o contrário. Hoje ouvi que não deveriam falar comigo, já que eu era 'louca'. Mas o que as pessoas não entendem é que eu já passei por medos que me fizeram ser assim, talvez tolos, eu devo admitir. Mas a minha coragem, a minha coragem ultrapassa qualquer falta de lucidez, porque loucos todos nós somos, mas a minha loucura é doce, isso torna a minha coragem absurda. Talvez seja isso o que denomina os loucos de pedra: a força que eles têm em enxergar a vida como uma dádiva e não como um pedaço de tempo em que podem até fingir ser o que não são. E não pense que isso é do feitio dos loucos. Não. Isso é coisa dos ditos 'normais'.

sábado, 9 de março de 2013

entendimento.

Finito intermédio que me habita, por quê insistes, por quê não sair de meu nu? Questões no meu pensamento, eu fecho os olhos e durmo com o bordô dos seus. Não me compreendes, eu bem sei, talvez seja complexo demais para ti. E eu sei a resposta disso tudo. Não passa de alter ego. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

esclarecido.

Não vejo a hora de hoje entardecer
É que ainda são 01:18
E eu só posso tocar-te
Quando tudo voltar ao normal.

quinta-feira, 7 de março de 2013

ir - remediável.


Maternal e morna
Sorri e se zanga
Deve ser daquelas loucas

Que com uma certa ironia doce
Encanta e se derrete toda

Finge que não

Unhas e lábios pintados
Sempre para ela é nunca não

Mulher bela que se esconde                                                                                        
Ai de mim, meu santo Deus!

De repente para
Com pressa me manda embora

Eu fraquejo e parto
Vou por ai

(E ela achando que me engana)