segunda-feira, 9 de julho de 2012

mirar-me.

O gosto do beijo que todavia não provei não me sai da boca. São uma experiência incrível essas as cotidianas. Um gole de café ao acordar. O cigarro quando caem as estrelas.  O aquecer das mãos uma na outra para espantar o frio. O cão abanando o rabo quando o dono chega em casa. O sorriso bobo do amado quando vê que o companheiro o observava. O cheiro da natureza. O sabor da amizade sincera. Simples e abstrato. Assim como o beijo que todavia não provei, mas que não me sai da boca. Contemplo a espera. Contemplo seus lábios pintados de vermelho. Contemplo seu olhos. Contemplo como uma criança recitando um mantra infantil. E, quando me perco em meio a essa beleza toda, a essa infinidade de coisas que me fazem bem, começo a tomar consciência de mim mesma e digo, -sim, eu quero viver. É que agora eu reconheço que erro sim, porque a minha condição é de natureza humana.