domingo, 12 de agosto de 2012

raro.

Foi um dia incomum. Acordei logo cedo com um sorriso no rosto, quando uma pequena criatura de Deus foi até o escritório onde eu dormia (não tem mais quarto para mim na casa nova) e disse: "Maííía, acorda, vem brincar comigo!". Passei a maior parte do tempo correndo atrás dela, uma criança que enche meus olhos de alegria. Brinquei de esconde-esconde, escondendo-me sempre no mesmo lugar, para que ela pudesse me achar. Engraçado isso. Mas o dia não foi incomum por esse motivo. Não. O dia foi diferente porque eu estava com ele. Ele que deveria ser o meu heróí. Quando eu era pequena ele era isso sim. Hoje vejo que não mais. Agora ele é o herói daquela pequena a quem mencionei há pouco. (...) Dia dos pais. Deveria ser sempre assim. Família reunida. Almoço. Campo de futebol. Eu simplesmente não consigo ter palavras para descrever o que eu senti hoje. Foi bom. Meu herói de antes. Meu vilão de hoje. Mas não consigo deixar de amá-lo. De querer que ele esteja sempre por perto. Mas se não tem mais lugar para mim na casa nova, talvez eu não seja tão bem vinda assim, pensando melhor. Insisto. Não quero perder um segundo sequer do crescimento de minha irmã. Não quero perder um segundo sequer da companhia dele, meu herói-vilão. O dia foi bom. Mas agora que estou aqui, na minha casa de verdade, com a minha família de verdade, vejo o quanto estou fora daquela outra. Dói. A verdade dói. Mas dói ainda mais ter que ficar longe de tudo. Eu não quero perder mais nada nessa vida. Nem o que é bom. Nem o que é ruim. E que esse dia se torne mais comum do que nunca. Que ela me acorde. Que ela consiga encontrar meus esconderijos. E que ele. Ah, que ele se esqueça dos meus defeitos e me ame. E me proteja. E faça tudo para ser para mim o mesmo homem, o mesmo herói que é para a minha pequena irmã.