quarta-feira, 1 de setembro de 2010

do céu ao inferno.

Comprei uma passagem direto para o céu. É que eu queria ver de cima o que já me deixou nessa vida. De lá pude ver meu velho amor caminhando de mãos e braços dados com um outro bem. Pude ver a sombra de seus pés descalços juntos a uma cerejeira qualquer. Ai pensei: - poxa vida, mas o que ela tem de tão fascinante? Sua pele morena, seus cabelos longos e lisos, seus olhos feito duas jaboticabas. (Isso era eu respondendo à minha pergunta).  De lá de cima eu te via risonha, parecia até feliz, mesmo que sem mim. Enquanto eu não passava de um pobre coração amordaçado e triste por não saber nada sobre você. Pois bem, eu me feri com seu silêncio. Dai resolvi comprar uma passagem, só de ida, para o inferno. É que de lá eu não posso ver o que já me deixou nessa vida. De lá eu me faço cego, mudo e surdo. De lá não posso ver, ouvir ou falar. No inferno eu me queimo. E queima comigo toda a minha ferida. De lá talvez eu esqueça do seu ser tão fascinante. Talvez eu me esqueça da sua pele morena, dos seus cabelos longos e lisos, dos seus olhos feito duas jaboticabas. (Isso sou eu tentando aliviar minha angústia). De lá de baixo eu não saberia se você ri ou chora. Se está triste ou feliz. E, sabe, é melhor assim. Te ver é doloroso demais.

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Porque tudo o que eu quis partiu. Tudo o que eu quis também se foi. 

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