segunda-feira, 17 de maio de 2010

saudosismo.

Eu tenho uma caixinha onde guardo pequenas coisas, daquelas que pequenas são só no tamanho, e hoje, remexendo em velhas bagunças, me atentei às lembranças. Havia cartas, juras de amor, de um alguém que agora eu não me recordo sequer o nome. Bilhetes, papéis de bala que embalaram e deram sabor a um beijo molhado de final de tarde. Era tudo tão, tão pequeno. E frágil. Era tudo tão simples que,  o que para mim era ouro, pra qualquer outra pessoa não passava de lixo. E , vasculhando, achei um 3x4. Você em pausa no retrato. Te ver ali me encheu de um sentimento que não tem nome, é como se eu me sentisse um fragmento introspecto, alguém que se perde em uma nostalgia em particular. Eu costumava te chamar de amor no tempo em que você me deu aquela foto. Mas agora? Agora não. Você não passa de um conhecido que eu desconheço. Me lembro nitidamente de como era o seu sorriso, meio tímido, bastante discreto e cheio, cheio de brilho. Seus olhos me indicavam a direção. E seus cabelos, ah, tão lisos, tão limpos e cheirosos. Eu sinto falta da falta que você me fazia. Porque hoje não faz mais. Eu consegui me desprender de você, por inteiro. Eu consegui te ver sem sentir as tais borboletas no estômago. Eu consegui socorro pra minha saudade. Olha, meu velho amor, eu queimei a sua foto. Não me faz bem ficar olhando pra esses seus olhos toda vez que abro a minha caixinha. Mas uma coisa eu também fiz. Guardei as cinzas num saquinho e pus de volta na tal caixa. É pra que toda vez que eu veja essas cinzas eu me lembre o que você se tornou pra mim. Pó. E pó eu posso jogar pela janela que o vento leva. Mas não. Vou deixar as suas cinzas bem guardadas na caixinha. Deve ser porque se eu te tiro de lá, ela deixe de ser ouro. E se transforme em lixo. Deve ser porque depois de tanto tempo você ainda viva em um pedaço de mim. Numa metade escondida de mim. Deve ser porque depois de tanto tempo eu precise desse pó pra continuar respirando. Deve ser porque eu te amei. Deve ser porque eu ainda te amo. É, deve ser.

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