sábado, 23 de novembro de 2013

olhos.

Olhos amarelos que me assustaram ao ver aquela visão. Eram perspicazes como de um falcão. A presa era somente o resto da fumaça que restara do último cigarro. A presa era o ar. Antes, invisíveis, mas depois daquele momento em que estavam fixos, vendo-se somente a linha preta que restara das pupilas e o ínfimo movimento dos olhos permaneciam congelados naquela imagem da fumaça se esvaindo. Por segundos eu enxerguei que a minha visão era de gato, de águia, de falcão. Agora mais uma certeza me governa. A de que o vento existe e não é só sensação. Eu vi. Meus olhos são bons. Com os seus eu percebi que são. As tais coisas que poucos vêem, as tais coisas que eu vejo, eu entendi. Eu vejo no espelho, eu vejo pelas costas, eu vejo os inimigos, eu preciso salvar os outros, eu preciso. Eles não podem ver, eu vejo, eu vi o vento, entende-me? Eu estou aqui vendo pela culatra, ouvindo pelo lado oposto da minha mente. Troca de lado, é isso. Troca de mentes, mentes tão iguais às minhas, que eu as vejo. Eu não tenho mais medo. Eu quero ver, pra me lembrar de que eu nunca estou só.

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