sábado, 5 de dezembro de 2009

aquela festa.

A primeira a ser notada, pelo menos por mim, só mais alguém que comparecia por obrigação ou compadecência naquele dia de festa. Estava vestida por um vestido, joelho acima, sapatos de salto, onde se equilibrava como quem calça os próprio pés, em leveza, os cabelos presos, muito delicados até, e maquiagem, bem suave. Era uma moça bela. Sorriso largo, covinhas discretas, e os olhos negros, fundos, tão fundos, atraiam-todo-ser-pra-dentro. Desviei meu olhar assim que a vi. Não sei mas foi o único gesto que fui capaz de fazer, sabe, parecia mais fácil, fixar os olhos por mais que um segundo poderia trazer consequências maiores. E trouxe. Me comportei feito idiota, feito quem sabe o que quer mas insiste em complexar, quem-tenta-enganar-a-si. Aquela menina devia ter pouco mais de três mãos cheias, não muito menos que eu, mas ainda assim, menos. Perplexa, era eu. Deslumbrante, era ela. Cedi ao meu desejo de contemplá-la, toda, de corpo inteiro, lânguida, esbelta, malabarista, cabelos presos, maquiagem discreta. Olhei tanto, vidrada ali, resolvi, como quem busca saída em rota de trânsito, como quem prefere fugir a enfrentar, quem-é-fraco-diante-ao-ponto-fraco, resolvi ir embora. Corria em direção à porta, sem deixar de olhar pra trás, tentando ver o negro dos seu olhos, ou o caminhar de suas pernas, agora vendo talvez uma sombra, ou um vulto seu qualquer, me finalmente viro, vou-me embora. Não sei como se chama. Não sei se ama. Não sei nem se quer alguém para amar. Mas sei que amo, sei que quero, quero-te, e sei de como deve me chamar.
Amor.

3 comentários:

  1. Aeeee postou!!!Nao fica tanto tempo assim ta?rs
    Muito bom o texto!

    ResponderExcluir
  2. finalmente texto :) excelente, como sempre. tem uma felicidade que ha tempos não sentia ao te ler. saudades desse seu ser esperançoso, misterioso.

    ResponderExcluir