terça-feira, 16 de abril de 2013

oscilante.


-Diz.
-Digo, mas o quê?
-Palavras.
-Eu digo, não entendes?
-Apenas vejo pupilas.
-Como?
-Só diga.
-Talvez você não goste.
-(...)

Meia-noite e tantos. Mesclo. Oscilo. Dispenso e quero de volta. Tentativas insuficientes de curar insuficiências. Não tudo. Não são tantas as insuficiências. A minha é apenas uma. Inquietude. Não é suficiente para mim apenas estar aqui. Apenas aceitar valores impostos, modos impostos, sentimentos impostos. Sentimento não pode ser imposto. E a inquietude não é isso; 

-Inquieto-me ao ver o que perdi, o que ganhei. Perdi tudo. Dádiva, a mim. Um ciclo. Um círculo vicioso. A lei é essa: plantar, nascer, morrer. No meio do dia esqueço-me que é tudo tempo, que o meu é curto e que não demora acabar. Só não me importa o que será do Sol, eu sei que ele esta ali, também nasce e morre, e se ele é assim, por quê eu não poderia ser? 
-Porque você é apenas a vida.
-E o que tem? 
-Ele a ilumina e, sem pensar, te entrega numa bandeja decorada, a tal dádiva, você apenas recebe, ele é alimento.
-Pronto?
-Não seja inquieto. 
-Isso cura minha insuficiência.
-A insuficiência não cessa. Ocorre-se somente aos grandes de espírito e pequenos de posses.
-Agonia do Sol que apenas reflete sem sombra.