domingo, 26 de maio de 2013

a cintura da ampulheta.

Direita e esquerda seriam assim. O fato e o ato. O amor e o laço. O cão e o gato. O novo e o jovem. Pareço estar delirando, talvez esteja, mas é o que acontece. Somos domados pelo oco e viciados pelo que nos preenche. Somos ora criança, ora velho em chama. Chama que se acende, que se apaga. Acende quando nasce. Termina quando morre. Mas mesmo que em término, em morte estarrecida, vive plenamente do outro lado da vida. Vive-se na morte. Engraçado isso. O lado oposto carrega a mesma areia que te move. O lado oposto é você por instantes. É o preto e o branco, quando tem-se que ser o preto no branco. É a verdade que escorre, cada parte, com um sonoro ar de mentira. O ódio que quando transborda, transforma-se em amor. O cabelo que lava o corpo. O azar que impede a sorte. E a guerra que não me deixa em paz. O tempo que esconde a perda, mas que põe em cena o que eu vou dizer agora: não há nada que não possa ser revertido. Caem os grãos, mas eles voltam. Mais intensos do que foram outrora. É ser o meio para ser metade um, metade outro. É a saída para se encontrar os dois lados, ainda sendo um.