sábado, 11 de outubro de 2014

sol, madrugada, frio, cinzas.

As janelas se abrem e o vento trinca. Me visto em um moletom e olho para o relógio. São 4:20. É mato e estrela. O chão é o esteio que ainda me equilibra e resta. Na boca o gosto amargo de um beijo. O cheiro forte me deixava cego. E era muito pouco. O meu desejo é sincero. Assim como as dissonâncias do meu violão que te canta. Meu poema tem direção e é a sua. É um erro mudar os fatos. Os atos gritam mais que as chupadas. E o gozo se faz forte como o cheiro. Ardente como a pele. E ofegante como a respiração. A distração torna-se uma indecisão indecisa. E as chance me provam o contrário. Não há explicação para o que sinto. É baseado em sentimentos reais. E eu vejo. Mesmo sem olhar. Sinto o infinito nas mãos que deslizam por cada parte, seca e úmida. E percebo que são concretos os quereres. Faço deles o chão que eu dizia há pouco. E... lentamente, de forma quase imperceptível, os meus olhos escutam uma música que diz sobre um raio de sol. Dai eu paro, penso. Meu coração tem luz. E ela vem de olhos que são verdes. Nem mesmo a perfeição é perfeita. E as tintas não pintam minhas cores. Promessas não me iludem. Nem seios. Lingeries quase nunca são o que me atraem. Prefiro-as no chão. São quereres concretos. Ainda sinto frio. E o conhaque acabou. E o chá não me esquenta. E já são 4:40.   

M.A.J.V.Kaisen

2 comentários:

  1. incrível, como sempre... espero mais alguns anos por suas histórias e seus livros.

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    1. É bom receber resposta de uma leitora tão importante como você, ^^.

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